Há dez anos, militares brasileiros sucumbiam no terremoto que devastou o Haiti

MONUMENTO HAITI

Homenagem aos militares que pereceram no terremoto do Haiti em 12 de janeiro de 2010

Guilherme Wiltgen
Brasília (DF) – A Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH) foi criada em 2004 para conter a deflagração de uma guerra civil e esteve sob o comando de militares brasileiros por 13 anos, alcançando, com sucesso, níveis de segurança adequados em diversas áreas do País, principalmente nos bairros mais violentos de Porto Príncipe, como Bel Air, Cité Militaire e Cité Soleil.
No entanto, no dia 12 de janeiro de 2010, às 16h53 do horário local (19h53 do horário de Brasília), ocorreu uma catástrofe natural que arruinou a frágil infraestrutura do Haiti em pleno dia de atividades da missão de estabilização. Um terremoto deixou um rastro de destruição com cerca de 230 mil mortos e mais de um milhão e quinhentos mil haitianos desabrigados.
O tremor causou danos em diversos edifícios, incluindo a sede da MINUSTAH, o que causou a morte de muitas pessoas que se encontravam em seu interior. Entre as vítimas, 18 militares do Exército Brasileiro, que faleceram no cumprimento da missão de manutenção da paz e estabilização do Haiti. Com o justo reconhecimento, eles foram promovidos post mortem aos postos e graduações a seguir:
– General de Brigada Emilio Carlos Torres dos Santos;
– General de Brigada João Eliseu Souza Zanin;
– Coronel Marcus Vinícius Macedo Cysneiros;
– Tenente-Coronel Francisco Adolfo Vianna Martins Filho;
– Tenente-Coronel Marcio Guimarães Martins;
– Capitão Bruno Ribeiro Mário;
– Segundo-Tenente Raniel Batista de Camargos;
– Primeiro-Sargento Davi Ramos de Lima;
– Primeiro-Sargento Leonardo de Castro Carvalho;
– Segundo-Sargento Rodrigo de Souza Lima;
– Terceiro-Sargento Ari Dirceu Fernandes Júnior;
– Terceiro-Sargento Washington Luiz de Souza Seraphim;
– Terceiro-Sargento Douglas Pedrotti Neckel;
– Terceiro-Sargento Antonio José Anacleto;
– Terceiro-Sargento Tiago Anaya Detimermani;
– Terceiro-Sargento Felipe Gonçalves Júlio;
– Terceiro-Sargento Rodrigo Augusto da Silva; e
– Terceiro-Sargento Kleber da Silva Santos.

Além das tarefas que o Brasil já desempenhava, passou a comandar, também, as tarefas de reconstrução e de assistência humanitária, realizando a distribuição de mais de três mil e quinhentas toneladas de mantimentos, procedimentos cirúrgicos para cerca de mil e novecentas pessoas e atendimento médico geral para outras 40 mil pessoas afetadas pelo desastre.
As tropas brasileiras deixaram definitivamente o Haiti em 15 de outubro de 2017, com todos os objetivos definidos pela ONU para o Componente Militar plenamente alcançados.
Enfim, que a data não passe despercebida pela memória dos nossos 18 militares que, longe de seus lares, faleceram no cumprimento do dever.
FONTE: CCOMSEx

NOTA do EDITOR: O DAN rende as homenagens aos nossos verdadeiros Heróis, que tombaram no cumprimento da missão. O mais profundo respeito aos nossos Soldados!
Defesa Aérea & Naval/montedo.com

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11 respostas

    1. Presenciei tudo, Ten Bruno Mário estivemos na República Dominicana juntos nas férias, depois uma pena o que aconteceu, muito triste, missão que marcou minha vida Caro General Bonat,
      Acolhendo sua crônica, envio abaixo outra, sobre um episódio interessante para o Brasil.
      Sds., Rafael de Lala.

      Bandeira, a força do símbolo do Brasil
      Símbolo nacional cuja presença traz, para os brasileiros, “a lembrança da Pátria” – como evoca o hino – a Bandeira do Brasil teve seu simbolismo reafirmado num episódio do recente terremoto que devastou o Haiti em 2010.
      O caso é narrado por João de Melo Longuini, sargento do Exército Brasileiro em missão de paz no Haiti, onde atuava como condutor de veículos blindados desde a primeira missão, em 2004. Na segunda vez em que esteve naquele país do Caribe, faltando quatro dias para encerrar sua presença e retornar ao Brasil, enfrentou uma situação terrível: o terremoto.
      Longuini, após se refazer do tremor, apresentou-se como voluntário para um oficial que precisava percorrer as bases brasileiras – todas com sua comunicação por rádio cortadas pela catástrofe. Seguiram em uma viatura de transporte de tropas e, à medida que percorriam as ruas esburacadas e cheias de destroços, iam recolhendo feridos que clamavam por ajuda.
      “A situação que mais me marcou – depõe o sargento brasileiro – foi a de uma menina coberta de sangue, mais ou menos da idade da minha filha na época. O pai da criança veio falar comigo, mas eu não o entendia”. Exasperado ante o pedido de socorro de um pai cuja língua (o dialeto crioulo dos haitianos) ele não compreendia, sem pensar muito ante a dolorosa emergência, o militar teve um gesto quase automático.
      “Apenas retirei a bandeira do Brasil da minha farda e dei para ele. Não sei porque fiz isso. Mas ele entendeu que significava que não iríamos abandoná-los”.
      Ato contínuo, voltando para a base do Exército Brasileiro, os dois militares deixaram os feridos aos cuidados dos médicos do batalhão e foram adiante, para outras ações humanitárias. Longuini ainda voltaria ao Haiti em uma terceira estada, agora em 2014, quando a presença da Força de Paz da ONU comandada pelo Brasil completa dez anos. Porém não esquece o episódio de 2010, quando o simbolismo do nosso pavilhão superou a barreira das línguas e ajudou a salvar a vida de uma criança.
      Resumo: Rafael de Lala; fonte: Folha de S. Paulo, “Brasil no Haiti – 10 anos – Minha História, João de Melo Longuini”, 31mai14.

      1. Sou o Sgt Longuini, jamais esquecerei dos momentos que vivi no terremoto do Haiti, gostaria muito de saber se aqueles feridos que conduzi na viatura ate a base sobreviveram, essa duvida não sai de minha mente, agradeço a Deus por estar la naquele momento e poder ter ajudado no que foi possível. “Brasil acima de tudo”.

    2. Somos soldados e cumprimos as missões fazemos valer o nosso juramento de honrar a pátria com o sacrifício da própria vida e esses hérois ratificaram isso.
      Brasil acima de tudo!

  1. Meus sentimentos aos amigos e familiares, eu como companheiro de pelotão e companhia dos mesmos posso dizer que se tratavam de militares de excelente padrão, grandes militares do Regimento Itororó podem ter certeza que não serão esquecidos!

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