A manipulação das massas. Você é manipulado? Manifeste-se!

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Swami de Holanda Fontes*
As ideias que o senhor ou a senhora advoga são suas? Os argumentos utilizados para defender seus pensamentos são seus? Escutou de terceiros? Ouviu dizer? Você se identifica com algum grupo social? Acredita que pertence à minoria ou à maioria de seu ambiente de convívio? Por quê? Como uma minoria consegue dominar uma maioria?
Em 1967, em uma escola americana, um professor conduziu uma experiência interessante. Ele recriou, por aproximadamente uma semana, o ambiente nazifascista da Alemanha pouco antes da II Guerra Mundial. O professor, popular e carismático, tinha cerca de 25 anos de idade; seus alunos, aproximadamente 15 anos. O experimento, que teve início como brincadeira e com um pequeno número de alunos, foi encerrado com mais de 200 envolvidos.
No primeiro dia, o professor abordou sobre disciplina, uma das características que marcou o período da Alemanha nazista. Colocou-a em prática e exigiu dos seus instruendos uma nova postura em sala, como sentar e andar corretamente e utilizar a forma adequada de tratá-lo. O professor estimulou, ainda, o silêncio, a obediência, o respeito e a pontualidade.
Os alunos transformaram-se totalmente: perguntavam e respondiam com maior frequência e estavam mais participativos e interessados. Aqueles que nunca falavam se tornaram mais falantes. Em consequência, o aprendizado, como um todo, melhorou.
No momento seguinte, os alunos receberam informações sobre a comunidade e a força que podiam ter e exercer. Foi criado um gesto de saudação entre eles. Passaram a se sentir pertencentes a uma comunidade e se reconheciam mais fortes. Outros estudantes perceberam a força do movimento e pediram para participar do grupo.
No terceiro dia, foi criado um cartão de adesão. Alunos de outras classes pediram para se mudar para a sala de aula do professor. Alguns foram selecionados para vigiar os outros e fazer relatórios daqueles que desobedeciam às regras.
Nas aulas, eram ministrados assuntos sobre demonstração da força pela ação e a importância da família, do coletivo, da lealdade e do trabalho. Percebeu-se a melhora do rendimento dos estudantes, que se sentiam realizados. Aqueles que eram mais frágeis consideraram o movimento a razão de viver; os que eram solitários se dedicaram mais ao grupo.
Num determinado momento, verificou-se que a situação havia ficado fora de controle. Surgiu uma espécie de fanatismo pelo movimento. Ações irracionais tornaram os discentes cegos e manipuláveis. Além disso, foi percebido o sentimento de ameaça que esse grupo representava para o restante dos alunos da escola, que se sentia acuado e com medo e obrigado a se submeter às vontades da minoria.
No quinto dia, os envolvidos foram reunidos em um auditório para que fosse esclarecido o que havia ocorrido: eles tinham sido usados em uma experiência que teve início porque haviam perguntado ao professor “Como o cobrador de impostos, o soldado alemão, o professor, o motorista da estrada de ferro, a enfermeira… o cidadão médio puderam dizer que, ao fim do Terceiro Reich, não sabiam nada sobre o que estava acontecendo?”. “Como pode um povo ser parte de algo e depois reclamar no final que eles não estavam realmente envolvidos?”. “O que leva as pessoas a sair em branco de sua própria história?”
O relato acima foi publicado pelo próprio professor Ron Jones, em 1976, com o título “A Terceira Onda”, nome do movimento criado na escola. Em 1981, transformou-se em filme com o título “A Onda”, ocorrendo um remake em 2008.
No evento descrito, apurou-se que houve perda do individualismo. Estudantes mudaram atitudes e opiniões, que antes eram próprias de cada um, e se ajustaram às novas que eram específicas a essa coletividade. Verificou-se, também, o efeito “manada” que consiste em cada vez mais pessoas seguirem, ou passarem a agir de acordo com o grupo dominante sem refletirem o porquê de adotar determinado procedimento. Nesse contexto, observou-se que o número de seguidores havia aumentado drasticamente, num curto período de tempo, e que os alunos eram dominados com facilidade.
Em que pese o experimento não ter tido intuito ideológico, percebe-se como foi fácil manipular as cabeças dos jovens. Ao término dele, muitos fizeram de conta de que não participaram e de que não foram vítimas.
A história da escola americana explica o perigo da doutrinação. Muito do que aconteceu pode ser explicado pela psicologia humana. Em 1921, Sigmund Freud, considerado o pai da psicanálise, lançou a obra Psicologia das massas e análise do eu, abordando a questão das massas na sociedade. Em sua obra, argumentou que “inserido na massa, o ser humano pensa, sente e age de maneira diversa de quando está sozinho”. Em suma, o indivíduo submete sua peculiaridade à massa e se deixa sugerir por outros; sente a necessidade de estar com o grupo e não de se opor a ele.
Muitas são as estratégias adotadas para manipular as pessoas. Noam Chomsky cita algumas delas: distrair, criar problemas e oferecer a solução, tratar o público na ignorância e na mediocridade, dirigir-se as pessoas como crianças…

Por que manipular?
– Para atingir objetivos políticos, econômicos, religiosos e ideológicos, dentre tantos outros.

O maior ensinamento que se pode extrair do fato ocorrido na escola é que, para não ser chamado de “Maria vai com as outras”, devemos pensar, estudar, raciocinar, ser imparcial e tirar as próprias conclusões sem emoção. Só para recordar, essa expressão popular é empregada para se referir àquele que tem dificuldade de opinar e de demonstrar vontade própria, normalmente seguindo a decisão do grupo no qual se encontra.
O termo pode ter surgido com Dona Maria I, rainha de Portugal, mãe de D. João VI, conhecida como “A Louca” devido aos seus problemas mentais. No caso da rainha, ela tinha o apoio da realeza e, provavelmente, contava com o respeito de todos devido ao título de nobreza que possuía. Por não ser capaz de governar, foi afastada do trono; além disso, era vista, esporadicamente, caminhando com suas damas de companhia, sempre conduzida por outros.
Para reflexão
Você acredita em tudo que vê e lê? É crítico? Tira suas próprias conclusões? Caso siga outros, tem as facilidades e regalias da realeza?
Respondendo à pergunta do título deste texto.
– Sim, você é manipulado diariamente.
Por fim, já ouviu falar em Antonio Gramsci ou no gramscismo?

*Coronel do Exército Brasileiro
EBLOG/montedo.com

16 respostas

    1. Isso é facilmente percebido nas redes sociais, quando acontece um fato que a pessoa abomina mas tem medo de s expor, temendo ser rechaçado pela massa de manobra, nos likes, etc… ela vai contra até o que acredita, por exemplo, um monte de gente admira o.Bozo, concorda com suas idéias, mas a modinha hoje é que se vc o segue então deve ser um bruto da cavernas, analfabeto, misógino, homofobico e tudo, e com medo de ser excluído até por pessoas que vc admira, vc muda sua opinião, tem muita gente frouxa e idiota nesse mundo

      1. É verdade!!!
        É o famoso Paradoxo de Abilene.
        Mas, com relação ao Bolsonaro, e apesar de discordar de mais da metade do que ele fala, VOTEI NELE, e votarei até que a esquerda (que está aí) desapareça. Aqui, então, surge o efeito STALIN: Nada melhor que um “Stalin” para Hitler, assim como, um “Bozo” para a ATUAL esquerda brasileira.

  1. É justamente isso o que foi feito durante os governos de Lula e Dilma, onde seus discípulos seguiram fielmente os ditames do Decálogo de Lenin e as teorias de Marx e Antonio Gramsci. O resultado de toda essa manipulação é o que se observa hoje nas Universidades Federais por todo o país, onde jovens em tenra idade ( presas fáceis e indefesas ) recebem doses cavalares de ideologias retrógradas e ultrapassadas, que não deram certo em nenhum país do mundo, nos Diretórios Acadêmicos, de Reitores e nas salas de aula por Professores esquerdopatas por conveniên$$$$$$$$$ia.

      1. Corroboro com a opinião do colega, alguns cursos de Universidades Públicas estão realmente dominados por professores aloprados e esquerdopatas, estudei na UFRGS e na UFSM e pós na UFBA em curso de exatas, cursando cadeiras nos cursos de humanas, onde a situação é ainda pior.

  2. Boa noite senhores e senhoras…

    “Três pilares dominam o caráter dos homens cruéis, a saber: O sarcasmo, a manipulação e a soberba”. Pablo de Paula Bravin

    “A falta do saber e a falta de informações, são os princípios da manipulação”. Diôgo Pantoja

    Esse é um problema antigo….
    Hoje, ainda mais do que no passado, penso que a necessidade de pertencimento das pessoas está aguçado.
    Os radicalismos estão evidentes…
    Vejamos: na senso comum todos devem “pertencer” a um grupo político….. Petralhas ou Metralhas!!
    As perguntas que não querem calar:
    a. onde estão os que pensam… os que usam da razão???
    b. qual o ganho que nós cidadãos (sociedade) teremos substituindo uma ideologia nefasta de esquerda por outra não menos nefasta de direita?
    c. o estado foi aparelhado no passado pela esquerda e agora está sendo aparelhado pela direita. Qual o ganho para o cidadão/sociedade?

    Espero, sinceramente, que todos nós tenhamos sabedoria para fazer o certo! o melhor para a coletividade, o melhor para o nosso futuro!

    Estou muito preocupado com as nossas opções…
    Ou somos só gado (manipulado, conduzido, adestrado…….)???

  3. Bom dia !!!

    Só é manipulável aquele que quer se dar bem se fazer por onde e este é o retrato de nosso povo. Hoje o pessoal não vem para o EB pensando em fazer carreira e sim pelos benefícios, foi-se o tempo dos verdadeiros vocacionados como o Montedo e tantos.

  4. O texto do coronel seria de muita valia se o próprio não servisse justamente para aquilo que supostamente condena: a manipulação. Nada de novidade se observarmos que o Oficial Superior possui no seu currículo cursos de operações psicológicas e Inteligência. Colocando-se como um observador (e julgador) externo o militar em questão inicia seu artigo questionando a origem e a validade das ideias de seus leitores, assim como suas crenças e valores. Afinal, nada disso é construído historicamente, culturalmente e socialmente, pois entramos no mundo com ideias inatas e valores preconcebidos independente das nossas relações sociais e da realidade material onde nascemos, vivemos e interagimos, assim como ao grau de acesso à educação. E isso é muito estranho vindo de alguém que utiliza Freud para embasar seu argumento. As ideias que o articulista defende surgiram mesmo de onde? Será que ele teria as mesmas ideias se não tivesse se formado oficial, se não tivesse realizado os cursos e experiência da vivencia nacional que o Exército lhe proporcionou, se não tivesse incorporado o ethos militar como uma segunda alma? Ideologia não é um sistema ou conjunto de ideias, como muitos pensam, apesar destes servirem como base para a mesma, isso se chama ideário. Ideologia, explicitando de forma simplista e vulgar, é uma visão de mundo desenvolvida de acordo com sua posição e vivencia social, suas relações e modo de vida. Aqueles que tem mais influência na sociedade, mais dinheiro, diga-se de passagem, conseguem sobrepor sua visão de mundo as outras pessoas menos influentes. E essa “manipulação”, muito embora muitos acreditam, e existir aqueles que o façam, não é feita de forma consciente. Porque o próprio “manipulador” acredita fielmente naquilo que ele prega.

  5. As pessoas aqui não perceberam que os maiores manipuladores são as mídias de grande audiência. Monopolizadas nas republiquetas através das oligarquias nativas.
    Se fosse um país sério, uma vez identificadas, deveriam ter as suas asas cortadas, ou fragmentadas em várias menores, para dar voz a diversidade de opiniões. Desta forma, dificultaria a manipulação.
    No Brasil, esses monopólios são gritantes, e o maior pertence a Rede Globo.
    O resto é conversinha de recalcados, manipulados pelas ideias dos donos dessas grandes mídias.

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