Atletas militares terão que pedir autorização à Defesa para dar entrevistas

Bolsonaro recebe time campeão mundial (divulgação/Secretaria Especial do Esporte)

Demétrio Vecchioli
O Ministério da Defesa criou instrumento legal para vetar entrevistas de atletas militares a órgãos de imprensa. A
novidade consta em Portaria Normativa assinada pelo ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, e publicada no
Diário Oficial da União de ontem (28). O documento disciplina a relação entre os componentes do Programa Atletas de
Alto Rendimento (PAAR) e as Forças Armadas – até então, Marinha, Aeronáutica e Exército tinham regulações próprias.
No artigo oitavo desta portaria, a Defesa lista as obrigações dos militares integrantes do PAAR. No inciso sétimo, escreve que o atleta militar deve: “Comunicar antecipadamente à sua Comissão de Desportos e à sua organização militar de vinculação quaisquer solicitações para a concessão de entrevistas ou para a participação em reportagens e, caso autorizado, esmerar pela divulgação dos objetivos do Programa e zelar pela boa imagem do Ministério da Defesa e das Forças Singulares.
A necessidade de comunicação já constava na mais recente regulação do Exército, a portaria 1.415, de outubro de 2017, mas não vinha acompanhada da expressão “caso autorizado”, que abre margem para as Forças Armadas vetarem a
concessão de entrevistas.
O texto da norma vigente até ontem para os atletas do Exército dizia que: “os militares atletas integrantes do PAAR
deverão comunicar previamente à CDE (Comissão Desportiva do Exército) sobre entrevistas e reportagens nos diferentes canais de comunicação, devendo divulgar, da melhor forma possível, a imagem do Exército Brasileiro”.
Esportistas procurados pela reportagem disseram que nunca precisaram pedir autorização às Forças Armadas para dar
entrevistas. Após a mais recente fase de reciclagem organizada pelo Exército, no ano passado, a CDE enviou e-mail a
cada um dos atletas reforçando as obrigações explicadas no encontro presencial.
Consta no corpo da mensagem, com as letras garrafais mantidas: “4) SEMPRE Informar aparições na mídia! 5) Manterse em condições de ter sua imagem associada a imagem do Exército Brasileiro em TODAS as oportunidades de contato
com a mídia. 6) Atenção com a PROTEÇÃO DA IMAGEM DO EXÉRCITO! (Ensaios Sensuais e Situações Incompatíveis) – INFORMAR SEMPRE!”. Nenhuma citação sobre autorização prévia.

Outras exigências
Os atletas do PAAR são membros das Forças Armadas do Brasil e, por isso, precisam seguir o Estatuto dos Militares, de 1980, que proíbe, por exemplo, que um militar seja sócio majoritário de empresa. O estatuto também exige que os
militares se abstenham de participar de “atividades político-partidárias” e de “discutir ou provocar discussões pela imprensa a respeito de assuntos políticos ou militares, excetuando-se os de natureza exclusivamente técnica, se devidamente autorizado”. Também diz o estatuto que “são proibidas quaisquer manifestações coletivas, tanto sobre atos de superiores quanto as de caráter reivindicatório ou político”.
Especificamente a respeito do PAAR, a nova portaria normativa cria novas exigências na comparação com a regulação
mais recente do Exército. O antigo texto, por exemplo, colocava como obrigação ao atleta militar “apresentar-se
anualmente à CDE a fim de realizar um estágio de reciclagem de instrução militar”. Agora é exigência “apresentar-se à Força sempre que determinado, inclusive para participar de, no mínimo, um estágio anual de instrução militar”.
Também foi modificado trecho que versa sobre a utilização da logomarca da sua Força. Antes a portaria do Exército
falava em “sempre que seja possível”. Agora, a regra é utilizar “caso não haja impedimento legal” não só a logomarca, mas também a bandeira do Brasil.
Outra novidade é a exigência de o atleta informar semanalmente, por e-mail, “sua agenda de trabalho desportiva,
telefones de contato no período e outros dados de interesse”, o que não existia antes. Isso apesar de o Ministério da Defesa arcar com o ônus somente das atividades em que os atletas sejam convocados por intermédio da CDMB (Comissão Desportiva Militar Brasileira) ou das Comissões de Desportos das Forças.
Blog Olhar Olímpico/montedo.com

16 respostas

    1. Estão corretissimo. Na empresa em que trabalho, também só posso prestar alguma entrevista sob autorização, e não são militares, é uma economia mista.
      Os dias sombrios virão com essa cambada de PT e avermelhados que ainda estão insistindo em infectar esse país. São vírus pior que câncer.

  1. Q vergonha, dão tanta lição d moral pro pessoal d carreira, QE, Tmpr, etc., e vemos isso. É militar, mas não faz coisa d milico. Por que não podem ser do ministério do esporte, por exemplo. Certamente vão dizer: “é previsto”. Eu, q sou milico d verdade, digo é um vergonha.

    1. Ora cara ele não vão para o Ministério do Esporte porque preferem nas FFAA onde tem apoio de verdade sem qualquer vínculo com os políticos mas principalmente porque lá a coisa é seria e pra valer. Veja o result
      ado nos jogos Pan Americanos e espere para ver
      os do mundial. Depois de o seu palpite com mais conhecimento de causa

  2. Não há nada demais nisso. Recebem o patrocínio das Forças Armadas? Então as divulgue da melhor forma possível. Isso já funciona entre as empresas privadas. Quantos patrocínios Neymar já perdeu por suas ações fora dos campos? Ninguém quer sua imagem vinculada aquilo que vá contra os seus valores. Se recebe uma remuneração como militar então é justo que tenha tratamento como militar respeitando a peculiaridade dos treinamentos específicos. Mas há com certeza a necessidade de manter informado a sua fonte pagadora de sua agenda.

    1. Está determinação sempre existiu,um militar para dar uma entrevista tem que ter autorização do ComSup . Não seria diferente para eles só pq são atletas eles pegaram o patrocínio, não foi impostos e existe regulamentos específicos se não agrada que saiam ,mas na hora de receber medalha e prestar continência para sair bonito na foto ele querem.
      Queria ver se tivessem recebendo o patrocínio da Odebrecht e falassem mal da instituição que os patrocina . Este regulamento nas forças armadas sempre existiu.

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