Bolsonaro deveria reavaliar o seu discurso sobre a Argentina, avaliam militares

A vitória da chapa de oposição nas primárias presidenciais argentinas representou um revés para o presidente Jair Bolsonaro, na avaliação de integrantes da cúpula militar e da diplomacia brasileira.

O diagnóstico feito por eles à Folha de S.Paulo, em caráter reservado, é de que o presidente brasileiro se equivocou ao ter se envolvido de maneira ativa na disputa do país vizinho e que seria adequado, neste momento, reavaliar o discurso, moderando o tom.

A chapa liderada por Alberto Fernández, que tem a ex-mandatária Cristina Kirchner como vice, venceu com larga vantagem as primárias presidenciais argentinas realizadas no domingo (11), apontam os resultados preliminares.

Desde maio, Bolsonaro tem feito reiterados ataques a Cristina, inclusive em entrevista à imprensa estrangeira, e pedido à população argentina que não votasse nela. Para ele, o retorno da hoje senadora ao Poder Executivo pode fazer com que a Argentina se torne uma Venezuela.

Nas palavras de um assessor palaciano, as críticas foram “desnecessárias” e acabaram apenas por criar um ônus ao presidente brasileiro sobre um assunto no qual ele não tem relação direta.

A avaliação de auxiliares presidenciais é de que a manutenção do discurso belicoso, diante da chance de vitória da oposição, pode dificultar uma composição entre Brasil e Argentina no futuro, sobretudo no momento em que se negocia o acordo entra o Mercosul e a União Européia.

Para evitar um contratempo, eles defendem que Bolsonaro interrompa os ataques à chapa vencedora e faça gestos de diálogo, mesmo que ele siga se opondo à esquerda. Um assessor diplomático, no entanto, ressalta que não é do temperamento do presidente recuar em questões ideológicas.

Fernández já disse que pretende rever o pacto comercial com a União Européia, porque, na opinião dele, foi feito de maneira precipitada devido à disputa eleitoral e pode prejudicar a indústria argentina.

À tarde, no Twitter, o candidato kirchnerista agradeceu mensagem do ex-presidente brasileiro Lula, também publicada na rede social, em que parabenizava a vitória nas primárias.

“Muito obrigado, querido amigo Lula. Como você bem diz, devemos dar esperança ao nosso povo e cuidar de quem mais precisa. Te mando um forte abraço que espero poder te dar em breve.”

Caso os números das primárias se repitam na eleição, marcada para o fim de outubro, Fernández seria eleito em primeiro turno. Para isso, ele precisa ter mais de 45% dos votos ou mais de 40% e no mínimo 10 pontos percentuais de vantagem para o segundo colocado.

De acordo com os dados oficiais, o com-parecimento às urnas foi alto, com a participação de 75% dos eleitores. As chamadas Paso (Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias) foram criadas em 2009, com a intenção de diminuir o número de candidaturas que concorriam na eleição.

As primárias argentinas servem mais como uma espécie de pesquisa eleitoral confiável, pois o voto é obrigatório, do que para definir as chapas, que já foram escolhidas por cada coalizão.

Na última eleição, em 2015, o kirchnerismo ganhou nas primárias e no primeiro turno, com Daniel Scioli. No entanto, Macri venceu no segundo turno e se tornou presidente.

O SUL/montedo.com

24 respostas

    1. Quem olha para o rabo alheio esquece de olhar para o seu. Quem decide as eleições de um país é o seu povo. O papel das relações exteriores é manter as trocas de interesses que satisfaça ambas as partes. Não existe país amiguinho do outro, o que existe são acordos comerciais que beneficie ambos.

  1. A América Latina vai se tornar o lugar mais instável e violento do Mundo! Governos de esquerda populistas, como o da Venezuela e os de esquerda no Brasil, montaram megas estruturas de corrupção e afundaram a economia de vários países! Governos conservadores como o do Macri ou o do Bolsonaro teriam que agir por anos para tirar a economia dos seus países do buraco em que se encontram…como o processo é doloroso e muitas medidas são pouco populares…a esquerda aproveita e retorna ao poder como está ocorrendo na Argentina. Qual o resultado disto? Estagnação econômica…recessão…colapso e caos! Quem viver…verá!

    1. Conhece pouco história pelo visto. A América Latina foi governada pô-la Cristina a Argentina, Mijica no Uruguai, Bschelet no Chile, Evo Morales na Bolívia, Lula/Dilma no Brasil, Chaves/Maduro na Venezuela, e não aconteceu nada.

    2. O problema da Argentina é outro. Na virada do século XIX para o século XX a Argentina era o sétimo país mais rico do mundo. Coisa que o Brasil nem pensava ainda, estava saindo da escravidão. O bem estar social do país é de nível europeu. O problema da Argentina é um país com 35 milhões de habitantes, base da economia em comodites agrícolas, principalmente trigo e carne. Indústria relativamente pequena e sem escala em comparação com o Brasil. Economia dolarizada e qualquer governo que entra seja de direita e esquerda os problemas irão continuar e é de difícil solução.

  2. Militares dando pitaco para o presidente da república do Brasil???

    Nunca vi isso!!

    Onde estavam os mesmo nos últimos 20 anos para evitar a sangria do país perante tamanha corrupção?

  3. Atenção Cúpula Militar, assim como os “estamentos inferiores” não podem questionar suas decisões, nem mesmo manifestar-se através de suas associações, os Srs não tem o direito de questionar atos do Presidente da República. Já ouviram falar em EXEMPLO? Porque não experimentam?

  4. Caso eleitos, irão fazer acordos bilaterais “Casa Rosada x Sede da PF Curitiba”??? O Zé ruela chamou o presidente Bolsonaro de racista e acha que o bocão do Bolsonaro vai pôr panos quentes no assunto e o Mercosul vai ‘bombar”? As reservas internacionais da Argentina estão no “fundo da panela” e a mesma acabou de pegar uns US$12,000,000,000,00 do FMI. E aí? Incapaz de combater a volatilidade do dólar,sujeita às oscilações, inflação acima de 40% a.a … não tá com essa bola toda pra “peitar” o Brasil!!!

  5. Se Bolsonaro entrar na “ondinha” do “politicamente correto”, assim como fez Macri, nas próximas eleições vai dar PT na cabeça. F#@!-se o “politicamente correto”, o que o Brasil precisa é ORDEM E PROGRESSO.

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