‘Isso não acontecerá de novo’, diz Heleno na Câmara sobre militar da FAB preso com cocaína

Ministro do Gabinete de Segurança Institucional participou de audiência na Câmara. No mês passado, sargento foi preso na Espanha com 39 quilos de cocaína em avião da FAB.

Luiz Felipe Barbiéri, G1 — Brasília


Ministro do GSI diz que sargento preso com cocaína era de confiança

Ministro do GSI diz que sargento preso com cocaína era de confiança

O ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, Augusto Heleno, afirmou nesta quarta-feira (10), durante audiência pública na Câmara, que os militares integrantes do Grupo de Transporte Especial (GTE) da Força Aérea Brasileira (FAB) são “diferenciados” e “escolhidos a dedo”. Segundo ele, episódio como o do sargento preso com cocaína em um aeroporto na Espanha “não acontecerá de novo”.

No último dia 25, o sargento da Força Aérea Brasileira (FAB) Manoel Silva Rodrigues foi preso no aeroporto de Sevilha, na Espanha, com 39 quilos de cocaína. Ele foi detido pela Guarda Civil Espanhola depois de pousar na cidade. Rodrigues atuava como comissário de bordo de uma aeronave da FAB que faz a rota presidencial antes do avião do presidente da República. Na ocasião, o sargento integrava a equipe de apoio à comitiva do presidente Jair Bolsonaro, que viajava ao Japão para participar do encontro de cúpula do G20.

“Isso não acontecerá de novo”, afirmou o ministro, responsável pela segurança presidencial. Ele afirmou que o episódio “surpreendeu a todos” e “merece ser devidamente apurado”.

Segundo o ministro, ninguém no governo está se eximindo de responsabilidade. “Sabemos que a responsabilidade nossa é conjunta, do GSI e do comando da Aeronáutica. Vamos enfrentar o que aconteceu com absoluta transparência e com vontade de que isso não se repita. Isso nos atingiu profundamente. Isso não é apenas uma oratória. Temos zelo muito grande pelo trabalho que realizamos”, disse.

“É lamentável o fato, principalmente porque as tripulações que trabalham e transitam nas aeronaves do GTE (Grupo de Transporte Especial) – não só do presidente e do vice-presidente – todos são escolhidos a dedo. É um trabalho extremamente consciente da sua grandiosidade e da sua responsabilidade. São escolhidos a dedo”, disse Heleno, para quem esses militares são “diferenciados, pela atitude, pela maneira com que se comportam com as autoridades, pela sua formação e pela sua dedicação”.

Para Heleno, não houve falha no sistema de promoção das Forças Armadas, mas sim uma falha de caráter. “É uma falha de caráter dele que se valeu da confiança para partir para o ato ilícito”, disse o chefe do GSI.

“Vamos, como sempre fizemos, cortar na carne. Não somos coniventes e nem somos cúmplices de uma atitude desse tipo. Podem estar certos. Isso tem todo seu lado ruim e tem uma pequena parcela de lado bom que é nos alertar para alguma coisa que o inquérito vai mostrar e vamos sanar ao longo do tempo”, afirmou Heleno.

O ministro-chefe do GSI afirmou que “por enquanto” não tem conhecimento da participação de outras pessoas no transporte da droga. Disse também que não tem informações sobre se a droga permaneceria em Sevilha ou seguiria para o Japão, para onde viajava o presidente Bolsonaro.

Heleno rebateu críticas à suposta incompetência do GSI. Ele disse que nunca houve incidentes com o presidente da República em 80 anos e que a revista da aeronave não cabia ao Gabinete de Segurança Institucional.

“Há 80 anos o GSI provê segurança do presidente da República. Nós nunca tivemos um incidente com o presidente da República. Qualquer acusação de incompetência ao GSI não me atinge, atinge uma série de ministros que ocuparam o GSI e que jamais aconteceu um incidente com o presidente da República”, afirmou.

O ministro destacou que a escolha de Sevilha para escala do avião se deu por questão de apoio aéreo em plano de voo pré-definido e que a cidade foi escolhida sem um motivo importante.

“Tanto não é nada planejado e importante ser em Sevilha que duas horas depois que se soube do acontecido se passou o abastecimento para Lisboa”, declarou Heleno.

Tenente-brigadeiro Carlos Augusto Oliveira fala sobre caso de militar preso com drogas

Tenente-brigadeiro Carlos Augusto Oliveira fala sobre caso de militar preso com drogas

O tenente-brigadeiro-do-ar Carlos Augusto Amaral Oliveira, que representou o comandante da Aeronáutica na audiência, afirmou que medidas estão sendo adotadas para tornar mais rigoroso o controle do acesso aos voos da Aeronáutica (veja no vídeo acima).

“Internamente algumas medidas administrativas já foram determinadas pelo comandante da aeronáutica, com vistas ao acompanhamento e controle daquelas pessoas que tem acesso aos voos da Força Aérea. Não só esses voos do Grupo de Transporte Especial, mas a toda e qualquer voo da Força Aérea está sendo feita uma revisão de todos os procedimentos de controle de acesso às nossas aeronaves e controle de passageiros e de carga”, afirmou.

O ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, durante audiência na Câmara dos Deputados na manhã desta quarta-feira (10) — Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

O ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, durante audiência na Câmara dos Deputados na manhã desta quarta-feira (10) — Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Críticas

Augusto Heleno atribuiu críticas de Carlos Bolsonaro, filho do presidente, ao GSI a um suposto trauma que ele teria desenvolvido após o atentado à faca contra seu pai, durante a campanha eleitoral em 2018.

Depois da prisão do militar no avião da FAB, Carlos colocou sob suspeita a atuação do GSI. Por uma rede social ele afirmou que não anda com seguranças, principalmente os oferecidos pelo GSI porque “estão subordinados a “algo que não acredito”.

“Os comentários do Carlos, eu sei perfeitamente, já tive um convivo com ele, ele é extremamente traumatizado pelo atentado que buscou modificar a situação política do Brasil, atentado a faca que o presidente sofreu”, afirmou.

Sobre o filósofo Olavo de Carvalho, considerado um guru do governo Bolsonaro, o ministro disse que “se encontrar na rua” não reconheceria.

“Eu não vou dedicar ao senhor Olavo de Carvalho, porque meu tempo é precioso, eu não dedico ao senhor Olavo de Carvalho parte de meu tempo. Nunca dediquei, vou continuar não dedicando. Não me atinge em nada. Eu não vou ficar gastando meu tempo em responder cada bobagem que falam”, declarou Heleno.

G1/montedo.com

8 respostas

  1. A incompetência está em todos os níveis, então eu acredito no General Heleno, repete algo que seus assessores lhe falam.

    Será mesmo que por competência do GSI o Presidente e o Vice não sofreram nenhum atentado nestes últimos 80 anos??? ou foi por absoluta falta de alguém ou vontade de fazer algo?

    Então, o Carlos está traumatizado com o GSI? quem fazia a segurança do candidato Bolsonaro não era a PF? era o GSI? …se era o GSI então não são 80 anos. Se era missão do GSI não importa se presidente ou não.

    Vão revistar as coisas do Maia? e outros? do Onix? do Gilmar Mendes? Claro que não, não tem gente de tanta coragem assim na FA, nem Bolsonaro. Então estão só enrolando.

  2. Nunca se deve subestimar a esperteza e capacidade de recrutamento dos grandes traficantes. Dizer que “isso não acontecerá de novo”, é ser otimista demais. Já aconteceram casos no passado no território nacional, inclusive, envolvendo oficiais. Uma pessoa pode fazer isso por pertencer a facção, querer fazer, ganância, extorsão ou ameaça a familiares, etc. As medidas e procedimentos adotados é que poderão impedir novos casos. Agora, quem entregou e quem receberia a encomenda?

  3. Pelo menos deveriam dar uma reestruturação a todos os militares e não fazer que a maioria pague para que poucos a tenham ,poderíamos pensar que estamos sendo conduzido com responsabilidade, justiça , reconhecimento e não nos envergonharmos de quem deveria faze-lo

  4. Sobre o tema da postagem vejo o seguinte: Muitos dos nossos generais, inclusive, antes mesmo de ouvirem o sargento presos com drogas vieram a público condenar o sargento. Minhas perguntas como militar é: E os pilotos da aeronave que conduziram as drogas não possuem nenhuma parcela de culpa e não merecem serem investigados? Porque os holofotes se voltaram tão somente para o sargento?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo