‘O Exército não matou ninguém, não’, diz Bolsonaro sobre músico fuzilado

(foto: Alan Santos/ Presidência)

Presidente falou pela primeira vez desde que o caso ocorreu, em 7 de abril, e disse que o fato se tratou de um “incidente”

O presidente da República, Jair Bolsonaro, falou pela primeira vez sobre o assassinato do músico Evaldo dos Santos Rosa, fuzilado com 80 tiros por soldados do Exército no Rio de Janeiro. O presidente fez declarações sobre o caso durante a inauguração de um aeroporto no Macapá, na tarde desta sexta-feira (12/4).
De acordo com o Bolsonaro, a execução trata-se de um incidente. “O Exército não matou ninguém, não. O Exército é do povo e não pode acusar o povo de ser assassino, não. Houve um incidente, uma morte”, disse.
Apesar das declarações, o presidente declarou que a responsabilidade deve ser apontada, e que o fato está sendo apurado. “Lamentamos a morte do cidadão trabalhador, honesto e está sendo apurada a responsabilidade, e no Exército sempre tem um responsável. Não existe essa de jogar para debaixo do tapete. Vai aparecer o responsável”, completou.
O chefe do Executivo, que acumula a função de comandante supremo das Forças Armadas, disse que assim que o caso for totalmente investigado, ele poderá voltar a se manifestar, assim como o comandante da Força. “Uma perícia já foi pedida pra que se tenha certeza do que realmente aconteceu naquele momento e o exército, na pessoa de seu comandante, vai se pronunciar sobre este assunto e, se for o caso, eu me pronuncio também. Nós vamos assumir a nossa responsabilidade e mostrar o que realmente aconteceu para a população brasileira”, acrescentou.

O crime
Evaldo dos Santos estava no carro com a eposa, o sogro e o filho, de 7 anos. O motorista foi atingido por três tiros e morreu na hora. O sogro recebeu dois tiros, um nas costas e outro no glúteo. Outro homem que tentou socorrer a família também foi alvejado. A mulher e a criança não se feriram. As cenas da esposa do músico, saindo do carro aos prantos, chamando os soldados do Exército de “assassinos” ganharam as redes sociais e repercutiram no Brasil e no mundo.
Em um primeiro momento, os militares haviam dito que reagiram a um suposto ataque, vindo do carro conduzido por Edvaldo. Posteriormente, ao perceberem se tratar de uma família, que seguia em direção a um chá de bebê, os soldados voltaram atrás e mudaram de versão.
O Comando Militar do Leste (CML) determinou a apuração do caso, ocorrido em Guadalupe, na zona oeste do Rio de Janeiro. De acordo com o CML, a Delegacia de Polícia Judiciária Militar está investigando a ocorrência, com a supervisão do Ministério Público Militar. Nove suspeitos estão presos.
Na quarta-feira (12/4), a Justiça Militar do Rio de Janeiro mando prender preventivamente nove dos dez militares envolvidos no tiroteio. De acordo com a juíza Mariana Campos, da 1ª Auditoria da Justiça Militar, houve um descumprimento das regras militares. O caso levou a comoção geral e o ministro da Defesa também chegou a falar sobre o caso durante a semana. Para ele, a situação foi um “fato isolado”.
“Houve troca de tiros muito forte em uma vila residencial nas proximidades. Na volta, teve esse incidente envolvendo uma patrulha. Ao que parece, eles [os militares] não seguiram as normas regulamentares de engajamento e, por isso, os 12 já estão presos por não cumprir as normas de engajamento. Foi lamentável e triste, mas foi um fato isolado,” comentou o ministro, general Fernando Azevedo e Silva.
Nesta sexta-feira, o ministro do Superior Tribunal Militar (STM) general Lúcio Mario de Barros Goes negou pedido de Habeas Corpus de nove militares presos no caso da morte do músico e segurança Evaldo dos Santos Rosa, que teve o veículo fuzilado com mais de 80 tiros no último final de semana. De acordo com a Polícia Civil, os militares teriam confundido o carro do músico com o de criminosos.

Mourão
O vice-presidente, Hamilton Mourão, também comentou o caso nesta sexta-feira. Em entrevista à Rádio CBN, Mourão afirmou que os militares que alvejaram o músico estavam “sob forte pressão e sob forte emoção”. De acordo com o vice-presidente, o fato de apenas uma pessoa ter sido atingida comprova que foram “disparos péssimos”. “Houve uma série de disparos contra o veículo da família. Você vê que só uma pessoa foi atingida, então, foram disparos péssimos. Porque se fossem disparos controlados e com a devida precisão, não teria sobrado ninguém dentro do veículo. Seria pior ainda a tragédia,” afirmou.
Na entrevista, Hamilton Mourão também comentou o desabamento de dois prédios hoje (11/4), na comunidade de Muzema, Rio de Janeiro. O desabamento que deixou 2 desaparecidos e ao menos 5 feridos fica em uma região controlada por milícias. Para Mourão, a situação tem que ser enfrentada. “É inadmissível que existam locais em que as forças legais e os próprios trabalhadores de companhias de luz, gás e água não possam entrar.”
Correio Braziliense/montedo.com

7 respostas

  1. Em alguns momentos (reajuste salarial, por exemplo), Bolsonaro é dito como ex-militar e beneficiador da classe… Agora, quando é pra ferrar a imagem dos militares, ele é dito como Comandante Supremo das Forças Armadas… Mídia canalha!!!!

  2. A imprensa é a maior inimiga do povo. Distorce a manchete, suja com mentiras uma frase simples, come pelas beiradas o preguiçoso que não vê o vídeo do que realmente foi dito. Quando mamava bilhões do governo se mantinha em silêncio, acobertada os ladrões da pátria, arrotava a caviar e se banhava em dólares.

  3. Bolsonaro calado é um poeta. Do jeito que está governando, daqui a pouco a gente vai ter que esconder a farda para não apanhar na rua da população.

    1. Quando ele fala que não foi o Exército, está correto mesmo. Como atribuir um caso isolado a uma instituição? Se assim fosse, então toda vez que um PM se envolvesse em uma ocorrência que resulta em vítima fatal, seria culpa da PM? A PM instrui o militar a, em todos os casos, atirar nos outros? Claro que não. Nem o Exército.
      Meu amigo, uma coisa é a responsabilidade da instituição. Outra, a do agente. São distintas, entenda isto.

  4. Uma série de erros.
    Se houve enfrentam entorno antes no mesmo dia, polícia deveria ter assumido a partir de então.
    Se foi a mesma patrulha, deveria ter sido substituída, pois já estava psicologicamente desgastada.
    Patrulhamento ostensivo é para cuidar de prisão em flagrante. Não era para estar investigando roubo de carro.
    Outra. Mais bloqueio, menos perseguição. Furou bloqueio? outra equipe bloqueia a rua à frente, ou coloca Jacaré no chão.
    Saiu correndo ? Outra equipe faz o bloqueio na frente.
    Mas esse é o país do improviso. Tudo é feito de orelhada. Da nisso.

    1. Claro que é feito de orelhada, rápido, mal feito e sem planejamento algum.
      Agora, reuniões e mais reuniões rolhas que somos obrigados a ir e que nada decidem, isso tem aos montes.
      E se der errado, ainda escuto: “ainda bem que tem um praça para levar a culpa”.

      Ora bolas, estamos em qual instituição mesmo?…

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