Intervenção no RJ: Exército conclui investigação e diz que não há provas de tortura em quartel

Presos denunciaram tortura em quartel Foto: Reprodução

IPM foi encaminhado para o Ministério Público Militar

Rafael Soares
Rio – O Comando Militar do Leste (CML) concluiu o Inquérito Policial Militar (IPM) que investigou as denúncias feitas por presos que alegam ter sido torturados dentro de um quartel na Zona Oeste do Rio. Segundo o relatório da investigação, não há “provas da materialidade e nem indícios suficientes de autoria relativos aos crimes de tortura e maus tratos”. O responsável pelo IPM, coronel Eduardo Tavares Martins, escreveu que “não enxerga na conduta dos militares os elementares integrativos do delito de tortura e maus tratos, tudo não passando da dinâmica de confronto entre supostos traficantes e militares do Exército”. O relatório foi homologado pelo general de Divisão Antonio Manoel de Barros, comandante do Comando Conjunto da intervenção federal.
A investigação foi encaminhada, na última sexta-feira, para o Ministério Público Militar (MPM), que vai decidir se denuncia ou não os militares.
O Jornal “Extra” revelou o caso em novembro do ano passado. Ao todo, 11 presos relatam terem sido torturados após serem presos, durante operação das Forças Armadas no Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio. Sete afirmam, em depoimentos prestados em três ocasiões diferentes, que foram espancados com pedaços de madeira e levaram chicotadas com fios elétricos dentro de uma “sala vermelha” na 1ª Divisão de Exército, na Vila Militar. As lesões relatadas pelos presos foram ratificadas por exame médico feito durante audiência de custódia.
Na semana passada, três dos presos denunciaram a sessão de tortura à Justiça. Jefferson Luiz Rangel Marconi, de 26 anos; Marcos Vinícius do Nascimento, de 21, e Ricardo da Conceição Glória, de 33, já haviam afirmado, durante audiência de custódia dias após a prisão, que foram agredidos pelos militares. No entanto, não haviam mencionado a tortura dentro do quartel.
— Eles me colocaram numa cadeira, virado para a parede, e começaram a fazer perguntas. Achavam que, só porque moro lá, sou obrigado a saber de tudo. Como não sabia, me batiam com uma ripa nas costas e na cabeça. Me fizeram comer papel. Perguntaram que gosto tem. Eu disse ‘‘nenhum’’. Depois botaram spray de pimenta no papel e mandavam eu comer. Depois falavam: “Agora tem gosto, né! Responde o que a gente quer” — disse Jefferson, durante a audiência.
Um inquérito aberto pelo Ministério Público Federal para investigar o caso ainda está em andamento. Em depoimento no MPF, três dos presos afirmaram terem sido ameaçados por militares no Complexo de Gericinó, onde estão detidos. As ameaças teriam sido feitas em dezembro, quando quatro integrantes do Exército foram ao presídio ouvir os detentos sobre as agressões. Os presos também alegam que alguns trechos de seus relatos — justamente aqueles em que detalham as torturas sofridas — foram suprimidos da versão final dos depoimentos.
Os presos dizem ter sido levados a uma sala para serem ouvidos por quatro militares do Exército, que também investigam o caso. Antes dos depoimentos, entretanto, um dos homens teria intimidado os presos, ao dizer que eles deveriam ter cuidado com o que falassem.
— Ele disse exatamente isso antes de eu começar a falar: “Presta atenção no que você vai falar para não causar problema para você” — contou um dos presos, de 21 anos
O Globo/montedo.com

4 respostas

  1. As operações policiais deveriam ser acompanhadas por câmeras nos capacetes dos agentes de segurança, para mostrarem parcialmente à imprensa podre e totalmente para os órgãos públicos que defendem bandidos!

  2. E as torturas praticadas por muitos marginais? E os micro-ondas feitos à base de pneus empilhados incendiados para eliminar quem julgavam e outras formas desumanas de tortura? Sejamos realistas, isso que estão argumentando, é fichinha, se é que aconteceu.

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