Mourão expõe embate entre militares e Onyx

Estadão Conteúdo
As divergências na equipe de transição do governo Jair Bolsonaro ficaram mais evidentes nesta quarta-feira, 5, quando o general Hamilton Mourão, vice-presidente eleito, expôs o embate entre o grupo de militares da nova administração e o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Nos bastidores, há uma disputa pelo comando da coordenação de governo e reclamações sobre a forma como Onyx tem buscado protagonismo.
Em Belo Horizonte, onde esteve para participar de um encontro com empresários, Mourão disse que, se forem encontradas irregularidades na investigação aberta contra Onyx, ele terá de deixar o governo.
Relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Edson Fachin atendeu a pedido da Procuradoria-Geral da República e determinou a abertura de petição autônoma (fase anterior ao inquérito) para apurar denúncias de pagamentos de caixa 2 da J&F ao deputado Onyx nas campanhas de 2012 e 2014. “Uma vez que seja comprovado que houve ilicitude, é óbvio que terá que se retirar do governo. Mas, por enquanto, é uma investigação”, afirmou Mourão.
As declarações do general esquentaram ainda mais o clima com Onyx, que nega as acusações e chegou a dizer que a investigação era uma “bênção” para que o caso fosse esclarecido.
Em Brasília, questionado sobre as afirmações de Mourão, Bolsonaro titubeou antes de responder. “Em havendo qualquer comprovação de uma denúncia robusta, contra quem quer que esteja no governo, ao alcance da minha caneta BIC, ela será usada”, disse o presidente eleito.
Na prática, há uma avaliação do núcleo militar – hoje com sete integrantes indicados para o primeiro escalão – de que será impossível Onyx conduzir negociações com o Congresso e ainda acumular a coordenação da equipe ministerial. Essa constatação se baseia no fato de as duas tarefas exigirem muito trabalho e dedicação para ficarem sob a responsabilidade de um só ministro.
A ideia da criação de um centro de monitoramento do governo, que seria chefiado por Mourão, foi deixada de lado. Ninguém, no entanto, arrisca um palpite sobre quanto tempo durará a decisão, já que os anúncios dos últimos dias sobre a configuração da Esplanada foram marcados por idas e vindas.
O novo embate no núcleo da transição é para que o controle das ações administrativas fique com a Secretaria de Governo, nas mãos do general Carlos Alberto dos Santos Cruz, designado para fazer a interlocução com Estados e municípios, além de cuidar do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Nesta semana, porém, o próprio Onyx assegurou que a coordenação de governo permaneceria na Casa Civil.
Mourão afirmou nesta quarta-feira que ao menos parte da articulação política do Palácio do Planalto poderá ficar sob comando dos militares. O vice disse que ele mesmo poderá participar, assim como Santos Cruz, e repetiu que será “o escudo e a espada” de Bolsonaro. “O escudo defende e a espada ataca antes de ele ser atacado”, comparou.

Problemas
O desgaste de Onyx também é sentido no Congresso, onde, a portas fechadas, dirigentes de vários partidos dizem que o futuro chefe da Casa Civil não tem jogo de cintura política. Insatisfeitos, integrantes de siglas como PP, PTB, Solidariedade, PRB, PSDB, PSB e até o DEM agem para formar um bloco que dê as cartas do poder na Câmara, a partir de 2019, isolando o PSL de Bolsonaro. O grupo defende a recondução de Rodrigo Maia à presidência da Casa.
O modelo de articulação política previsto por Onyx terá a colaboração de políticos que não se elegeram neste ano. Já foram convidados para a tarefa o candidato derrotado ao governo do Espírito Santo Carlos Manato (PSL) e os deputados não reeleitos Leonardo Quintão (MDB-MG), Danilo Forte (PSDB-CE), Walter Ihoshi (PSD-SP), Milton Monti (PR-SP) e Marcelo Delaroli (PR-RJ). Após encontro com Bolsonaro, ontem, a bancada do PR anunciou que integrará oficialmente a base do futuro governo.
A escolha de Danilo Forte para fazer a “ponte” com o Nordeste, por exemplo, já provoca críticas. Políticos de Pernambuco se queixam da falta de nomes do Estado na equipe. O fato de Bolsonaro não ter chamado o deputado Mendonça Filho (DEM-PE) para nenhum cargo também causou contrariedade em políticos pernambucanos e é atribuído a uma rusga que Onyx teria com ele. Mendonça Filho foi ministro da Educação no governo de Michel Temer, concorreu ao Senado, mas não se elegeu. Ontem à noite, porém, o ex-governador do Estado Joaquim Francisco (PSDB) foi convidado para fazer parte da equipe de transição.
Procurado, Onyx não se manifestou.
COLABORARAM LU AIKO OTTA e JULIA LINDNER
ISTO É/montedo.com

20 respostas

  1. Esse vice será um grande FARDO para o presidente Bolsonaro. Não tem sabedoria e nem liderança para unir o grupo, é o que se percebe aparentemente. Mas graças a Deus que o presidente da República chama-se JAIR MESSIAS BOLSONARO, a partir de 1 jan 2019.

    1. Os salários e condições de vida também são bem mais generosas em muitos, do que por aqui. Também ha países que, em uma época, o exército estava comendo só repolho e sem direito a reclamar. Há outros por aí no mundo bem ruinzinhos mas mostram um pompa danada. Na hora de comparar, não devemos esquecer dos contrastes do país, da economia e renda per capita. Devemos trazer exemplos bons e que possam funcionar aqui também para melhorara vida dos brasileiros e, consequentemente, dos militares.

    1. O vice não é o perigo. Os que se fazem de “sombra” amiga e que durante a campanha política eram ferrenhos nas ruas e usaram isso para tentarem escapar de algum problema pendente, esses sim, são um perigo.felizmente teremos o ministro Sérgio Moro para orientar o presidente.

  2. Perdão pela sinceridade, mas por vezes os comentários aqui parecem ser escritos por não militares. Meus amigos, alguém ainda não reparou que o governo Bolsonaro será padrão aquartelamento militar (entenda-se Exército.com.br)? Quem é o maior f.d.p. em uma OM? O zero dois! Parabéns para quem acertou. E por falar em f.d.p. basta lembrarmos de que estamos tal qual o Tiririca: ‘pior não fica!’. É melhor assimilarmos para que a dor seja menor. Isso se chama ‘TEATRO’ de operações, e cada um tem um papel a representar. O papel de alguns é incomodar e ver quem é que espana a rosca. Ainda assim, acredito muito o céu, o mar e a terra serão mais interessantes para as Forças Armadas. Deus acima de todos e todos acima da globo.

    1. Matou a pau; fico impressionado no que nosso pessoal consegue chegar em termos de pensamento. Nosso futuro presidente defende o estado minimo; reformas trabalhistas e alinhamento incondicional com as elites americanas; nosso vice esta perfeitamente alinhado com as mesmas ideias e deu ate entrevista em ingles auma tv americana. As FA para esse pessoal significa o atraso; algo para ingles ver ou um incomodo; como a Amazonia; algo que deve ser gerido pelos EUA; e existe inclusive teses na Escola Superior de Guerra afirmando e defendendo essas e outras ideias de estado minimo; que agora encontrarão eco dentro do governo. Atenção passagueiros; se preparem….o piloto sumiu!!!

      1. Prefiro mil vezes a “zelite” americana do que a cubana, venezuelana ou chinesa. Se é para se alinhar, que seja com os americanos, em tudo. Ficar servindo de fantoches de potências comunistas que trará problemas maiores para nós, é que não dará certo. Não adianta ficar sonhando, não somos mais poderosos que os americanos e até ficamos mais fracos que alguns vizinhos.Tem que parar com essa bobagem de que ser “atual” é ser contra americano e a favor do pior. Se eles quisessem entrar no nosso território, seria moleza. Vai me dizer que se, fosse possível, não gostaria de ter o poder aquisitivo americano e preferiria os dos países comunistas/socialistas? Deixa o cara iniciar o governo primeiro e depois veremos qual rumo teremos.Pior não ficará!

      2. Você acha que os americanos já não estão na Amazônia, faz tempo? Só não estão fardados. Estão à paisana nas ONG’s e comunidades religiosas/linguísticas ensinando os índios o inglês, francês e, até alemão. Estão aprendendo a língua indígena para “estudos”. E os locais isolados onde estão? Você ficaria impressionado com o padrão, a organização das vilas e com o apoio que tem dos governos deles.Tive a oportunidade de ver uma americana e uma alemã.Não podemos esquecer e, basta olhar o nosso litoral de norte a sul,e constatar quantas edificações do tempo da 2ª guerra foram construídas por eles e estão servindo às Forças Armadas até hoje.Eles são os poderosos que autorizam ou não a venda de aviões com seus equipamentos eletrônicos. Por enquanto, estamos engatinhando.

    1. Se fosse no meio militar, e na ativa, seria impensável, mas não se trata de um capitão chefe das Forças Armada,e sim, de um cidadão brasileiro que foi eleito presidente. Ele agora é Vossa Excelência, e não pode nem abreviar o “Vossa”. Não se esqueça que no governo petista haviam muitos “ex” guerrilheiros e terroristas sendo tratados, respeitosamente, pelos generais, inclusive com a continência prevista e pomposas solenidades militares.Quem não quiser aceitar as ordens, que peça para sair. Simples.

  3. nos da tropa nao teremos voz e nem vez no governo do JB

    serão mais de 40 oficiais no governo, em todos os escaloes

    briga de egos com os ministro civis…inveja ,

    e a tropa nada nada nada

    nem tomaram posse e ja tem essas brigunhas

    eles são a favor dos 35 anos

    eles tem as regalias ,,salarios agora de 30 a 40 mil

    DAS de 10 ,,15 mil

    serão 4 anos depois mais 4 anos mamando

    total de 8 anos tranquilos,,mamando em boquinhas

    e a tropa nada.

    aguarde meus caros da tropa

  4. O governo já está corrompido antes mesmo de assumir. Só quem é cego não consegue ver. Agora ainda tem o cheque de 24 mil do ex-motorista e segurança do filho do Bolsonaro para a esposa do futuro presidente que segundo o COAF são “transações suspeitas”.

  5. O general não é burro. O futuro ministro da Casa civil já tem um “rabinho” de palha que poderá levá-lo a renunciar, por vontade própria ou a pedido do presidente. Já foi combinado que, se houver provas robustas e confirmadas pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro,ele sairá do governo. Talvez o general esteja tentando proteger o futuro presidente de alguma situação pior. Ele não vai dizer publicamente. Ele não é muito político, mas ainda tem o costume da caserna em manter o “segredo” até o momento certo. A partir do dia 10, já diplomados, até os petistas deveriam rezar pela saúde do presidente, pois o vice é casca dura em política.Seria pior.

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