Oficiais ganham força na campanha de Bolsonaro

Equipe montada por Bolsonaro no início do ano é composto por generais de sua confiança | Foto: Nelson Almeida / AFP / CP Memória

Guedes segue mantendo forte liderança sobre economistas e especialistas civis

Um grupo de fiéis aliados egressos das Forças Armadas, liderados por três generais do Exército, vem ampliando seu espaço de influência na campanha de Jair Bolsonaro (PSL), destaca o jornal O Estado de S. Paulo. Equipes temáticas, especialmente da área de infraestrutura, que estavam sob comando do economista Paulo Guedes, no Rio, estão sendo integradas aos debates conduzidos pelos generais.

Com isso, parte das discussões passou para a órbita de Oswaldo Ferreira, um dos homens fortes do grupo de Brasília. Esse time, que foi montado por Bolsonaro no início do ano, é composto por generais de sua confiança. Ex-chefe da missão de paz da ONU no Haiti, o general Augusto Heleno desfruta de grande proximidade com Bolsonaro, é conselheiro para assuntos de segurança e defesa e tem atuado em temas de relações exteriores. Ferreira e Aléssio Ribeiro Souto completam o grupo de generais que coordenam debates técnicos sobre diversas áreas do eventual governo.

O movimento é visto dentro da campanha como natural, já que havia grupos diferentes trabalhando em sugestões para as mesmas áreas simultaneamente nas duas cidades. Guedes segue mantendo forte liderança sobre os economistas e especialistas civis que discutem no Rio as diretrizes econômicas de um possível governo Bolsonaro. Esses colaboradores repetem que ele tem a palavra final. Alguns se referem a Guedes até como “chefe”.

Os generais em Brasília trabalham a partir da direção apontada por Guedes, que mira em corte de gastos e enxugamento da máquina pública. Não há, contudo, hierarquia entre os generais e o coordenador do programa econômico. Os generais, que trabalham numa sala alugada no subsolo de hotel quatro estrelas de Brasília, respondem diretamente a Bolsonaro. Lá, eles têm a contribuição de pesquisadores e de militares de outras patentes, como um brigadeiro e coronéis da Aeronáutica e do Exército.

Ao total, são quase 30 equipes temáticas envolvidas na elaboração do programa de governo, em discussões sobre educação e gestão de tecnologia. Com relação de longa data com o candidato do PSL, Heleno é em quem Bolsonaro mais confia. É uma relação de pai e filho, descrevem pessoas próximas aos dois. Eles se conheceram ainda nos anos 1970, quando Bolsonaro era cadete na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) e Heleno, um tenente que treinava a equipe de pentatlo. “Era um aluno esforçado”, lembra o general.

A relação ficou mais próxima após o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016. Em abril do ano passado, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Bolsonaro afirmou que Heleno ocuparia em seu governo a posição que quisesse. Em julho, durante viagem de pré-campanha a Marabá e Parauapebas, decidiu que Heleno, que o acompanhava, seria o candidato a vice em sua chapa. O PRP, partido de Heleno, não quis a parceria e o candidato acabou escolhendo para o posto Hamilton Mourão – que conhece há décadas, chegou a ser seu comandante no Exército, mas tem causado embaraços à campanha.

Heleno vem sendo cotado para chefiar o Ministério da Defesa, mas tem mostrado influência em outras áreas, como relações exteriores. Mais discreto e despojado dos oficiais da reserva que estão na campanha de Bolsonaro, o general Oswaldo Ferreira, ex-chefe do Departamento de Engenharia e Construção do Exército, foi levado para a campanha a convite de Bolsonaro, mas aceitou a missão somente após assegurar que Heleno, por quem nutre grande admiração, estaria no time.

Transportes

Ferreira é colega de turma e amigo de Mourão, mas hoje tem papel mais estratégico na campanha que o vice. Ele vem sendo apontado como um nome forte para assumir a pasta dos Transportes ou a coordenação de governo. Ex-chefe do Centro Tecnológico do Exército, o general Aléssio lidera discussões sobre educação, ciência e tecnologia. Foi levado para a campanha por Ferreira, com quem atuou no Departamento de Engenharia e Construção quando ambos eram coronéis.

Encontraram-se casualmente no início do ano, após anos sem contato. “No meio militar, a gente passa 20 anos sem se ver, mas somos amigos, porque temos em comum a cor da pele emblematizada na roupa”, diz. As propostas devem servir a mais de uma pasta em um governo Bolsonaro, que tem no radar os ministérios da Educação, Esporte e Cultura e outro de Ciência, Tecnologia e Comunicações.

CORREIO do POVO/montedo.com

6 respostas

    1. Família militar?
      Melhor falar, familia de oficiais e família de praças.
      Infelizmente esta é a verdade, pois os oficiais nunca e repio nunca fazem nada a favor dos praças.
      Me digam quando alguém viu algum oficial ser a favor de um praça?
      Quem vota em Bolsonaro, está votando na volta de um regime militar que irá beneficiar os oficiais.
      Para os praças um regime militar não é bom.

    2. Amigo, a quantidade de militares envolvidos na segurança das eleições foi a maior da história, praticamente todo o Comando Militar do Nordeste estave envolvido.

  1. Esses generais que aí estão, deveriam, no mínimo, fazer um mea-culpa e pedir desculpas formais ao Bolsonaro por seus atos num passado não tão distante. O Bolsonaro, como uma fênix, soube muito bem renascer das cinzas e mostrar o seu fator de autocura, pois como todos sabem muito bem o quanto ele foi perseguido na época em que foi eleito vereador, e desde então era proibido recebê-lo em qualquer unidade militar, sendo que qualquer um de nós que fôssemos flagrados conversando sobre ele, seríamos seriamente penalizados. Agora, estes mesmos generais e coronéis que foram Comandantes de unidades que lhe atiravam pedras, hoje o aplaudem de pé por estar fazendo ruir todas estas quadrilhas políticas criminosas que já instalou no país. Mas, acredito, que o que mais deve doer nos supracitados é que não se vê no Bolsonaro nenhum ato de revanchismo ou mágoa pelos maus tratos em que foi submetido. O cara se supera e surpreende cada vez mais. Eles podem não gostar, mas o Bolsonaro fez a todos se calarem e reconhecer sua vitória.

  2. são 3 pilares para dar certo.
    O primeiro já temos a seriedade e vontade de fazer diferente.
    O segundo é ser um presidente reservado. Usar discurso escrito ao se dirigir ao Congresso e a mídia. evitando brabeza que trás desconfiança do mercado.
    O terceiro pilar é pouco discutido e de vital importância. Política publica. Colocar dinheiro na mão da classe baixa, com emprego tipo mutirão federal de construção civil, de profissionais para creches federais, colégios, profissionais pagos pela união, com recursos da moeda soberana. Sair do circulo vicioso de pedir dinheiro emprestado para estados e municípios em em dólar, nessa atual economia subjugada por interesses de bilionários e banqueiros. Exemplo o FMI manda sua cartilha de austeridade para não imprimirmos dinheiro e são impressos bilhões de dólares todos anos. Nossa moeda como o Euro tem necessidade de expansão na escassez de moeda no mercado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo