Cúpula militar receia uso político de intervenção

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Josias de Souza
O ritmo de toque de caixa que marca o início da intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro ateou desconforto na cúpula das Forças Armadas. Em privado, os militares se queixam do excesso de improviso. Preferiam que o planejamento tivesse precedido o anúncio da novidade. Receiam que o trabalho a ser executado sob o comando do general-interventor Walter Braga Netto seja utilizado para fins político-eleitorais.
Sob o compromisso do anonimato, um oficial declarou ao blog: “Acionados nos termos da Constituição, estamos cumprindo nossa missão, como de hábito. Fazemos isso para servir ao país, não a interesses políticos. As Forças Armadas se confundem com o próprio Estado. Não seria aceitável que fossem utilizadas para fins eleitorais. Com razão, costuma-se dizer que militar não deve se meter em política. Do mesmo modo, não convém politizar ações militares.”
De acordo com o decreto editado por Temer e aprovado pelas duas Casas do Congresso, a intervenção vai durar até 31 de dezembro, último dia do atual governo. Com base na experiência de operações convencionais de manutenção da ordem, os militares avaliam que, num primeiro momento, o surto de violência que inquieta os cariocas será sedado pela presença das tropas e pelo refinamento da colaboração com as forças policiais do Estado.
Operadores políticos de Temer imaginam que esse efeito anestésico pode retirar a imagem do presidente da UTI, vitaminando seu projeto eleitoral. Desde que decidiu guindar a segurança pública à condição de prioridade, na terça-feira de Carnaval, Temer não dá nem “bom dia” sem consultar marqueteiros que leva a tiracolo. É indisfarçável a pretensão do presidente de extrair dividendos eleitorais da intervenção no Rio. Embora já tenha sido alertado sobre o incômodo dos militares, Temer parece dar de ombros. Encomendou uma pesquisa para avaliar os humores do eleitorado.
Para além da política, os militares revelam-se preocupados com o orçamento da intervenção. Receberam uma missão. E esperam contar com o dinheiro necessário para executá-la. Temer assegurou que não faltará verba. Mas as últimas declarações do ministro Henrique Meirelles (Fazenda) não soaram no mesmo tom.
O oficial que conversou com o blog carrega no bolso da farda um recorte de jornal com uma frase do ministro da Fazenda grifada em vermelho: “Estamos fazendo uma avaliação juntamente com o Ministério do Planejamento e com o Ministério da Defesa. Vamos ver se é necessário (recurso extra), se o que já está lá (no orçamento das Forças Armadas) será suficiente para custear as despesas. Governar é definir prioridades, e definir Orçamento também. Estamos já no teto de gastos, qualquer despesa adicional vai significar um remanejamento.”
Farejou-se na notícia uma pretensão de Meirelles de retirar do Orçamento das próprias Forças Armadas a verba a ser despejada no Rio. Os comandantes militares queixam-se de que suas forças já operam no osso. Reivindica-se mais verba. Remanejar o que já é insuficiente está fora de questão. Aguarda-se para os próximos dias a conclusão do plano de ação do general Braga Netto. Vai-se saber, então, o montante a ser pleiteado. Espera-se que Temer cumpra o compromisso de prover os meios.
UOL/montedo.com

11 respostas

  1. Eu não tenho receio, tenho certeza absoluta: Ano eleitoral; presidente investigado pela PF; partido dele perdendo credibilidade; não conseguirá aprovar a reforma da previdência, memina dos olhos; ascensão de candidato militar; falência total na governabilidade política do Rio e expansão da violência em outros estados. Com essa medida, usando os de sempre(militares),vai tentar se fazer de solucionador de problemas sabendo que não é tão simples assim. Se for um desastre ou com resultados mínimos, os esquerdistas vão cair de pau em cima de dele e do partido. Só ha uma solução: vitória dos militares. Só que vão ter que fazer o que devem fazer, como forças Armadas e não como guarda municipal e Detran.

  2. Essa cúpula se faz de inocente, porque tá na cara que o uso é político.
    Militar não é para fazer policiamento, ou então que se mude a missão constitucional.

  3. Prezado companheiros admiradores ou não deste blog, as vezes vejo tantas picuinhas de determinado comentários, há tempos que nos militares acompanhamos a situação caótica que vive o pais, não só em segurança e também em outras áreas, pois bem o atual presidente assumiu o país no caos, depois de anos de governos anteriores, defendida até em palestras e mais meios de comunicação por membros militares. O governo estadual solicitou intervenção federal ao presidente e foi decretada e com o aval da Câmera e do Senado. Vejo que só restou a sociedade fluminense o apelo do último remédio a ser tomado para restabelecer a aflição social e o retorno da paz. Comandantes somos a última esperança da população, vi que o Presidente cumpre o seu papel para voltar a confiança no país é agora se vai ter ganho político, não é hora de se pensar o momento e de unirmos pelo bem da nação e deixar o indivídual e as picuinhas que tanto divide a Nação.

  4. Se os militares acabarem com essa bagunça Bolsonaro estará prejudicado, pois é uma das falas do candidato 'acabar com essa violência que impera no país'. Temer está apenas querendo antecipar o ato. Mas vejo uma coisa nessa intervenção, há dois picos nesse gráfico: Brasília diz que o caminho está livre para o EB agir (pico positivo); vem o Raul Jungmann falando que o EB não vai fazer nada diferente, não poderá fazer isso ou aquilo (pico negativo). Conclusão, a continuar assim, não dará em nada!

  5. Senhores infelizmente iremos presenciar uma matança exacerbada de militares das Forças Armadas, além da desmoralização dos militares, tudo porque estão usando os militares como manobra política. Infelizmente é a realidade…

  6. Que bom que eles só tem receios, eu tbm tenho a mais absoluta certeza. E digo mais, naquele ninho de ratazanas só tem jeito com intervenção em todo o estado, depois decretação de estado de defesa e por fim estado de sítio.

  7. Bom, então Srs generais, tenham a coragem de tirar o time de campo e deixar os críticos da intervenção federal assumirem a missão que lhes foi designada.

    Entreguem ao Ministério Publico Federal e Estadual e à OAB, principais críticos, a tarefa de resolver esse problema da criminalidade no país. Vão lá, meus camaradas do MPF e da OAB, resolvam do seu jeito. E chamem também os sociólogos, jornalistas, o Jãnio e outros artistas para resolver com os chefes.

  8. Mas é claro que o uso é político. Ou queriam que a Rede Globo decretasse a Intervenção. Mas são uns idiotas esses pensadores do meu querido Brasil, trabalhando contra e possivelmente com algum interesse na manutenção da situação.

    Ou queriam uma intervenção internacional?

    Quer dizer que o crime organizado, as milícias, as FARC, MST, MTST e os Partidos de Esquerda podem intervir no cotidiano e na violência contra o povo com ganhos espetaculares de território e psicológico, medo, desordem e caos.

    Mas o Presidente da Republica não pode convocar as Forças Armadas para intervir?

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