Comandante do Exército queixa-se de insegurança jurídica na atuação do RJ

VillasBoasJoelRosaEmTempo
Josias de Souza
O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, revela em suas conversas privadas uma enorme preocupação com as consequências do que chama de “insegurança jurídica” na atuação dos soldados em ações de segurança urbana -como as que serão intensificadas no Rio de Janeiro, agora sob intervenção federal.
Villas Bôas costuma citar a situação dos recrutas. Diz coisas assim: “O Exército tira o jovem da família dele, para o serviço militar obrigatório. Treina-o para atuar como soldado. O jovem é destacado para uma operação no Rio de Janeiro. Ele se depara com traficantes. Troca tiros. Mata os bandidos para se defender. Depois, o Exército devolve esse jovem para sua família como um indiciado pela Justiça comum, sob o risco de ser submetido a um júri popular. Precisamos dar segurança a esses jovens, para que eles cumpram suas missões.”
A ”segurança”, no caso, seria a garantia de julgamento em foro militar. As preocupações de Villas Bôas vinham crescendo na proporção direta do aumento do número de operações para a garantia da lei e da ordem em áreas urbanas, as chamadas GLO. O general voltou a grudar os lábios no trombone depois que Michel Temer decretou intervenção no setor de segurança do Rio, nomeando como interventor um general.
Nesta segunda-feira, ao participar de reunião de Michel Temer com os conselhos da República e de Defesa, Villas Bôas utilizou uma analogia infeliz para realçar sua inquietação. Ele declarou que os militares precisam se cercar de garantias no Rio de Janeiro, para que daqui a três décadas não tenham que se submeter a uma “nova Comissão da Verdade.”
Como se sabe, a Comissão da Verdade, criada sob Dilma Rousseff, apurou violações aos direitos humanos praticadas pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar –da tortura ao sumiço de pessoas. Considerando-se que não há espaço para a reiteração desse tipo de prática nas ações militares que serão realizadas no Rio de Janeiro, o general faria um bem a si mesmo e à tropa se arrumasse argumentos melhores.
UOL/montedo.com

14 respostas

  1. Também no futuro, os argumentos podem ser outros. Além do respaldo jurídico, o soldado que volta para casa, terá que ter apoio logístico e financeiro. Imaginem: o soldado cumpre seu dever pelo Estado, mata um bandido, volta para casa, arruma um emprego e depois tem que se deslocar por conta própria para responder em juízo e pagar advogado?

  2. Mas com a policia e assim. Mata alguem e e processado, condenado, perde o cargo publico… com a policia sempre foi assim. Seguranca juridica n tem nada a ver com isso. Seguranca juridica diz respeito a estabilidade.

  3. Está muito esquisito esta tal intervenção. Se não tivermos respaldo jurídico, dirão futuramente que a "ditadura" voltou. Não dá ir pra operação desta magnitude pra passar a mão na cabeça de bandidos.

  4. E o Art. 9o do CPM foi alterado recentemente…
    Todos os crimes, comuns, militares e os previstos na legislação extravagante cometidos por militares das FFAA em op GLO e Intervenção fajuta, são de competência da JMU.
    Ou a reportagem é antiga, ou o pessoal quer imunidade total….
    Isso não rola…

  5. Montedo, meu amigo… Como ficarão os soldados das forças armadas, que servem na guarnição do Rio de Janeiro, e irão atuar nesta cidade durante a intervenção? Como estes soldados poderão retornar às suas casas, na maioria das vezes dentro das próprias favelas que irão trabalhar a serviço do "Brasil"? Eu não quero acreditar que o Exército se vendeu ao interesses políticos, a custa das vidas de seu homens de bem.

  6. Caro Josias de Souza, sobre teu infeliz artigo, segue trecho: "…., ao participar de reunião de Michel Temer com os conselhos da República e de Defesa, Villas Bôas utilizou uma analogia infeliz para realçar sua inquietação. Ele declarou que os militares precisam se cercar de garantias no Rio de Janeiro, para que daqui a três décadas não tenham que se submeter a uma “nova Comissão da Verdade.”
    Como se sabe, a Comissão da Verdade, criada sob Dilma Rousseff, apurou violações aos direitos humanos praticadas pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar –da tortura ao sumiço de pessoas. Considerando-se que não há espaço para a reiteração desse tipo de prática nas ações militares que serão realizadas no Rio de Janeiro, o general faria um bem a si mesmo e à tropa se arrumasse argumentos melhores."
    Creio que tu deva ser massa de manobra dessa corja que tanto desviou nossos recursos e quase quebrou nosso Brasil, ou vc muito pouco sabe de história militar e do Brasil. Creio que tu é que devas achar argumentos melhores para defender ideias contrárias à do Nosso Comandante, pois só que é realmente um líder e sabe a verdadeira responsabilidade do Cmt para com sua tropa e com seu País entende o que o General defende.

  7. Sim, sim e o que vai acontecer? Vão assim mesmo ou vão aguardar a boa vontade dos políticos? Os marginais já estão "capando o gato"… ou não estão acreditando. Se for pra ficar desfilando e fiscalizando trânsito é melhor economizar e voltar para os quartéis. Chegou a hora dos generais mostrarem o que aprenderam nos mil cursos.

  8. O general, embora eu ache que por sua doença deveria ter ido para a reserva, está certo mesmo, até porque esse povo é "vira casaca". Pode ver que insistem em chamar Regime Militar de Ditadura Militar. O que o EB devia fazer é mandar aquele coreano enviar uma daquelas bombas, que ele tanto testa, para cair aqui.

  9. Na minha pequena análise sobre a intervenção foi decretada pelo Presidente, com o respaldo da câmara e senado. O que mais temos que definir, todos sabem a missão das Forcas Armadas e agora vem falar de "segurança jurídica" e brincadeira.

  10. Logo teremos fernandinho beira-mar e companhia, sendo considerados heróis que lutaram contra os malvados de farda que, que maltratavam e perseguiam os "estudantes e trabalhadores", e suas famílias pedindo indenizações a União, pois não eram criminosos, e sim perseguidos políticos.

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