Uma longa jornada: dez anos após primeira denúncia, ex-médico abusador perde posto e patente de oficial e é demitido do Exército

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Fac-símile da Portaria  (BE 29 – Calaborou. Capitão Roberto Alves)
Quase dez anos após ser denunciado por uma paciente por sua conduta durante um exame ginecológico, finalmente Marcus Vinicius Carreira Bentesos, ex-médico há cinco anos, é também oficialmente ex-major do Exército. A portaria determinando sua demissão ex-officio foi publicada no último Boletim do Exército de 2017.
O fato que gerou a denúncia, oferecida pelo MPM em 18 de junho de 2008, ocorreu em 2007, no Hospital Geral de Campo Grande – HGCG. Na época, o major atendeu a uma paciente com problemas renais que o procurara para entregar o resultado de exames solicitados por outro urologista. Segundo a denunciante, o médico, após pedir-lhe para levantar o vestido para um exame, a tocou sem luvas. Relatou ainda que ele estava ofegante e apresentava sinais de excitação. 

Sindicância e punição. Só isso?
Sindicância aberta no HGCG considerou não haver provas consistentes para a abertura de inquérito, mas condenou o militar a 10 dias de prisão por conduta antiética ao realizar o exame sem acompanhante, por não ter utilizado lençol para cobrir a genitália da paciente e por não ter usado luvas para fazer o exame.
Histórico de abuso
Pesavam contra o militar acusações de jovens quando ele fazia exames médicos para a uso da piscina do Clube de Subtenentes e Sargentos da cidade paulista de Lorena. As denúncias de Lorena foram tratadas como simples transgressões disciplinares, apesar de o acusado pedir que jovens filhas dos praças ficassem nuas para o exame.
Haviam também contra o médico acusações de abuso quando ele serviu em Fortaleza, uma delas feita pela esposa de um sargento. O argumento da insuficiência de provas foi utilizado para absolver o médico nos episódios. “Em todas as ocasiões o acusado nega com veemência a sua participação e é levantada uma injusta suspeição sobre a moral das vítimas. Em se tratando de delito cuja prática dá-se entre quatro paredes e sem testemunhas, poderá o acusado molestar sexualmente centenas de vítimas e eternamente a justiça considerará as provas insuficientes?”, questionou o MPM na denúncia.

Insuficiência de provas, só que não!
O Conselho Especial de Justiça para o Exército da Auditoria da 9ª CJM, em 17 de novembro de 2008, absolveu o oficial sob a alegação de inexistência de prova. Ainda em novembro de 2008, o MPM apelou ao Superior Tribunal Militar argumentando, entre outras razões, que sete senhoras, que não se conheciam, narraram condutas de abuso sexual cometidas pelo oficial médico, e isso não poderia ser considerado insuficiência de provas.

Médicos fazem sua parte
Em 2010, o Conselho Regional de Medicina do Mato Grosso do Sul retirou o direito de Bentes de exercer a medicina, decisão referendada pelo Conselho Federal de Medicina em julho de 2012.
Condenado, finalmente
Quase três anos após a denúncia, a Procuradoria de Justiça Militar em Campo Grande/MS conseguiu que major-médico do Exército fosse condenado por abuso sexual cometido durante consulta médica. Em julgamento de apelação do MPM, ocorrido em maio de 2011, o Superior Tribunal Militar condenou o militar a um ano de detenção pela prática do crime de libidinagem, art. 235 do Código Penal Militar.
Perda de posto e patente
Mais de cinco anos após a condenação, o STM decretou a perda do posto e patente de Bentes, em dezembro de 2016. 

9 respostas

  1. 10 anos pra ser expulso? O conselho de medicina é extremamente corporativista e mesmo assim não hesitou em casssar o seu CRM. Mas o EB pra tomar uma atitude com seus oficiais… Aí eu te pergunto, e se fosse um Sgt de Sau que tivesse sido denunciado por uma esposa de oficial, será que ele teria sido apenas punido após uma sindicância? É igual os casos envolvendo corrupção de oficiais, que todos sabem quem são os canalhas mas o pessoal da 2ª seção prefere se comportar como os 3 macacos sábios do japão(o surdo, o mudo e o cego), mas quando se trata de entregar o Sgt que faz bico pra reforçar o orçamento, são “OS CARAS" da seção de inteligência. #ForaBOLSONARO #LULA2018naCadeia

    1. Infelizmente é a Lei. Quem redige a Lei é o congresso. Então se ninguém presta, se candidate, seja eleito e salve o mundo. Ou faz igual ao Rambo, o soldado que salva o planeta.

  2. Eu não sei que porra de 2Seção é essa que fica procurando militares que tem outros trabalhos honestos fora do Quartel, a Orientação do CIE e das diretrizes de Inteligência não são essas, primeiro que uma 2Seção de OM tem autonomia muito limitada, e segundo que o Btl , Cias e Gp de Inteligência tem mais o que fazer dentro das atividades previstas, portanto tem muito indivíduo com paranóia ou mania de perseguição, eu mesmo dos meus 30 anos de EB, 17 foram de 2seção, Atividades de Policia, Escolta, Investigação e Perícia Criminal, não tinha tempo pra ficar de fofoca e bobagens, ainda mais em duas Fronteiras e na Gu do RJ onde servi muito tempo, e o S/2 que trabalha com fofoca é um merda despreparado, eu garanto a todos que eu não fui um merda desses, agora sempre haverá um lixo humano babão e subserviente pra prejudicar o seu semelhante, inclusive eu já fui prejudicado por um há muitos anos atrás.
    Ten QAO R/1 MARCIO ARBEX TU 89 Infantaria

  3. 10 anos… Se fosse uma praça teria sido expulso sumariamente para depois ser julgado… Mas como era um oficial e abusou de filhas de praças… Esse infeliz ainda permaneceu todo esse tempo na Instituição… É incrível a proteção que a instituição dá a seus Oficiais… Se fosse de Acadimia… Nem seria julgado na ativa… Braço forte para as praças… Mão amiga para Oficiais…

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