Ministros usam voos da FAB para dar carona a parentes e lobistas

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BRASILIA, DF, BRASIL 27-01-2012, 19h00: Aviao da FAB decolando no aeroporto Internacional Jucelino Kubitschek em Brasilia. (Foto: Sergio Lima/Folhapress PODER) **ESPECIAL***
BRASILIA, DF, BRASIL 27-01-2012, 19h00: Aviao da FAB decolando no aeroporto Internacional Jucelino Kubitschek em Brasilia. (Foto: Sergio Lima/Folhapress PODER) **ESPECIAL***
CAMILA MATTOSO/FÁBIO FABRINI
DE BRASÍLIA
Ministros do governo de Michel Temer usaram voos da FAB (Força Aérea Brasileira), requisitados com o propósito de cumprir agendas de trabalho, para transportar parentes, amigos e representantes do setor privado. Há carona a mulheres e filhos, que não têm vínculo com a administração pública.
A Folha levantou as informações por meio da Lei de Acesso à Informação. O decreto 4.244/2002, que dispõe sobre os voos, permite o uso da frota “somente” para o transporte de vice-presidente, ministros de Estado, chefes dos três Poderes e das Forças Armadas, salvo nos casos em que há autorização especial do ministro da Defesa.
A norma não autoriza expressamente o embarque de pessoas sem cargo ou função pública. Também não há previsão para que congressistas peguem carona.
A reportagem obteve dados de viagens feitas por 12 ministros. Seis deles levaram filhos ou mulheres na comitiva, não raro para cumprir agendas em locais turísticos.
Um sétimo deu carona para a mulher de um colega de Esplanada. Três das autoridades levaram amigos a bordo e outros transportaram empresários ou lobistas. Sete pastas não apresentaram as relações de passageiros.
Entre 13 e 16 de outubro de 2016, a FAB cedeu um de seus jatos para que o titular do Meio Ambiente, Sarney Filho (PV), participasse de encontro sobre sustentabilidade no Pantanal. O evento, emendado com o dia das crianças, se deu no Refúgio Ecológico Caiman, hotel luxuoso em Miranda (MS). Na comitiva estava o filho de 11 anos do ministro.
Bruno Araújo (PSDB), que se desligou recentemente das Cidades, levou a mulher, Maria Carolina, em ao menos seis viagens oficiais. Em junho de 2016, o casal embarcou para Campina Grande (PB) no dia da abertura do “Maior São João do Mundo”. Os dois, na sequência, embarcaram para o Recife, onde mantêm domicílio. Era uma sexta-feira.
Desde 2015, é proibido aos ministros usarem voos da FAB para retorno à residência. Maria Carolina fez ao menos mais cinco viagens em aeronaves oficiais, das quais três passando por Pernambuco, sempre em fins de semana ou datas coladas a sábado ou domingo. Em duas ocasiões, a filha do casal estava junto.
O peemedebista Helder Barbalho (Integração Nacional) —provável candidato ao governo do Pará— também levou a mulher, Daniela, para um São João, o tradicional Arraial dos Caetés, em Bragança, em junho. Foi uma viagem em família, com a presença do pai do ministro, o senador Jader Barbalho, e da mãe, a deputada Elcione Barbalho, ambos do PMDB.
A FAB alega que recebe das autoridades a lista dos passageiros, mas não tem responsabilidade sobre as comitivas.
Em abril, uma caravana de casais saiu de Brasília rumo a Foz do Iguaçu (PR) para a premiação do Lide (Grupo de Líderes Empresariais), grupo da família do prefeito João Doria (PSDB).
O voo foi requisitado à FAB pelos ministros Dyogo Oliveira (Planejamento) e Sarney Filho, que embarcou junto da mulher, Camila Serra. Também viajaram o tucano Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), que pediu demissão na sexta (8), e a mulher, Márcia, que também pegou carona em outras missões oficiais.
Fizeram companhia no avião, com suas mulheres, Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor especial de Temer preso após ser flagrado com uma mala de R$ 500 mil da JBS, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o relator da reforma da previdência, Arthur Maia (PPS-BA). O presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), Ives Gandra, embarcou com uma assessora. O evento, em um resort próximo das cataratas, durou três dias.
Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia e Comunicações), do PSD, voou na companhia de amigos e empresários. Um deles é Marcelo Rehder, contemporâneo de faculdade do ministro e diretor da empresa Ella Link, envolvida em um projeto do futuro cabo submarino Brasil-Europa. Ele pegou carona, por exemplo, para uma agenda de Kassab no Instituto Butantã, em São Paulo, que produz vacinas.
Outro passageiro em voos do ministro é Paulo Tonet Camargo, vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo e presidente da Associação Brasileira de Rádio e Televisão. Em três ocasiões, houve agendas relacionadas ao setor de comunicações, como um jantar da RBS, afiliada da Globo no Rio Grande do Sul.
OUTRO LADO
Os ministros negaram irregularidade em transportar parentes, empresários e lobistas a bordo de aviões da FAB (Força Aérea Brasileira).
Eles dizem que não há vedação expressa ao transporte de passageiros sem vínculo com a administração pública e as agendas oficiais.
O Ministério do Meio Ambiente afirmou que “nenhuma hospedagem” de “qualquer membro” da família de Sarney Filho foi paga com dinheiro público. “Qualquer irregularidade que, eventualmente, seja apontada, o que não acreditamos, será imediatamente investigada”, disse.
Segundo Bruno Araújo, os deslocamentos ocorreram “por compromissos da pasta”, dentro da legislação vigente.
Helder Barbalho declarou que “respeita integralmente a legislação em vigor”. Segundo ele, a mulher, Daniela, integrou voo requisitado pelo então titular do Turismo, Marx Beltrão, que visitaria o São João em Bragança (PA).
O ministro disse ter dividido a viagem com o colega uma vez que tinha outra agenda prevista para o Estado. “Daniela foi convidada oficialmente pela organização do Arraial dos Caetés”.
O GSI informou que a esposa do ministro Sérgio Etchegoyen viajou mediante aproveitamento de vagas disponíveis em voos previamente planejados, não incorrendo em quaisquer ônus”.
Dyogo Oliveira (Planejamento) explicou que viajou acompanhado por outros ministros para o evento em Foz do Iguaçu, “em virtude da necessidade de compartilhamento de voos”, prevista no decreto sobre os voos. Todas as autoridades, segundo ele, foram convidadas “formalmente a participar como palestrantes do evento” em Foz.
Kassab disse seguir a legislação e afirmou que embarcam nos voos “servidores da pasta ou pessoas relacionadas a setores que são de escopo de atuação” do ministério.
O Ministério dos Transportes disse que Maurício Quintella “não oferece nem dá” carona a congressistas. Os parlamentares que compõem a comitiva do ministro “têm participação nos eventos”, afirmou. Sobre ter transportado a esposa do ministro-chefe do GSI, justificou que “a pessoa citada ocupou um assento livre”.
Antonio Imbassahy não respondeu.
O presidente do TST, Ives Gandra, disse disse que viajou “por haver disponibilidade de lugar na aeronave e não haver”, na ocasião, “voo comercial compatível com sua agenda institucional”.
A Abert informou que seu presidente, Paulo Tonet, participou com Kassab de eventos oficiais da radiodifusão, segmento que representa. “Os voos mencionados foram realizados a convite do ministro e aceitos pelos representantes em vista da finalidade setorial dos eventos e da extensa agenda de compromissos.”
FOLHA/montedo.com

10 respostas

  1. Uma perguntinha: qual parlamentar respeita essa lei? Vão dizer que são forçados por causa da insegurança, pra eles, em vôos civis.Bastaria trabalhar com respeito ao povo que seriam aplaudidos nos vôos, mas não, fazem o contrário.

  2. Pelos comentários percebe-se que muitas opiniões são com base no achismo.
    Não está ao nível do aviador a decisão de trasportar A ou B, mas sim da Presidência, Ministério da Defesa e Comando da Aeronáutica. Manda quem pode obedece quem tem juízo.
    Em primeiro lugar, dizer que um aeronave Airbus dessa tecnologia é sucata realmente é ignorância, santa ignorância.
    Outro comentário pueril é dizer que o "Aviador não sabe fazer mais nada….vai ficar encostado no quartel fazendo o que?" Eu poderia até concordar pois ele estudou para isso, porém, para quem não sabe de nada (inocente), não sabe como é a vida do piloto de caça, de resgate, dos pilotos que voam na Amazônia em helicópteros, caças Tucanos ou aeronaves de cargueiras ou de transportes de tropa, não sabem quantos resgates, busca e salvamento, missões de misericórdia, transporte de enfermos dos locais mais longínquos onde ninguém vai (evacuação aeromédica), apoio médico aos povos das regiões mais insalubres, MISSÕES A NÍVEL FEDERAL, do Oiapoque ao Chuí…etc etc etc.
    Além do mais, tudo isso é mais antigo que Getúlio Vargas.

  3. Esse ai de cima certamente é um subão da fab. Sabe tanto que quase achei que fosse um piloto. Essas nobre atividades se resumem ao que falei. Só fazem isso. E só mesmo…pra todo o resto tem os praças e vc sabe disso. Essas missões humanitárias e etc…é interessado em "ajudar o próximo"? decerto que não. Qdo algum é impedido de voar por algum tempo ….ficam loucos pq ficarão sem diárias.

    mas entra pro fã clube deles subão. Certamente eles sempre foram muito humildes com vc. kkkk

  4. Que falta faz um pouco de instrução, história, informação e seriedade.
    Você mudou do "só fazem isso" se referindo ao transporte de autoridades" para "só fazem isso TUDO", o que QUALQUER soldado sabe, mesmo de outras forças federais que trabalham em conjunto e assim como o bombeiro so "faz isso", o médico e outros "só fazem isso": "lidar com vidas". Cada um com seu cada qual.
    Além do mais, essas missões não limitam-se aos aviadores, mas aos profissionais praças/graduados aeronavegantes cujas horas de voo não sevem para nada.
    Mas se conseguires raciocinar, diárias nem sempre tem a ver com hora de voo, considerando que pode-se voar meia hora e permanecer 10 dias fora de sede cumprindo uma missão, por exemplo, e esse tipo de remuneração aplica-se à aviação civil também. Aliás, em organogramas de empresas civis também existe uma divisão de cargos, funções e hierarquia onde "pra todo o resto" não tem praças, mas funcionários civis. Informe-se para pagar mico.
    Mas, no bojo, kkkkkk, eu poderia até acreditar que o "subão da fab" é você, porém, pelo nível comentário, passo a acreditar que talvez seja no máximo um taifeiro da fab que poderia ser mais humilde e cuja ignorância não tem nada de santa. kkkk

    Aquele abraço!

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