Vereador é denunciado por fraude em investigação que prendeu tenente do Exército por pedofilia

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Vereador Cláudio Prates é acusado por fraude em investigação que prendeu tenente por pedofilia
Laudo da Polícia Federal aponta que arquivos apreendidos em operação em 2010 podem ter sido plantados pelo vereador; Justiça aceitou denúncia sobre fraude processual e pedofilia contra o vereador.
Cláudio Prates é presidente da Câmara de vereadores de Montes Claros (Foto: Juliana Peixoto/G1)
Cláudio Prates é presidente da Câmara de vereadores de Montes Claros (Foto: Juliana Peixoto/G1)
Valdivan Veloso
G1 Grande Minas
Montes Claros (MG) – O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) aceitou a denúncia contra o vereador Cláudio Prates (PTB) feita pelo Ministério Publico Federal. O vereador, que também é escrivão da Polícia Federal e presidente da Câmara de Vereadores de Montes Claros, é acusado na denúncia de ter “armazenado imagens de fotografias digitais contendo cenas de sexo explícito e pornográficas envolvendo crianças ou adolescentes”.
A denúncia acusa ainda o vereador de ter inserido um pen drive com as imagens em um ambiente onde era realizada uma ação de busca e apreensão, durante a operação Senhor das Armas, em 2010; na ocasião, o tenente aposentado do Exército, Wendel Nassau Nether, foi preso por pedofilia, posse ilegal de armas de uso restrito e ameaça.
De acordo com o advogado Frederico do Espírito Santo, que defende o tenente aposentado, após a prisão do tenente houve uma perícia no pen drive. “Desde o início tentamos convencer a Justiça de que este pen drive não é do Wendel. Pedimos uma perícia, feita pela própria Polícia Federal, que aponta que os arquivos não foram manipulados no computador de meu cliente. Inclusive, o computador não tinha suporte ou entradas para se usar um pen drive”.
Advogado Frederico do Espírito Santo, que defende o tenente Wendel Nassau (Foto: Valdivan Veloso/G1)
Advogado Frederico do Espírito Santo, que defende o tenente Wendel Nassau (Foto: Valdivan Veloso/G1)
A perícia encontrou no pen drive três arquivos contendo imagens de crianças ou adolescentes em situações pornográficas. O laudo da Polícia Federal registrou ainda o nome ‘Prates’ como último autor dos arquivos, sendo que um deles foi criado no mês de fevereiro – sete meses antes da operação Senhor das Armas. Também de acordo com a perícia, a última alteração nos arquivos foi realizada poucas horas antes da operação.
Também de acordo com a denúncia, Cláudio Prates foi quem recebeu a denúncia contra o tenente, na ocasião da operação. Ele acompanhou de perto toda a investigação, inclusive a ação de busca e apreensão na fazenda do tenente.
Segundo a decisão, o processo “tramitará em segredo de Justiça para fins de proteção da intimidade das crianças e adolescentes cujas imagens encontram-se contidas nos autos”.
Relembre o caso
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O que diz o vereador
Cláudio Prates conversou no com o G1 no dia 25 de outubro, sobre o indiciamento. Na ocasião, ele negou que tenha inserido o pen drive nos objetos apreendidos na casa do tenente. Ele afirma ter sido vítima de perseguição política.
“Prates é um nome, como eu disse em minha defesa, super comum. Talvez em outras regiões não, mas em Montes Claros temos o Bairro Major Prates, temos a Rua Coronel Prates, Rua Juca Prates. Então, é um nome muito comum. Tanto que nesta investigação, houveram outras mídias apreendidas, não me recordo, mas aparece outros nomes Prates que não sou eu. A impressão que dá é que houve uma seletividade; o nome é ligado a alguém que hoje ganhou um destaque porque é presidente da Câmara, foi candidato a deputado com quase 30 mil votos. Ainda um nome que sempre aparece como candidato a prefeito de Montes Claros”.
O vereador argumenta ainda que o cargo de escrivão de polícia, geralmente, segue as determinações dos superiores, e na operação Senhor das Armas não foi diferente. “Estou com minha consciência tranquila. Tenho 15 anos de polícia. Meu trabalho na Polícia Federal era muito mais social do que de policial. Isso, na verdade, foi a grande plataforma que me trouxe para a política. Sempre fui uma pessoa que sempre trabalhei na legalidade”.
Sobre a decisão da Justiça, divulgada nesta segunda-feira (13), Claudio Prates diz que ainda não foi notificado. Em nota, ele afirma que as acusações feitas a ele são absurdas e improcedentes. 

Leia na íntegra:

“Jamais cometi o que me acusam: ter fraudado uma operação policial há quase oito anos atrás. Isto é um absurdo!
A minha história de vida e profissional começa muito antes da Polícia Federal. Sou professor, advogado. Por dez anos exerci a advocacia na sua plenitude. Atuei por cerca de 10 anos como advogado, grande parte para o Centro Social de Cabos e Soldados da Polícia Militar. Um dos feitos que mais me orgulha é a minha caminhada junto à igreja e nos movimentos cristãos que eu, minha família nos dedicamos a ajudar ao próximo e buscar forças para os embates terrenos. É junto a Deus que minhas forças são renovadas.
Trabalho há cerca de 15 anos na Polícia Federal e sempre pautei minha conduta pela ética e como um servidor exemplar, cumpridor das regras estabelecidas pela instituição, muito além das minhas obrigações, haja vista que realizei milhares de palestras de prevenção as drogas e de outros temas. Participei de dezenas de operações policiais, sempre com respeito a legalidade e retidão, inclusive esta Operação “Senhor das Armas”, cuja a minha atuação, bem como dos meus colegas foi totalmente dentro da normalidade, como qualquer outra.
Esta injusta acusação tem tentam atribuir a mim, tem cunho totalmente político, uma vez que, não há materialidade nas denúncias. O Inquérito instaurado há poucos meses contra mim sequer foi concluído (nem fui indiciado pela Autoridade Policial que investigava o Inquérito em Belo Horizonte).
Curiosamente, às vésperas das eleições de 2018, uma clara armação descabida bate à minha porta, numa clara intenção de tentar atingir a imagem de respeito e austeridade, que conquistei junto à sociedade. Repito: a Operação policial “Senhor das Armas”, ocorrida em 2010, absolutamente legítima, no meu ver e foi realizada por dezenas de policiais, dentre eles agentes e um delegado, que coordenava toda ação. Nenhum dos policiais que participou da operação fez qualquer depoimento contrário a minha conduta. Pelo contrário, ela se deu dentro da maior normalidade e dentro das minhas obrigações funcionais, como todos que participaram da operação, que logrou encontrar dezenas de armas e munições ilegais. O processo não foi concluído e o réu não foi absolvido.
A absurda acusação que tentam imputar a mim, de uma suposta fraude processual é baseada exclusivamente em um arquivo de mídia com o sobrenome “Prates” (que a propósito é muito comum em Montes Claros e região), que é também o meu sobrenome, só isso, mas que, reafirmo que nada tem a ver comigo. Percebe-se claramente uma seletividade para associar meu sobrenome. Nome este, que fruto de trabalho ganhou mais destaque por ter sido por duas vezes o vereador mais votado da maior cidade do Norte de Minas.
Atualmente estou presidente da associação de Câmaras Municipais do Estado de Minas (AMCM) e Presidente da Câmara de uma cidade de mais de 400 mil habitantes, liderando 23 vereadores. Sou suplente de deputado estadual, tendo obtido quase 30 mil votos nas eleições de 2014, mais de 20 mil em Montes Claros.
O objetivo é sem dúvidas me prejudicar nas eleições para deputado federal em 2018, para o qual sou candidato a candidato. Meu nome é ventilado para concorrer a uma vaga na câmara federal. Ação, divulgada e referendada pela Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef).
“Em Minas Gerais, um dos nomes mais cotados para assumir a candidatura de deputado federal é o policial federal e vereador Cláudio Prates. Na PF há 15 anos, ele foi o vereador mais votado de Montes Claros (MG), nas eleições de 2012 e 2016, com campanha realizada nas redes sociais.”
Como haver um processo questionando a conduta? Porque somente a minha conduta foi questionada num universo de dezenas de policiais federais e quase 08 anos depois?
Não sou a primeira vítima numa armação política. Espero ser a última.”

G1/montedo.com

8 respostas

  1. Conheço o Ten Wendel Nassau, servi com ele aí em Montes Claros, home honesto, integrado, com certeza este vereador mau caráter fez esta armação, ainda mais vindo dessa classe, corrupta, ladrões dos políticos.

  2. Na época dos fatos todos condenaram, mais um exemplo que nossa justiça é um lixo manipulável, quero saber agora o que vão fazer, imagina como ficou a vida do militar. Triste.

  3. Não culpo quem na época condenou ao ver o caso na mídia, culpo, sim, esta mídia tendenciosa que leva quem ela quer à desgraça. Quem vai indenizar este cidadão desta injustiça? Este vereador, só por ser político, já deveria ter 70% de descrédito em suas alegações, pois políticos não são pessoas confiáveis atualmente, com raríssimas exceções até agora não comprovadas.

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