Comandante do CMA alerta que orçamento só cobre gastos até setembro

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General alertou ainda que o corte no orçamento das Forças Armadas em 45% afetará a vigilância da região de fronteira e diminuirá a capacidade de operações na região amazônica
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O comandante Militar da Amazônia, general Geraldo Miotto (Foto: Márcio Silva)
Janaína Andrade
Manaus (AM) – O comandante Militar da Amazônia, general Geraldo Miotto, alertou que o corte no orçamento das Forças Armadas em 45% anunciado nesta semana pelo governo federal afetará a vigilância da região de fronteira e diminuirá a capacidade de operações na região amazônica. Segundo ele, o Comando Militar da Amazônia (CMA) possui uma reserva de recursos que só serão suficientes para cobrir os gastos até o mês de setembro.
“A partir de setembro se nós não tivermos os recursos necessários, nós vamos ter que diminuir as operações. Agora em quanto, depende da equação, depende dos recursos que nós vamos receber. Já iniciamos um novo planejamento. Vamos nos adequar. É equação matemática. Gente (tropa) é igual a recursos, que resulta em produção. Se tiver menos recursos, eu tenho pessoal, mas vão ficar estáticos. E o produto (apreensão) vai diminuir, não tenha dúvida”, revelou Geraldo Miotto.
O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, em entrevistas, já demonstrou preocupação com a situação crítica que as Forças Armadas podem chegar com o contingenciamento de recursos e lembrou que “de uma maneira geral, muitos dos causadores dos problemas de segurança pública nas grandes cidades passam pelas fronteiras”.
O general Geraldo Miotto salientou que o Exército sempre precisa estar apto a atuar de imediato e que para isso existia uma reserva de recurso que “já está sendo consumida”. “Que é a reserva de prontidão. E nós não podemos ficar sem prontidão. Forças-Armadas sem prontidão fica muito difícil ela poder cumprir com a sua missão”, apontou o comandante Militar da Amazônia.
Apesar do contingenciamento no orçamento, o general declarou que não há previsão de dispensa de recrutas ou redução de expediente. Ressaltou, contudo, que a precarização do trabalho do Exército tem reflexos na segurança pública do Estado. “A defesa e a segurança trabalham juntas, se a gente diminui as operações na fronteira vai ter um maior trabalho na segurança pública”, enfatizou.
De acordo com o militar, a prioridade na aplicação de recursos que ainda restam continuará sendo a fronteira, como já é feito. “Material bélico, combustível, munição a prioridade é a fronteira. Atendimento de saúde para os militares, familiares e para a população, a prioridade também é a fronteira. O que impacta esse corte no orçamento é que nós temos que ter mobilidade. Mobilidade é a força aérea, combustível de embarcações, de viaturas e helicópteros, é isso aí que impacta”, avaliou.
De 2012 para até hoje os recursos discricionários das Forças Armadas caíram de R$ 17,5 bilhões para R$ 9,7 bilhões.
Frente a Frente

Candidato ao governo, Amazonino Mendes
Amazonino Mendes (PDT), candidato mais votado no 1° turno da eleição suplementar, com 577,3 mil votos, que equivalem a 38,7% do total, contra 377,6 mil (25,3%) de seu adversário, afirmou que a segurança das fronteiras do País é de atribuição exclusiva das Forças Armadas, mas ressaltou que a falta de defesa deságua no Estado.
“O Estado tem de participar, nem que seja secundariamente, se integrando e conversando com as Forças Armadas. O Estado está pronto para colaborar, pronto para participar e intervir”, disse Amazonino. Segundo ele, devido suas dimensões, a tríplice fronteira na Amazônia requer “um efetivo grande e muita tecnologia”.
“Tudo isso é preciso ser implementado por quem é de direito. O Estado pode reclamar, pedir e colaborar”, disse. Para Amazonino Mendes, a redução do orçamento das Forças Armadas pode resultar em maiores problemas sociais e aumento do tráfico. “Esse prejuízo é tão grande que é impossível a gente mensurar. Nós sabemos que é realmente a grande causa do desequilíbrio social brasileiro”, disse o candidato.
Em seu plano de governo, o ex-governador afirma que utilizará serviços de inteligência para combater o crime organizado e reduzir a criminalidade. “Vamos atuar fortemente na prevenção e repressão qualificadas em parceria com as Forças Armadas, Polícia Federal e trocando informações estratégicas com os outros estados. O combate às drogas será intensificado para trazer tranquilidade às famílias e garantir futuro aos jovens”, prometeu.
Candidato ao governo Eduardo Braga
Candidato pelo PMDB, Eduardo Braga defende que é necessário montar uma estrutura permanente de vigilância das fronteiras e que isso requer uma ação integrada entre as polícias Militar, Federal e Forças Armadas. Para ele, o problema hoje de defesa das fronteiras é a “falta de estrutura para o patrulhamento de grandes extensões com países que hoje são os maiores produtores de drogas do mundo”.
“Sem um patrulhamento efetivo, o Amazonas passa a representar uma porteira aberta para o narcotráfico internacional. Não conseguiremos vencer esse desafio sem inteligência. Portanto, é necessário que seja instalada uma rede de comunicação eficiente entre as bases de fiscalização. Um sistema interligado capaz de dar agilidade ao trabalho de monitoramento das forças policiais. Desta forma, estaremos sempre um passo à frente do crime organizado”, sustentou Braga.
Para Eduardo Braga, o diálogo com o governo federal é essencial e necessário em razão da Polícia Federal e Forças Armadas serem instituições federais subordinadas à Presidência da República. “É preocupante o corte de verbas da ordem de 40% revelado pelo general Villas Boas, um profundo conhecedor da realidade amazônica. Vamos trabalhar duro junto ao Governo Federal para reverter esse quadro de falta de recursos”, disse.
Os prejuízos para o Estado, segundo Braga, são incalculáveis, “já que, além da proteção das fronteiras, as Forças Armadas desenvolvem importantes projetos sociais nas comunidades mais longínquas do nosso Estado”.
Sérgio Fontes, Secretário de Segurança Pública do Estado do AM
“Não poderia haver pior momento para estes cortes ocorrerem. O Brasil enfrenta talvez a pior crise de segurança pública de sua história e o enfraquecimento da nossa proteção de fronteiras vai na contramão daquilo que mais precisamos no momento: o aumento substancial nos nossos controles de fronteira. E o prejuízo para o Estado do Amazonas é enorme, pois somos vizinhos dos dois países que mais produzem cocaína no mundo. Mas todo o País será afetado, pois a droga que entra abastece quase todas as regiões do Brasil. Debilitar as Forças Armadas não só e perigoso como também não é inteligente. Temos acordo formalizado com a PF para apoiar as operações “Baze Anzol” e “Sentinela”, assim como disposição para ampliar este apoio caso seja necessário. (Precisamos de) bases de controle em todas as entradas de rios para fiscalizar o tráfego de embarcações, patrulhas aéreas, fluviais e terrestres, equipamentos de monitoramento de trânsito, lanchas blindadas, etc. A logística na Amazônia é muito cara. A SSP não tem condições, recursos e muito menos atribuição legal para (fazer a defesa da fronteira)”.
Quase 400 operações este ano
Hoje, o Comando Militar da Amazônia emprega 9.500 homens na região de fronteira. De janeiro a 15 de agosto, o CMA realizou 392 operações, sendo 345 na faixa de fronteira e 19 em presídios da região.
Para garantir o transporte dos militares, estão disponíveis 900 veículos, 100 embarcações e dez helicópteros. Estes dois últimos, nos sete primeiros meses deste ano, representaram uma despesa de R$ 7,7 milhões.
O general Geraldo Miotto destaca entre as apreensões realizadas este ano em operações na fronteira: madeira – prejuízo de R$ 48 milhões; drogas – prejuízo de R$ 5,5 milhões e garimpos ilegais de extração de ouro e balsas para transporte do produto, no total de R$ 52 milhões.
“O CMA vai cumprir com as suas missões. Nós temos a convicção e a certeza que nós vamos poder continuar cumprindo com a missão em prol da população da Amazônia. O Exército se move pela vontade e nós temos vontade de continuar. Nós somos 21 mil homens, e na fronteira somos 9.500 e temos vontade de continuar e vamos cumprir com a nossa missão. Aqui é pressão total, não vamos afrouxar”, disse o comandante.

a crítica/montedo.com

25 respostas

  1. Com mais de 25 anos no poder, psdb/pt/pmdb, é sabido que todos os comandantes estão alinhados com o pensamentos dos "donos do poder", então, pq reclamam????? Só são chefes pq leem a mesma cartilha.
    Pena tenho dos severinos jogados ao léu.
    De resto, mais parece o "estamos atentos e preocupados", que vai de nada a lugar nenhum.

  2. Isto sabemos. A tropa já esta sentindo. É hora de começarem os meios expedientes. Os militares que realizaram o CAS e os transferidos no ano de 2016 ainda não receberam a diferença das Ajudas de Custos. Um colega da carteira esta respondendo Sindicância, porque um ex-militar ingressou na Justiça para receber e ele como é da carteira esta se justificando. Dizem que os recursos não foram liberados por Brasilia. O camarada foi aprovado em Concurso saiu do EB e ingressou na Justiça para receber, com toda razão. Sabemos que ele somente fez isto por não estar mais na Força. As transferências e promoções também serão reduzidas.

  3. Os narcotraficantes, os contrabandistas de cigarros e armas, os "ex-guerrilheiros" das FARC's e a bandidagem em geral, agradecem. O governo atual continua na ficção de "tudo sob controle". Em contrapartida, verbas estão garantidas depois do "leilão" de apoio. Até quando, generais??

  4. A reserva de prontidão não pode ser usada? Então pára. Coloca a tropa no quartel; meio expediente com semana reduzida; restrição de viaturas, avião e missões. Parem com solenidades desnecessárias e coquetéis caros e parem de aceitar as "missões" para fazer de conta que tudo está sob controle do governo. Se é para cortar gastos, de verdade, cortem, não façam de conta. Prever para prover(?). Se antecipem e metam o pé na "jaca", chutem o balde.

  5. Acho que está na hora de mudarem a figura do animal símbolo de PSDB/PMDB, do tucano para um bode. Já chega de colocar esse "bode" nos quartéis. Já deu! Agora vão tirá-lo achando que os militares são idiotas. espero que não.

  6. As ONG's e entidades religiosas estrangeiras espalhadas pela amazônia, doutrinando os indígenas e as comunidades locais, com muita grana vinda de fora, vão ficar muito felizes com o enfraquecimento das Forças Armadas que,hoje, em alguns lugares, já nem podem entrar(?).Enquanto isso, lá na "Brasiland", no castelo do rei, o mundo fantasioso e de metas impossíveis, vão estourando as verbas do futuro.

  7. Quando vejo o General falando sinto orgulho falou com firmeza, demonstrou conhecimento total. Sempre falo isto quem chegou a General é porque mereceu, ninguém chega a General por acaso. As últimas promoções tem mostrado isto. Agora nem sempre o militar que foi 01 de tudo sai General, agora esta saindo quem merece. Os Generais são pessoas educadas que tem uma visão de futuro. Ele tem que escutar, analisar e decidir, tudo com calma e categoria. Parabéns aos Generais. Sabemos que existe uma votação para ser General, bem que poderia existir no futuro a oportunidade para que todos os Oficiais e Praças (ST-SGT) pudessem votar. Quem esta na tropa e que sabe como foi o Comando do Coronel fulano de tal que esta na lista de promoção. Outra sugestão que o ST-SGT-Cb e Sd tivessem a oportunidade de votar para escolher os futuros QAO. Estes sabem quem é quem. São sugestões, sabemos que este Blogger é muito importantes inclusive os Adjuntos de Comando todos os dias olham todas as matérias. Sei que vou ser chamado de "babão", não sou, sou um Praça que não foi Oficial por falta de oportunidades, criado na roça, fui estudar com 14 anos e consegui estudar supletivo, ser cabo, ser Sgt, fazer faculdade. Queria eu ter oportunidade de ser da cidade hoje eu seria Coronel e com todos os Cursos, mas meus filhos vão ser General.Não vou estar vivo para ver, mas eles serão. Sou SARGENTO FELIZ!

    1. Disse tudo amigo!! Só quem serve a maior parte do tempo com a tropa, é que conhece os anseios dela! E por consequência poderia influir na escolha de seus líderes.Dessa forma não sentiríamos os generais tão distantes e alheios ao reais problemas do EB.Ainda sonho em ver os generais realmente preocupados em ser(verdadeiros líderes), do que em ter(poder e posição).Oh… Como seria reconfortante. Ass: esposa de militar,quase sem esperança!

  8. Depois dessa choradeira através da mídia, provavelmente o governo vai chamar os generais e negociar: nós damos o dinheiro e vocês vão ter que aderir as modificações da futura previdência, assumir as ações do IBAMA, do DNIT…

  9. Homens inteligentes, preparados para agirem em guerra e situação de defesa nacional, não podem ser vencidos por políticos que não tem interesse pelo bem estar do país. O povo, a Nação em primeiro lugar.

  10. Anônimo 21 de agosto de 2017 11:28, você não acha que votar do jeito que você está sonhando seria DEMOCRACIA demais para os quartéis, não? Acorda, meu!!!

  11. Preocupação com a Amazônia?? Os estrangeiros já estão bem instalados, agindo, explorando e com as comunidades indígenas sob seu domínio e língua. Tem mais autoridade que as Forças Armadas brasileiras. Dinheiro tem. O que não tem é intenção de dá-las aos militares. É preferível reservar o dinheiro para comprar votos e permanecer no poder e longe das garras da Justiça. De que vão querer arrancar mais grana, dos parlamentares ou dos militares? O quê fazer? Os generais devem saber, já que estudaram e se prepararam tanto para esses momentos… ou não?

  12. Sr de 21 de agosto de 2017 20:12. São sugestões. Nem todos pensam igual. Imagine se todos pensassem igual. Este espaço é muito especial, podemos trocar ideia e sugestões. Sr Montedo Parabéns. Muito ajuda os militares com este espaço.

  13. Excelente! Será a volta gloriosa do meio-expediente de segunda a quinta e sexta a merecida folga. Ora, se Ministros, Senadores, Deputados Federais e Estaduais e Vereadores trabalham de Terça à quinta, porque não os militares das FFAA, também não acompanham? Se quem ganha mais trabalha pouco, porque quem ganha muito pouco tem que trabalhar muito?

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