Falta de recursos atinge fiscalização de fronteiras do País

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Contingenciamento chega a R$ 166 milhões e prazo para concluir vigilância foi adiado para 2040; sistema só monitora faixa de 600 km
CELSO JUNIOR
General Eduardo Villas Boas Foto: CELSO JÚNIOR/ESTADÃO
Tânia Monteiro e Leonencio Nossa, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA – A falta de recursos para as Forças Armadas interrompeu a implementação do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), que auxilia na fiscalização da entrada ilegal de armas e drogas no País. Criado em 2012 e previsto para ser concluído em dez anos, o Sisfron só cobriu até agora 600 quilômetros de uma faixa de 17 mil km de fronteiras. O prazo de conclusão foi adiado para 2040.
De acordo com dados das Forças, o sistema teve contingenciados R$ 166 milhões dos R$ 427 milhões que o Exército colocou como previsão na Lei Orçamentária deste ano.
Reportagem publicada nesta segunda-feira, 14, pelo Estado mostrou que o Exército, a Marinha e a Aeronáutica registraram um contingenciamento de 40% neste ano, sem contar alimentação, salário e saúde dos militares. De acordo com o comando das Forças Armadas, existe um risco de “colapso” e os recursos só serão suficientes para cobrir os gastos até setembro.
“De uma maneira geral, muitos dos causadores do problema de segurança pública nas grandes cidades passam pelas fronteiras”, afirmou o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas.
Em entrevista após participar de solenidade de promoção de oficiais no Palácio do Planalto, o comandante disse nesta segunda-feira que o contingenciamento de recursos “compromete” o Sisfron. “É essencial mantermos as fronteiras sob vigilância. Precisamos aplicar a tecnologia, um sistema avançado, que permita o monitoramento”, disse Villas Bôas.
Oficiais-generais ouvidos pelo Estado afirmaram que o País gasta mais com deslocamentos de agentes para ações de segurança nas metrópoles. Um dia de operação de um batalhão do Exército no Rio, por exemplo, custa R$ 1 milhão. O Planalto escolheu o Rio como vitrine de sua proposta de combate à violência em todo o País. A avaliação de um desses generais é de que cortar recursos do Sisfron e gastar em deslocamentos não ajudam a solucionar a violência.
De acordo com Villas Bôas, “uma segurança pública competente se materializa com policiais bem preparados e motivados e a compreensão pela sociedade da verdadeira dimensão do problema, além de equipamentos adequados”.
Fronteira norte
Além do Sisfron, a série de contingenciamentos no orçamento das Forças Armadas tem provocado impacto também no trabalho de reconhecimento nas fronteiras da Amazônia. O Exército enfrenta dificuldades de compra de combustível para que os militares possam se deslocar pelas áreas de fronteiras.
No caso do Sisfron, o Exército deu prioridade a Mato Grosso do Sul, onde foi feito o projeto-piloto. A meta é estender o sistema para toda a fronteira norte. Para isso, são necessários mais recursos tecnológicos a partir de Rondônia.
Um oficial-general ouvido pela reportagem disse que o Sisfron é uma oportunidade de as Forças Armadas proporcionarem a outros órgãos, como Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Receita Federal, a possibilidade de operar também nas fronteiras.
Custos
A interrupção de recursos para implementar o Sisfron encarece a médio prazo o projeto, por obrigar o governo a renovar contratos, e pode inviabilizar sua conclusão. Hoje, com o atraso, o projeto se estendeu de 2015 para além de 2040. Com isso, levará mais de 25 anos. E o equipamento corre o risco de ficar ultrapassado.
Atualmente o Sisfron está na 4.ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, que fica em Dourados, em Mato Grosso do Sul. O projeto envia informações para Campo Grande, mas já deveria estar repassando os dados diretamente para Brasília.
Procurado para falar sobre a falta de recursos para as Forças, o Ministério do Planejamento informou que busca resolver as questões mais graves, mas qualquer ampliação de limites orçamentários depende do aumento do espaço fiscal.
ESTADÃO/montedo.com

9 respostas

  1. Oportunidade de operar na fronteira…No Paraná temos o BPFron da PM. O NEPOM da PF. PRF tem diversas equipes na fronteira. Receita Federal até dizer chega. Polícia Civil tem grupos especializados na fronteira. MS tem o DOF. MT tem o GEFron. Detalhe: quem seria o responsável por patrulhar fronteiras?

  2. Parece que sem segurança,caminhamos para uma guerra civil brevemente.Se até para os garantidores da segurança nacional, tá faltando grana, é só aguardar.
    Quem será responsabilizado por isso?

  3. As Fronteiras que se explodam, o serviço prestados pelas FFAA nas fronteiras não ajuda em nada. armas e drogas chegam no Rio e São Paulo de monte. Se preocupem com a situação salarial de seus comandados General, pare de demagogia. A maioria dos militares esta constantemente presa em empréstimos da POUPEX.

  4. Se não gastassem tanto em supérfluos e obras sem necessidade: – é ergue parede, derruba parede, cimenta o piso, quebra o piso, tanto dinheiro jogado fora, se esse general bundao aceitar que não dêem nosso aumento, e ficar só olhando, nem uma palavra? Merece ser fuzilado

  5. É triste e vergonhoso ver, quase todos os dias, o ministro da Defesa ou o comandante do Exército tentarem explicar a situação caótica em que se encontram e tentar dar um ar de estabilidade. Será que já não passou o limite da paciência de ficar ouvindo estórias fantasiosas, de ficção, tentando atingir uma meta fantasma? Os militares não se cansam de levar "punhaladas" desse governo incompetente e marginal?

  6. O maior sonho do PT está sendo concluído. Estão deteriorando as FFAA para implantar uma Venezuela aqui dentro, o pior é que estão conseguindo, com este governo Temer que é nada mais que um dos tentáculos do comunismo. Há um bocado de infiltrados no atual governo, ganhando para esfaquear, pelas costas, com essas negociatas, o presidente, negociatas semelhantes ao dos governos Lula e Dilma. Todas as dificuldades de dinheiro simuladas neste governo é visando apenas sobra para os próprios políticos nas eleições de 2018. Estão apertando os escravos (povo) para esbanjarem nas suas campanhas. Realmente Temer está mais queimado do que "rosca de padeiro distraído".

  7. Se não tem dinheiro, passa para meio expediente e depois só alguns dias da semana. Se não tem dinheiro para manter as operações na fronteira, parem e fechem tudo. Não pode é deixar tudo aberto. Se o dinheiro é suficiente apenas para emergência e essencial, cortem as mordomias, as viagens, as festas,os coquetéis, parem as viaturas e parem os aviões-UBER da FAB para os parlamentares. Os parlamentares que ganham fortunas só chegam para "trabalhar" na segunda à tarde ou na terça e vão embora na quinta e ninguém se importa com isso.Dinheiro tem,mas não para os militares.

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