Abin ‘comemora’ saída do controle militar para o civil

Matheus Leitão
A última reforma ministerial do governo Dilma Rousseff, realizada em outubro, tem motivado uma comemoração silenciosa e discreta que passou despercebida do holofote político e dos interesses partidários ambiciosos de Brasília.
Segundo o blog apurou, servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) celebraram a extinção do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o órgão militar com status de ministério ao qual estavam subordinados, porque, com ela, foi possível a realização de uma antiga reivindicação: a transferência da Agência do controle militar para o civil.
De acordo com o informado ao blog, não se tratou de uma comemoração motivada por falta de respeito aos militares ou mesmo pelo desejo do fim da pasta. Trata-se apenas da percepção de que aquilo que a Agência pleiteava há anos começou a ser atendido.
Para quem acompanha o trabalho da Abin, a mudança sempre foi uma das pautas requisitadas, inclusive por entidades representativas dos servidores, caso da Associação nacional dos Oficiais de Inteligência (Aofi). A entidade enviou carta à presidente Dilma Rousseff, em 2011, pedindo a retirada da agência do controle dos militares e do GSI. Na data de sua extinção durante a reforma, o gabinete era comandado pelo general José Elito Siqueira, que criticou a extinção, pedindo a reconsideração da decisão.
O desconforto dos agentes e oficiais de inteligência por um controle militar ocorria, segundo explicado ao blog, porque a Abin é um órgão civil, com formação e objetivos diferentes dos militares. Enquanto a Abin exerce atividade de inteligência de Estado, o GSI, criado inicialmente com o nome de Casa Militar, tinha, entre outras funções, a guarda da presidente sob sua responsabilidade. O trabalho de segurança do chefe de Estado até usa informações da Abin, mas não é a atividade da área de inteligência como um todo.

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Mesmo em “festa”, a Abin não conseguiu, no entanto, tudo o que gostaria. A pauta inicial de reivindicações era, inclusive, que a Abin não só deixasse de ser controlada por um órgão militar, mas fosse transferida diretamente para o controle da presidente, como funcionam algumas agências de inteligência em outros países. Com a reforma, a Abin passou a responder a secretaria de governo, do ministro Ricardo Berzoini (PT).
Ao blog, a presidente da Aofi, Bia Neves, afirmou que “a Associação deu boas vindas ao ministro Berzoini porque o controle civil era um pleito antigo, desde a criação da Aofi”. Em sua página no Facebook, a entidade afirmou há alguns dias que “comemora […] o controle civil da atividade de Inteligência de Estado, efetivado há um mês”. A Aofi representa em torno de 40% dos funcionários da Agência.
“É um novo momento que a atividade está passando. A Abin é uma entidade civil. Essa é a sua identidade e as perspectivas são as melhoras. Nada contra os militares. A inteligência dos militares tem que existir e nós damos total apoio. Mas a inteligência de Estado tem caráter civil. É um órgão de assessoramento para as autoridades e em defesa da sociedade e do estado democrático brasileiro”, afirmou o presidente da Associação dos Servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Asbin), Carlos Terra Estrela. A Asbin representa mais de 50% dos servidores.
G1/montedo.com

16 respostas

  1. A grande piada é q nossos "espiões", tá brincando, são identificados em diario oficial, usam cracha, adesivo no para brisa do carro, broche na lapela,boa parte são militares aposentados, gritam inteligencia mas cortando reportagem de jornal, e hoje, olhando a net.
    esta é vida q sempre quis, tapeio bem e sou feliz.

  2. Tem um amigo meu que passou em concurso achando que ia se livrar dos chefes milicos… assim que chegou no órgão (estadual) viu que seu chefe era um Cel da Reserva e notou também que todo o órgão estava loteado com cargos em comissão por oficias das três forças… e enquanto isso, no universo dos pracinhas…

  3. A ABIN brasileira é a unica agencia do mundo onde existe concurso publico para entrar e que tem os nomes de seus agentes que passam em concurso publicado em diario oficial com acesso na internet para todos do mundo todo saber…
    Agente secreto que não é secreto e que todo mundo sabe…
    Tá na hora disso mudar e os funcionarios publicos terem mais privacidade de seus nomes para não sofrerem riscos…

  4. A jogada mais inteligente do diabo foi espalhar que ele não existe. Assim também age o sistema de inteligência militar. Bobo é quem acha que ela não existe!!! Se não fosse assim não teria tantos militares que "pensam e falam" transferidos lá pra onde Judas perdeu as meias, pois onde ele perdeu as botas é mais perto!!!

  5. A ABIN são os espioes que acham que estão espionando porem que todos sabem que são espioes e que não espionam nada.
    Uma vergonha o que acontece em nosso pais onde funcionarios publicos da area de segurança em geral tem o nome em diario oficial colocando todos e suas familias em risco.

  6. Conseguiu-se após a Constituição de 1988, manter-se a aberração de cinco ministérios militares: das três forças, do EMFA e a Casa Militar. Não há a necessidade sequer de ser um general chefe da casa militar, muito menos o estatus de ministro, dada a natureza da função.

  7. Excelente decisão!!! Não temo inteligência no Brasil, temos uma rede de foqueiros que dizem ser agentes de inteligência. No meio militar o sistema só serve para espionar seus subordinados, formados de militares medíocres, analfabetos funcionais que pensam o que seu chefe pensa. Quanto a ABIN merecem o novo chefe deles, um comunista do PT.

  8. Quem sabe agora, sob o comando civil, a ABIN passa a funcionar melhor. Onde tem militar chefiando, sobretudo os que acham que sabem de alguma coisa, tudo fica "travado". Além disso, nos quadros da ABIN, estão inúmeros oficiais da reserva, verdadeiros dinossauros que estão com a cabeça em outra época e deveriam ser substituidos. A mudança é sempre benéfica.

  9. Com militares ou sem eles, onde todo mundo é autoridade e ao mesmo tempo recebem ordens de muitos, nada funciona. Não conheço, mas deve ser uma bagunça geral. Muito "cacique" e poucos "índios". E, para complicar, devem ter equipamentos de trabalho de última geração.Geração dos anos sessenta?

  10. A galera tem que entender que o militar não têm competência intelectual nem moral para chefiar um servidor que passou em um concurso público no qual se escrevem 80.000 (oitenta mil) candidatos, com nível superior, e abre 50 (cinquenta vagas), incertas (nem todo ano o concurso abre), não é como os concursos militares que abrem umas 3000 mil vagas ,entre sargentos e oficiais, todo santo ano numa concorrência que não dá 15000 candidatos (todo ano com crise, ou sem crise rsrs). Em resumo, quem faz concurso de criança (EsPCex, EsSA, CN, EPCAr, ESSE etc) tem que mandar em criança, Sd Ev. Querem mandar em adultos? Estudem e façam um concurso de gente adulta! Grande Abraço!!

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