Morre no Rio ex-ministro do Exército Leônidas Pires Gonçalves

O general Leônidas faleceu hoje, aos 94 anos (Imagem: Rafael Andrade/Folhapress)
Estadão Conteúdo
Brasília e Rio – O ex-ministro do Exército, general Leônidas Pires Gonçalves, faleceu nesta quinta-feira, 04, no Rio, aos 94 anos. Ele sofreu complicações após uma queda que sofreu no início da semana. Pires Gonçalves, que estava hospitalizado, será velado com honras militares no sábado pela manhã, no salão nobre do Palácio Duque de Caxias, no Rio, e terá o corpo cremado à tarde.
O general foi o primeiro ministro do Exército após o fim da ditadura militar, tendo sido escolhido pessoalmente pelo presidente eleito Tancredo Neves, ainda em janeiro de 1985. Gonçalves teve atuação decisiva dois meses depois, quando Tancredo adoeceu na véspera da posse, em 14 de março, e não pôde assumir.
Segundo o general relatou em diversas entrevistas, ele atuou para que o vice-presidente eleito, José Sarney (PMDB), assumisse até que Tancredo se recuperasse – o que nunca aconteceu. Tancredo faleceu em 21 de abril, Sarney tornou-se presidente e Gonçalves continuou como ministro do Exército durante todos os cinco anos do primeiro governo civil desde 1964, cujo mandato terminaria somente em março de 1990, com a posse de Fernando Collor, primeiro presidente eleito com voto direto desde a deposição de João Goulart.
No livro “Richa, o político”, Pires Gonçalves relatou em entrevista aos autores, os jornalistas Hélio Teixeira e Rose Arruda, que estava num jantar na Academia de Tênis, em Brasília, em 14 de março, quando foi chamado às pressas ao Hospital de Base, onde Tancredo fora internado.
Lá chegando, encontrou-se com os principais líderes políticos da época, como o próprio Sarney; José Fragelli, presidente do Senado; Marco Maciel, que depois seria vice-presidente de Fernando Henrique Cardoso; Francisco Dornelles, sobrinho de Tancredo e atual vice-governador do Rio, e Antonio Carlos Magalhães.
Segundo o relato de Pires Gonçalves, os políticos debatiam sobre quem tomaria posse no lugar de Tancredo. “A discussão era a seguinte: quem toma posse amanhã? Aí eu disse: senhores, eu não sei qual é a dúvida, mas de acordo com a Constituição, artigos 76 e 77, quem toma posse é o vice-presidente, o Sarney”, conta o general no livro.
Para o ex-presidente Sarney, Pires Gonçalves foi “o último dos grandes chefes militares que tomaram parte nos acontecimentos centrais da História do Brasil”. “Sua participação na transição democrática foi decisiva e a ele devemos grande parte da extinção do militarismo – a agregação do poder militar ao poder político”, escreveu Sarney, em nota publicada em seu site.
Apesar da atuação para garantir a transição ao governo civil em 1985, Pires Gonçalves defendeu o regime de exceção que vigorou por 21 anos entre 1964 e 1985 até o fim de sua vida. Em 2012, foi um dos militares da reserva que veio a público manifestar-se contra a instalação da Comissão Nacional da Verdade (CNV).
Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo na época, o general classificou a CNV de “moeda falsa, que só tem um lado”. “Embora o discurso seja de que não haverá punição com esta Comissão da Verdade, já estão promovendo a maior punição ao Exército, que está tendo o seu conceito abalado injustamente”, disse Pires Gonçalves.
Sobre a presidente Dilma Rousseff, recém-empossada e ainda com a popularidade em alta, o general disse que deveria ter “a modéstia” de deixar de olhar o passado para olhar “para o futuro do País”.
Para o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), militar de reserva e também defensor do regime de exceção, Pires Gonçalves “não permitiu que alguém tripudiasse as Forças Armadas ao longo do governo Sarney”. “As coisas mudaram depois da saída dele. O governo FHC foi uma lástima para as Forças Armadas e com o PT passou a ser uma tragédia”, disse.
UOL/montedo.com

27 respostas

  1. Em nota divulgada em seu site, Sarney se referiu a Leônidas Pires Gonçalves como "o último dos grandes chefes militares que tomaram parte nos acontecimentos centrais da História do Brasil na última metade do século passado".

    Sarney diz ainda que o general "foi um grande soldado, um profissional exemplar, com virtudes patrióticas e morais que o fizeram uma referência nas Forças Armadas".

    "Sua participação na transição democrática foi decisiva e a ele devemos grande parte da extinção do militarismo — a agregação do poder militar ao poder político — no Brasil. Ele deu suporte a que transição fosse feita com as Forças Armadas e não contra as Forças Armadas. Pacificou o Exército e assegurou e garantiu o poder civil. Reconduziu os militares aos seus deveres profissionais, defendendo a implantação do regime democrático que floresceu depois de 1985", afirmou Sarney, dizendo ainda que perdeu um grande amigo.

  2. Exemplo de Chefe, Líder, Corajoso, Inteligente, esses são alguns adjetivos ao Homem que honrou ao Exército de Caxias e suas tradições! Vai com Deus! Que seu exemplo desperte os nossos Comandos, para o EB voltar a ter o valor que merece!

  3. Foi no periodo que ele era Ministro do EB, que os militares estavam no fundo do poço, os salarios lá embaixo, nunca vi pior.

    O Cap teve que invadir a prefeitura de Apucarana-PR, ai saiu um cala boca. Lembram ???

  4. E outra, a nossa remuneração no fundo do poço e o referido general, mudou o fardamento de passeio e determinou que todos os Of/ST/Sgt fizessem fardamento novo e nem um auxilio fardamento recebemos. E nos lascou mais ainda.

  5. Sarney falou a verdade… O ÚLTIMO DOS GRANDES…. pois depois da última reunião de comando… Não não temos mais ninguém.

  6. A MAIOR AÇÃO DESTA PESSOA FOI MUDAR OS UNIFORMES, Q ERAM BONS, CRIAR UM HORRIVEL DE USAR, FAZER ESCOLA NESTA AREA, E TER SUCESSORES Q JA CRIARAM ATE O DIA DO UNIFORME. OS MAIS VELHOS DEVEM SE LEMBRAR DA MUDANÇA E AS ESTORIAS Q JUNTO VIERAM. NADA DIFERENTE DA ATUALIDADE.

  7. Realmente ele assegurou ao Sarney assumir a presidência no lugar do Tancredo, até porque se mudasse de presidente, ele não seria mais ministro. Ele tinha perfil firme, como general, falava com coragem, isso é verdade. Mas em plena crise de remuneração mudou os uniformes militares, dando prazo, foi um vexame, me lembro bem. Assim sendo, entendo que comandante que não pensa na situação do subordinado não merece tanta ovação de que foi o último general temido. Temido para baixo, para cima foi um político, isso sim.
    Que Deus o receba e descanse em paz.

  8. PALAVRAS DO TEN CEL WALTER… "Me ensinaram nas escolas militares que o militar zela pelas condições de vida digna dos seus comandados, tanto quanto pela manutenção da disciplina e dos deveres castrenses. Eu levei isso ao máximo, talvez além. Eu cometi o crime para chamar a atenção de uma situação injusta e hoje, sem medo de errar, negligente da época", afirma.

    E AGORA, LEÔNIDAS?

  9. Eu era criança na época, não posso falar a respeito do General. Mas ao receber elogio do Sarney, me desculpem (RSRSRSRSRSR). Me falem dos atos do Sarney e Flia nos últimos anos, desses eu sei bem quem são. (Me diz com quem andas que te direi quem és). QE da Fronteira

  10. Menos um, não fez nada além de sua obrigação como militar. Poderia ter deixado uma herança melhor para os militares de hoje. Está no mesmo patamar dos nossos últimos Comandantes, recebe como Ministro e a tropa que se exploda.

  11. Viveu muito para o pouco que fez, pois só manteve o Sarney porque sabia que caso fosse outro, não seria mais Ministro, ou seja, igual aos atuais.

  12. – AOS POUCOS, ESTAMOS PERDENDO OS VERDADEIROS GENERAIS.
    Os generais de hoje (com g mesmo), são "generais de fachada" e só pensam no bem estar deles e fodam-se seus comandados.

  13. Ele disse. Militar está ganhando muito bem, se for necessário dá até para abaixar um pouco. Detalhe: a situação estava tão difícil que tinha sargento mandando a esposa com os filhos pra casa do sogro. Quando ministro, veio até Cáceres-MT, e logo depois foram reduzidas as etapas do Destacamento, sem aviso, foi cruel. Não fui prejudicado, más pra mim já vai tarde. Ele, o Bezerra Leonel….Escrevo isso porque já vi Comandante que se preocupava com comandado, chegando a ir na residência daquele Sd moderno, más com um filho com um grave problema de saúde.

  14. Vejo aqui e comprovo o ditado: "Quem apanha nunca esquece"
    Não adianta ficar de palavras e discursos bonitos que não correspondem em prática nas AÇÕES no dia a dia.

  15. A velha hipocrisia militar…agora que morreu virou santo, mas quem viveu na época que ele era Ministro, devem se lembrar das barbaridades que esse general fez com todos começando do uniforme até o famigerado salário…em 86 eu me formava e tive que fazer TODO o enxoval, quando me apresentei na nova OM tive que refazer novamente TODO o enxoval sem ganhar um tostão para ajuda, era um dos que pregava que militar ganhava muito bem, e agora que morreu tem gente com a cara de pau de dizer que ele e melhor do que os de hoje, foi um grande chefe, etc…façam-me o favor…

  16. Soube muito bem manter os seus subordinados sob seus coturnos, foi um período péssimo, só havia repressão. Os generais da época proibiam que militares estudassem, se interagissem com o mundo. Foi um horror. Alí foi o começo de tudo que estamos passando hoje.

  17. Concordo com tudo que o Ten Reis 6 de junho de 2015 13:01, disse. Agora morreu virou santo. Eu já tentei postar umas verdades aqui no Montendo mas acho que tem alguém carreirista filtrando, mas o Ten tem razão, esse cara qdo Ministro do Exército tocava o terror nas OM que visitava, era um sangue azul da pior espécie do tipo que só olhava para baixo para ver em quem estava pisando. Essa história do fardamento é verdadeira ele mudou simplesmente tudo e nada recebemos para custear esses gastos. Na época o militar já estava em franca decadência, passávamos necessidades dentro e fora dos quarteis, ai vem uns puxa sacos dizer que ele foi o melhor. Se bem que dos que vieram depois dele talvez até seja, todos foram uma porcaria, sem exceções.

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