Não contem com as Forças Armadas!

Os civis mais exaltados terão de encontrar outra forma eficaz de fazer oposição ao petismo. Mas que jamais alimentem a ilusão de que as Forças Armadas viriam em seu socorro… 
Elas são briosas demais para fazê-lo.

João Mellão Neto*
Quem está pedindo intervenção militar para debelar a atual crise, está, na prática, fazendo o jogo do lulo-petismo. Explica-se: Lula, Dilma e numerosos petistas, já de algum tempo para cá, vem brandindo essa hipótese, como se tal fosse o desejo de uma parcela da opinião pública, dentre os eleitores antipetistas. Eu, sinceramente, não acredito que esse segmento tenha a menor representatividade, mesmo dentro das Forças Armadas, que seriam, – na cabeça de vento desses adeptos do petismo- as principais interessadas em voltar ao Poder.
Ora, se os próprios militares repudiam essa eventualidade, a quem interessa esse rumor? Além de alguns gatos pingados que se mostram, com sinceridade, adeptos de tal solução, os verdadeiros divulgadores de tão estouvada idéia são os próprios simpatizantes do atual governo. Existem vários blogs na Internet, muitos dos quais, é o que se diz, financiados diretamente pelo atual governo – ou indiretamente sob patrocínio das empresas estatais (Caixa, em especial) onde jornalistas ficam brandindo tais argumentos e exorcizando o que, para eles, seriam fantasmas fardados e sanguinários. Alguns deles chegaram até a cunhar uma sigla – PIG’s que seria a abreviatura de “Partido Da Imprensa Golpista” o qual abrangeria os quatro grandes veículos de imprensa, a saber, Globo, Folha, Estadão e Abril. Há vários anos que tais instrumentos da Internet se valem de tais ameaças no desejo de mobilizar o povo contra tal “perigo”. A vontade implícita em tal discurso é o de criar um inimigo comum, que dissuada o povo de se mobilizar contra o petismo.
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Os ditos “golpistas” não passam de meia dúzia de radicais, muitos dos quais sequer se recordam do período em que os militares davam as cartas, aqui no Brasil. Não passam, na verdade de ‘inocentes úteis ‘ e, à medida que defendem a volta dos militares, estão fazendo, no fundo, o jogo do PT. Não há a menor possibilidade de as tropas deixarem os quartéis para governar o país. E há várias razões objetivas para não o fazerem:
1- desde 1985 – quando, nominalmente – terminou o ciclo militar no governo brasileiro, já se passaram 29 anos. De quando se iniciou a dita revolução de 1964, já se foram quase meio século. Na prática isso significa que todo o oficialato das três armas que atuou ou apenas apoiou o movimento, está hoje aposentado. Mesmo contando do fim do governo Figueiredo, o último do ciclo, em 1985, não há mais nenhum oficial na ativa. E, com o fim do período, as Forças Armadas vêm se dedicando, desde a Academia, aos valores mais caros à carreira castrense, quais sejam: a hierarquia, a disciplina, o senso exaltado do Dever, o legalismo e a profissionalização. Se ainda se discute política, nos quartéis, é porque isso é inerente à natureza humana. Eu, pessoalmente, não acredito que haja um único oficial da ativa (de segundo-tenente à general de exército) que sequer sonhe com a hipótese de um retorno das Forças Armadas ao Poder. Até porque idéias deste tipo contrariam ao menos dois dos seus maiores valores: o legalismo e a Hierarquia. Todos, praticamente sem exceção, entendem que o comando supremo pertence ao presidente da República, no caso presente, Dilma Roussef. Eles podem, inclusive, não achar correta a maneira que ela conduz a Nação. Mas daí a praticar qualquer tipo de insubordinação – mesmo que tal se desse apenas em nível de conversas – vai uma longa distância.
2- Castelo Branco, o primeiro general presidente, reformou profundamente todos os estatutos militares. A atualmente considerada a mais importante das atitudes que tomou, nesse sentido, foi a que criou o rodízio compulsório nos quadros do generalato. Desde então, nenhum general, por mais brilhante que seja, pode permanecer mais do que doze anos, na patente. Quatro anos, no máximo, como general de brigada, mais quatro como general de divisão e os quatro restantes como general de exército. A justificativa para tão drástica medida, à época, foi a de que os oficiais em ascensão pudessem receber as promoções a que faziam jus. Mas, ao que se diz, o objetivo maior foi o de evitar que os generais “vitalícios” tivessem tempo hábil para formar liderança no seio do oficialato.
3- Em 1964, os altos oficiais tinham um projeto, digno de tal nome, para a Nação. A Escola Superior de Guerra, na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, exerceu o papel de doutrinar civis e militares, para conhecê-lo e o fez desde 1947, quando foi fundada. Nos dias de hoje, não existe mais projeto nenhum. E tomar o Poder, simplesmente por tomar é algo que eles não fariam em hipótese nenhuma.
4- Os militares saíram machucados de sua experiência de mais de 20 anos no Poder. O maior desejo deles, hoje, é voltar a possuir o prestígio que passaram a possuir desde a Guerra do Paraguai. Eles, no seu íntimo, querem voltar a ser a “reserva moral” da Nação, o que descarta qualquer ilusão golpista.
5 – Os civis mais exaltados terão de encontrar outra forma eficaz de fazer oposição ao petismo. Mas que jamais alimentem a ilusão de que as Forças Armadas viriam em seu socorro… Elas são briosas demais para fazê-lo.
*Jornalista. Foi deputado, secretário e ministro de Estado.
Blog do Paulinho/montedo.com

13 respostas

  1. Até compreendo a exaltação dos civis mais "empolgados" com uma possível intervenção militar, pois a indignação destes e nossa, q, infelizmente, não foi suficiente para expurgar o PT, é forte.
    Aliás, toda e qq pessoa de bem está há mt tempo indignado, revoltado, desmoralizado em ter de aguentar esse desgoverno por mais 4 anos.
    Agora, 2 fatos rechaçam qq ação militar para restaurar a ordem: (i) a conjuntura política vivida na América Latina, em particular, impede tal ação; (ii) a presidanta foi eleita pela maioria, embora por diferença mínima, mas a maioria. Sendo assim, q a maioria continue desfrutando dos desmandos, da corrupção generalizada, do "me engana q gosto", pois, como dizia o sapiente filósofo, o povo tem o [des]governo q merece.
    Maj QCO Leonardo

  2. Até compreendo a exaltação dos civis mais "empolgados" com uma possível intervenção militar, pois a indignação destes e nossa, q, infelizmente, não foi suficiente para expurgar o PT, é forte.
    Aliás, toda e qq pessoa de bem está há mt tempo indignado, revoltado, desmoralizado em ter de aguentar esse desgoverno por mais 4 anos.
    Agora, 2 fatos rechaçam qq ação militar para restaurar a ordem: (i) a conjuntura política vivida na América Latina, em particular, impede tal ação; (ii) a presidanta foi eleita pela maioria, embora por diferença mínima, mas a maioria. Sendo assim, q a maioria continue desfrutando dos desmandos, da corrupção generalizada, do "me engana q gosto", pois, como dizia o sapiente filósofo, o povo tem o [des]governo q merece.
    Maj QCO Leonardo

  3. Concordo com o jornalista, fazendo apenas uma ressalva: não se pode falar em política dentro dos quartéis e ignorar as patentes inferiores às de oficial. Hoje elas são as que mais pensam e se mobilizam politicamente. Desprezá-los é fechar os olhos para uma tendência irreversivel.

  4. Então eu não sou brioso e assino embaixo … " o bonzinho morre coitadinho " já dizia um Capitão Pára-Quedista .

    S Ten Eng Marcos Pinto – RJ ( ativa ) .

  5. Desse "mato não sai cachorro"…..

    Pelo menos no que tange aos oficiais…

    Apenas algumas questões para reflexão:
    1. Quem nomeia os comandantes da marinha, EB e FAB ?;
    2.Os Cmt de força são cargo de confiança de Natureza Especial (gratificação extra de NES = R$ 11.431,88) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/Lei/Anexo/ANL11907/ANL11907-CLXVII-CLXIX.htm

    3.Os coroneis e ten cel que passaram seus melhores anos da vida ralando e estudando até o talo nas academias e escolas, ralando e comendo o pao que o demo amassou nas operacoes, missoes rolhas mao amigas a mil, engolindo sapos, voces acham que na hora que estao na "boca" de pegar uma missao de adido em londres, roma, NY, Washington e paris vao se rebelar contra o status quo ?;
    4. Os que já são os "escolhidos" vao querer arriscar perder suas mordomias?
    5. há o apoio dos americanos (CIA e IV FROTA), grandes empresários (os da "LAVA-JATO") e da grande mídia ( organizações BLOBLO)?

    Então meus caros……

    do andar de cima do convés nao sai nada…..

  6. Dizer que os "altos oficiais" tinham um projeto" e que tal coisa foi desenvolvido pela ESG só pode ser piada. O fato de não ter havido projeto algum pode ser constatado, principalmente, na eleição de 2010. A primeira colocada foi uma ex-terrorista comunista; o segundo colocado foi um ex-líder da UNE, cassado e exilado e a terceira colocada foi uma esquerdista moderna. O mesmo se repetiu em 2014, com a diferença de que a esquerdista moderna ficou em terceiro e o segundo lugar foi ocupado por um político pós-geração de 1964. O que fica evidente nisso? Que o Brasil não tem uma opção de direita para disputar o poder. E por quê não tem? Porque os militares a destruiram quando cassaram Carlos Lacerda. Além disso, os militares deixaram que o pensamento esquerdista marxista proliferasse livremente em todas as universidades públicas e privadas, mesmo nas universidades católicas. E fizeram isso porque achavam que isso os fazia "democráticos". E também porque os militares da geração de 1964 eram tão estatistas/estatizantes quanto a maioria dos militantes do PT dos dias atuais. Os militares nunca foram liberais. Nunca defenderam os preceitos do livre-empreendimento. Por isso, hoje em dia, o pensamento esquerdista-estatista e marxista prolifera, livre, sem rivais. Acho graça nesses iludidos que ficam aí chorando pela volta de 1964, como um general reformado que lamenta pelo fato de uma brigada de infantaria não poder ostentar o nome de "Brigada 31 de Março". Acordem! O anos de 1964 marca, apenas, uma grande derrota ideológica que vai demorar para ser desfeita. Foi o ano em que o pensamento de direita foi confundido com ditadura e autoritarismo, assumindo o papel de vilão. E, por sua vez, o pensamento de esquerda assumiu o papel e vítima, de coitadinho. E deu nisso aí: Dilma presidente duas vezes.

  7. Esclarecedoras as palavras do colega "Anônimo 23 de novembro de 2014 11:00".

    Concordo plenamente com a análise. É isso mesmo e, infelizmente, vai demorar muito para construirmos um pensamento político oposto ao atual.

  8. Na realidade uma intervenção militar só se dará(ou daria) com a direção americana,os verdadeiros lideres anti-comunismo.Mas discordo que as Forças Armadas devam ficar neutras se perigar estourar uma guerra civil,só para manterem um brio histórico.Na realidade a oposição não é contra pt,mas sim contra uma implantação de sistema político igual aos existente na Bolívia,Cuba,Venezuela,etc e contra a continuação de tanta corrupção,decadência moral,decadência institucional,etc.Quem sustenta o Brasil são as grandes empresas e a classe empresarial.Tenho certeza que empresários e homens de negócios não simpatizam de forma alguma com esse tipo de sistema político falido e com os últimos acontecimentos.Sendo assim,se a coisa esquentar(e com certeza vai esquentar mais ainda)as Forças Armadas serão obrigadas a intervir,mesmo sem apoio americano.

  9. Então estamos na merda?
    Vamos deixar o PT colocar o comunismo como vem silenciosamente fazendo nesses anos e agora mais evidente que nunca?
    E o treinamento que MST tá tendo com os países vizinhos?
    E o envolvimento do PT com outros países ferindo a constituição que diz claramente que não pode fazer pacto com organizações internacionais?

    E os empréstimos que a Dilma fez para outros países que não passaram pelo congresso, fazendo com que também ferisse a constituição…

    Ora, se vemos a presidente e um partido saquear claramente os cofres públicos, ferindo a constituição dia após dia e as FFAA nã podem fazer nada por seguir a constituição também, então, o Brasil não tem mais jeito.

    Quem puder, saia desse país de merda pq se as FFAA não podem e não querem tirar a Dilma do poder e o LULA que provavelmente vai voltar em 2018, os pobres, como nós, vamos nos ferrar nas filas de mercado em busca de um simples rolo de papel higiênico assim como acontece na Venezuela.

  10. Deixem a água bater na bunda de vocês para verem em que braços vocês pedirão ajuda. Essa falsa sensação de segurança que vocês sentem, na base do "dê no que dê, eu me garanto" não passa de um cadafalso sem hora e sem lugar para abrir. A caravana está crescendo dia-a-dia, porque não tem mais jeito, não tem mais remédio: só cirurgia resolve e dessa vez não cometarão os erros do passado. Tudo está contaminado: a política, a mídia, o judiciário, um monte de "inocentes úteis" e "idiotas úteis" alienados em relação a tudo que realmente se passa no país, curtindo as novelinhass plantada no circo e cultivando o marxismo cultural.
    Falsas informações, falsas conclusões, para tudo planejado décadas atrás:
    http://www.youtube.com/watch?v=iK4kZSU-5Cg

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