Exército usa spray antifogo para defesa em ações contra o tráfico.

Ataque a um soldado com coquetel molotov na Maré motivou aquisição do produto para grupamento de 220 homens

Juliana Prado
Rio de Janeiro (RJ) – Os sucessivos confrontos com o tráfico no Complexo da Maré, comunidade na Zona Norte carioca ocupada desde março pelo Exército, tem levado agentes de segurança a soluções inusitadas de auto-proteção. Mesmo em locais onde há atuação conjunta das Forças Armadas e da PM, caso da Maré, os conflitos não cessam. Muitas áreas seguem conflagradas. Depois de ver um soldado seu ser atingido em confronto por um coquetel molotov, o comandante de um dos grupamentos deslocados para a comunidade decidiu adquirir um spray antifogo, produzido na Eslovênia, revendido no Brasil e utilizado para extinguir pequenos incêndios.
Depois de conhecer o equipamento numa feira de segurança, o comandante decidiu comprar 220 unidades, uma para cada homem do seu destacamento. Como parte de uma espécie de arsenal de guerra, o material foi utilizado pela tropa durante dois meses, de agosto a outubro, como forma de se precaver de ataques como queima de contêineres das Unidades de Polícia Pacificadora, realização de barricadas com fogo em pneus e o próprio uso de coquetéis molotov.
Quem conta a história é Péricles Mattos, diretor comercial da empresa Just Bonpet, que tem a exclusividade da venda do produto no Brasil e Mercosul. “Em uma feira, recebemos a visita de um major do Exército, assessor do comandante da Força de Pacificação da Maré”, conta. “No dia seguinte, veio o tenente coronel responsável pelo destacamento ao stand e nos relatou que tinha tido um problema com um dos seus soldados, em uma incursão na Vila do João (na Maré), atingido pelo coquetel molotov”. Daí o interesse no produto e a compra dos frascos.
Péricles conta que, durante dois meses, os homens do destacamento portaram o spray, de forma experimental, mas que não chegou a ser necessário o disparo do produto. Ele afirma que outras corporações, como Guarda Municipal do Rio, Fuzileiros Navais e a Marinha já se mostraram interessados no material, sobre o qual eles têm o direito de venda desde agosto. No caso da Guarda, a ideia seria ter um produto para utilizar em futuras manifestações, como as de junho de 2013, em que eram comuns os focos de incêndios nas vias públicas.
“O spray é perfeito também para as barricadas (onde há presença de fogo e geralmente são feitas por traficantes para impedir acesso da polícia e do Exército). O pessoal sempre coloca fogo em pneu, lata de lixo… essas forças estão sempre à mercê dos bombeiros. Até o bombeiro chegar ao local, às vezes o mal já foi feito”, afirma o diretor comercial da empresa, cujos produtos estão em exposição na segunda edição da Riosec, feira de segurança que acontece no Rio até sexta-feira.
Da Eslovênia para a Maré
Até se tornar um item do “arsenal de guerra” na Maré, o spray antifogo percorreu um caminho inusitado. E longo. O material é produzido na Eslovênia, país do Leste Europeu, antiga república da Iugoslávia, que tem a patente de fabricação desde 1999. Os proprietários da ideia original são japoneses, que começaram a produção em 1953 e depois a repassaram. “Tem uma fábrica na Eslovênia e eles entraram em contato conosco e resolvemos fazer um contrato de exclusividade de importação e comercialização”, explica o sócio.
O spray possui um líquido que tem em sua composição reagentes químicos. Ele atua nas três principais características de um incêndio: esfriando, abafando e isolando o ambiente. Segundo Péricles Mattos, o spray pode ser usado em qualquer categoria de incêndio: fiações, combustíveis, isolantes, plásticos e na natureza. De acordo com a empresa, o material é biodegradável e, em contato com o ser humano, não causa danos à saúde.
Cada spray custa R$ 180. Existem outros formatos do produto, como a granada, que pode ser arremessada sobre o foco do incêndio em situações em que é preciso agir com muita rapidez; e a ampola, para ser afixada em ambientes fechados, como os contêiners, escritórios e até residências. Ao atingir 85 graus de temperatura, a ampola se rompe automaticamente, sem necessidade de contato.
TERRA/montedo.com

2 respostas

  1. Interessante ! Por quê as outras corporações PM, BM, as guardas municipais ? E também empresas com grande números de funcionário, grandes edifícios, navios, etc.
    Valeu ..

  2. Tem que levar é um lança-chamas para torrar o traseiro dos traficantes e vendedores de drogas.Faz uma operação como no início, com blindados, helicópteros pesados, calibre 50 e, quando os bandidos fugirem pela mesma estrada lá do alto do morro, mete fogo. Não fica só assistindo. Viu no que deu? Sobraram muitos, principalmente os chefões ajudados por PM, que devem ser presos. Não vai acabar com todos eles, mas a praga diminui.depois deixa a favela. Até a próxima! Tentem fazer uma simulada. Divulguem que vai acontecer e vejam o resultado.

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