Terceiro sargento: primeiro do mundo, judoca ressalta “experiência” única no Exército.

Charles Chibana no Exército (Foto: Jorge Rodrigues)
Charles Chibana passou por estágio de três semanas
 no Exército (Foto: Jorge Rodrigues)
Agora 3º Sargento, judoca Chibana exalta “experiência única” no Exército
Nº 1 do mundo dos meio-leves integra Programa de Atletas de Alto Rendimento junto com outros 16 judocas, que já passaram por estágio com direito a treino na selva

José Geraldo Azevedo
Rio de Janeiro – Número 1 do mundo da categoria meio-leve (66kg) e uma das apostas do Brasil na busca por uma medalha olímpica nos Jogos do Rio de Janeiro em 2016, o judoca Charles Chibana, de 25 anos, passou por uma “experiência única” no último mês, logo depois de disputar o Mundial de Chelyabinsk, na Rússia. Ao lado de outros atletas, ele participou de um período de estágio no Exército Brasileiro, na Fortaleza de São João, no bairro carioca da Urca. Chibana foi incorporado como 3º Sargento Técnico Temporário, com a qualificação em “desporto de alto rendimento”, e agora integra o Programa de Atletas de Alto Rendimento (PAAR).
O programa do Exército surgiu em 2009 e hoje tem 198 atletas de alto rendimento distribuídos por 18 modalidades. Eles são incorporados nas graduações de sargento e soldado, dependendo do nível esportivo. O salário gira em torno de R$ 2.700 para os sargentos e R$ 1.200 para os soldados, além de outros benefícios. O tempo de duração é de no máximo oito anos. Naturalmente, o atleta tem que se manter em alto nível, competindo e treinando.
Outros importantes atletas brasileiros fazem parte das forças de combate e defesa e do país. No Programa Olímpico da Marinha (Prolim) estão nomes como as judocas Sarah Menezes, Mayra Aguiar, Erika Miranda, Maria Portela, Ketleyn Quadros e Maria Suelen Altheman, assim como atletas de vôlei de praia, natação, taekwondo, futebol feminino e luta olímpica, esta última modalidade com a presença da campeã mundial Aline Silva. Nesse ano, a Aeronáutica formou sua primeira turma de sargentos atletas, e entre eles está o bicampeão da Maratona de Nova Iorque, Marilson Gomes dos Santos.
– Não conhecia nada mais profundo sobre o Exército. Tive a oportunidade, fui convidado, aceitei, e achei muito legal a vivência do soldado, dos pelotões. Entrei como 3º Sargento. É uma vivência nova, tivemos até curso de sobrevivência na selva. Foi muito prazeroso. O próximo passo é levar todos os ensinamentos que aprendi no Exército para a vida inteira, foi uma experiência única o que passei. Foram três semanas de muitos ensinamentos – contou Chibana.
O PAAR tem em seu programa 17 judocas, entre eles Alex Pombo, Eric Takabatake, Felipe Kitadai, Leandro Guilheiro, Luciano Corrêa, Rafael Silva e Victor Penalber, assim como Gabriela Chibana, prima de Charles – todos fazem parte da seleção brasileira de judô. Gerente do programa, o Major Romão, que foi atleta de pentatlo moderno por 14 anos, com participações em Olimpíadas e Jogos Pan-Americanos, explicou um pouco mais sobre os objetivos do PAAR.
– O objetivo inicial era melhorar a representatividade do Brasil nos V Jogos Mundiais Militares, que seriam realizados no país em 2011. Como o país seria sede, teríamos que ter no mínimo uma resposta à altura de tanto investimento. Além do mais, já era hora de as Forças Armadas lançarem o PAAR no Brasil, uma vez que praticamente todos os outros países já haviam feito isso no Conselho Internacional do Desporto Militar (CISM). Países como a Alemanha, França, Itália, todo o Leste Europeu e os países asiáticos já possuíam seus programas de atletas de alto rendimento. Com isso, o PAAR foi lançado – disse o Major Romão, também comentarista do pentatlo moderno no SporTV.
Charles Chibana fez sua última luta no dia 29 de setembro, quando ajudou a equipe do Brasil a vencer o Japão no Desafio Internacional de Judô, evento inédito realizado em um teatro em São Paulo. Ele venceu Jumpei Morishita por ippon, na última luta do confronto, e fez a festa dos torcedores na cidade que nasceu. Antes disso, contou que passou por apertos durante o estágio.
– Quando estávamos no acampamento, fomos divididos em três grupos e tínhamos que montar o nosso abrigo. Como somos iniciantes nisso, imagina como ficou. Tínhamos que usar o que tínhamos, no caso um poncho (vestimenta) de cada integrante e um barbante, só que não tínhamos muito barbante, então começamos a usar esparadrapo. Depois, ele acabou e usamos fita isolante, e por fim usamos fio dental, ficou uma belezura (risos). Mas deu para a gente dormir bem, já que estávamos todos exaustos – relembrou.
Mosaico Judocas no Exército, judô (Foto: Jorge Rodrigues)
O estágio serviu para adaptar os jovens sargentos à vida militar.
– Os objetivos do PAAR são estimular a prática desportiva junto ao público interno, transmitir conhecimento para as áreas envolvidas no esporte, projetar a imagem da Força Terrestre, representar o Exército e as Forças Armadas em competições nacionais e internacionais e por fim colaborar com o desenvolvimento do desporto nacional – completou o Major Romão.
Chibana promete se dedicar durante o período em que estiver no Exército e ainda cita a possibilidade de integrar a delegação brasileira nos próximos Jogos Mundiais Militares, que acontecem na Coreia do Sul. A sexta edição da competição será entre os dias 29 de maio e 5 de junho, na cidade de Mungyeong.
– Vou aproveitar ao máximo esse tempo. Acabei de começar. No ano que vem tem Jogos Mundiais Militares na Coreia do Sul e posso participar, mas vai depender de outras coisas. É uma competição muito forte no judô, com várias potências como Rússia, Coreia, Cazaquistão e Uzbequistão – disse o judoca, ainda impressionado com a experiência que teve.
– Essas três semanas que passei na Fortaleza de São João foram uma experiência única, onde conheci amigos de várias modalidades e tive aprendizados que levarei para a vida – finalizou.
GLOBO ESPORTE/montedo.com

6 respostas

  1. Atletas que entraram no Exército pela janela. Não são militares, estão militares !!!!
    Semana passada ouvi na rádio Band News FM um relato, provavelmente do pessoal de saúde, de militar criticando a utilização de SargentAs STT de saúde nas operações na favelas do complexo da Maré (Rio de Janeiro).
    Foi relatado que elas são escaladas para fazerem revista em mulheres durante as patrulhas, mas que num episódio em que houve um tiroteio uma SargentA urinou nas calças dentro da viatura, por medo.
    Durante o relato anônimo ao comentarista Ricardo Boechat foi criticada a presença das SargentAs temporárias porque elas não eram preparadas para tal função, que apenas recebiam treinamentos num período de 45 dias e que o edital de convocação dizia que elas trabalhariam em hospitais, blá, blá, blá…
    Resumo, para colherem os benefícios da caserna os temporários querem ser reconhecidos como militares, mas para assumir ônus esquivam-se no fato de que não são treinados para participarem de operações.
    Nunca via a qualificação "desporto de alto rendimento" no universo de códigos de ocupação brasileiro do Ministério do Trabalho. Se isso é uma profissão, por certo é uma NOVA, uma invenção do Exército para justificar o lançamento dos editais de convocação para atletas, pois o serviço técnico temporário só é legal se convocar cidadãos que preencham requisitos profissionais com profissões regulamentadas por lei. Esse papo de colocar atleta justificando "desporto de alto rendimento" é mais uma gambiarra do Exército.
    Enquanto isso no Exército de verdade… Comemos frango com farofa todos os dias.

  2. Assim fica fácil! Vou chamar o Neymar para ser Sargento Técnico da QMS Atleta de Alto Desempenho… o Brasil não perderia uma, mas qual a graça? Quero ver treinar o Sargento Comandante de Grupo para ser um atleta… aí sim as vitórias no desporto militar teriam sabor. O esporte é utilizado pelos militares como meio de se preparar para sua destinação fim (Tiro, orientação, corrida, natação, etc)… agora, o que querem fazer é transformar o esporte em atividade fim do Exército. Te pergunto: esses atletas fantasiados de militares, além de representarem as FFAA nas competições militares, o que mais fazem? Tiram serviço? Participam da pacificação da Maré ou do Haiti? Ministram palestras ou cursos nas suas áreas esportivas para os militares dos quartéis? Pra mim, isso é apenas uma manobra do alto comando para fazer uma média mundial, trazendo algumas medalhas para o Brasil em competições militares. Tirando isso, esses pseudo-militares não ajudam em nada na nossa destinação constitucional.

  3. Sr Montedo, se possível, apresente o vídeo que segue em seguida.
    Kelmerson Henry Buck é major da reserva, vinculado à 14ªCSM e reside em Piracicaba.


  4. Incorporado como 3º Sargento Técnico Temporário, com a qualificação em "desporto de alto rendimento",alguém sabe me dizer, onde faz esse curso Técnico?

  5. E no quartel que sirvo em Curitiba faltam 63 sargentos dos 142 previstos. Isto contando os QE que por vezes ocupam vaga de Cb.Com a reserva destes o déficit será maior, já q quem entra no lugar é um Cb. E depois a Região Militar diz que não pode contratar mais STT pq o teto foi alcançado. e que Brasília não aumenta este teto pq o teto de STT do EB já foi alcançado também. Elaiá.

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