Militares evocam ‘honestidade’ e se arriscam em candidaturas pelo país

PAULA SPERB, DE SÃO PAULO
Os militares participam em peso das eleições deste ano para tentar assumir o poder novamente –desta vez pelo voto direto.
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a soma de militares das Forças Armadas e das polícias militares estaduais aponta para 791 oficiais na disputa.
O número representa 3,48% do total dos candidatos e é elevado se comparado a profissões “populares”, como administradores (2,72%), por exemplo.
“O Brasil está precisando de políticos que se arrepiem ao ouvir o Hino Nacional!”, diz o comandante Sérgio (PSC), candidato a deputado estadual no Rio de Janeiro.
Simpatizante do movimento Ternuma (Terrorismo Nunca Mais), que ele define como “um contraponto a um governo que reescreve a história do Brasil pelo lado dos que desejam implantar outra ditadura –a comunista”, comandante Sérgio destaca as principais características dos militares aspirantes a políticos: honestidade, competência, lealdade, determinação e entusiasmo.
O comandante não é o único a evocar a “honestidade” como ponto a favor dos militares.
General Peternelli (PSC), candidato a deputado federal em São Paulo, também enxerga a necessidade de “moralizar” a política e aposta na confiança da população nas Forças Armadas.
Para Peternelli, não há nada negativo na associação da imagem dos candidatos com a ditadura militar, período em que a sociedade não podia votar para presidente. Pelo contrário.
“As pessoas se reportam [à ditadura] como um período de probidade, transparência e honestidade. Dentro desse enfoque, a minha candidatura é bem vista por parcela expressiva da população”, diz Peternelli.
Entre as principais propostas do general há um maior incentivo, inclusive financeiro, às Forças Armadas. “Antes bastava uniforme, armamento e cantil. Hoje, o nível de conhecimento e equipamento é muito maior. São óculos de visão noturna, miras lasers, vants [veículos aéreos não tripulados] para monitoramento em tempo real”, explica Peternelli.
O general propõe também que projetos estratégicos do Exército, Marinha e Aeronáutica não sejam interrompidos por falta de recursos.
Outro apoiador do Ternuma é o comandante Ribeiro Afonso (PHS), candidato a deputado federal no RJ. Suas propostas incluem melhorias na saúde e educação e apoio à classe média: “Me proponho a defender esta classe tão sacrificada pagadora de altíssimos impostos e que sustenta este país muito caridoso”. Afonso diz que votará em Aécio Neves (PSDB) para presidente. Segundo ele, é o “mais preparado”.
Os militares também são presença nas chapas majoritárias. No Rio de Janeiro, general Abreu (PRB) concorre a vice-governado na chapa pura de Marcelo Crivella.
Abreu também acredita na popularidade dos militares. O “carisma”, segundo o general, vem da “credibilidade” das Forças Armadas.
“A gente verifica isso na rua”, diz o único que vai votar em Dilma Rousseff (PT) para presidente, por coerência da coligação.
Sobre a ditadura militar, Abreu afirma que “a população está pouco preocupada com esse aspecto”. De acordo com ele, a ditadura não influencia negativamente a escolha do voto.
Comandante Sérgio e general Peternelli declaram voto no Pastor Everaldo, do mesmo partido que eles, embora digam que não são evangélicos.
CHAPA PRESIDENCIAL
Uma única chapa à Presidência possui um militar na composição. Coronel José Alves (PRTB) concorre a vice-presidente apoiando Levy Fidelix, do mesmo partido.
Em entrevistas, Fidelix não costuma disfarçar uma dose de simpatia pela ditadura militar. No dia 25, após conceder entrevista ao TV Folha, Fidelix procurou o número de telefone do seu vice na agenda do celular e apontou para a tela: “Não consigo nem encontrar no meio de tantos militares nos meus contatos”.
Coronel José Alves não atendeu o pedido de entrevista do blog.
O almirante Dobbin, presidente do Clube Naval, assinou editorial na revista do clube pedindo uma atenção especial aos candidatos das Forças Armadas nas eleições de 2014.
“É duro assistir a diplomação de oportunistas, semianalfabetos e de suspeitos de delitos de toda sorte. Podemos ajudar a melhorar esse quadro. O Brasil merece”, diz Dobbin no texto.
O almirante também lembra: “Sei que todos temos preocupações e entendemos serem necessárias mudanças na política brasileira. O único caminho é o do voto, do voto consciente. Não há outro”.
Folha de São Paulo/montedo.com

2 respostas

  1. É por isso que eu afirmo: Temos que votar em candidato que seja Praça. Vejam as principais propostas do general, obviamente, são importantes (sem sarcasmo), mas nosso principal projeto estratégico deveria ser, não perder o "feijão com arroz", já que o filé nunca tivemos mesmo. Sou praça e estou atolado em dívidas, estou beirando o desespero (literalmente). Antes que digam não sou perdulário, passei por diversos problemas pessoais de saúde entre outras coisas, tudo num curto espaço de tempo. Concordo com o companheiro do tópico anterior "Sargento Feliciano", que precisamos, não sei se de lei, mas, organizar sim as promoções dos Praças que hoje em dia estão diretamente nas mãos do Comando e eles quase sempre gerenciam de maneira desinteressada e inconsequente, pra dizer o mínimo. Não pode um militar com 20, 25, 30 anos ou mais de serviço, sem nenhum impedimento objetivo, ficar anos e anos no quadro de acesso a QAO (em alguns casos), sem ser promovido e sem poder ir embora, pois ainda não tem tempo, sendo sistematicamente preterido por outros militares bem mais modernos, quebra-se assim, o primeiro pilar básico da Instituição a HIERARQUIA, tornando-a capenga de um único e trôpego pilar, a DISCIPLINA (ainda). Esses caras (o Comando), não tem noção de como isso destrói um profissional, um ser humano e um pai de família, após anos de serviços de dedicação exclusiva a Instituição. É uma pena de morte, aonde o camarada jamais é executado e permanece para sempre no corredor da morte, na esperança de que alguém algum dia (GOVERNADOR=COMANDO), revogará a sentença na última hora e lhe concedendo o perdão (a MERECIDA PROMOÇÃO). Como diria Boris Casoy: "ISSO É UMA VERGONHA!"

    Em tempo: Não sou baixado, estou pronto por serviço "Sem recomendações"

  2. Vejam a declaração de bens dos candidatos militares junto ao TRE, e tirem suas próprias conclusões. Tem milico milionário. Haja hora extra economizada.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo