Reserva Ativa: tenente do Exército e empresário criam plataforma para empregar militares reservistas

Tenente e empresário criam plataforma para empregar militares reservistas
Projeto, construído nos limites entre a iniciativa privada e as Forças Armadas, oferece banco de talentos nos moldes do idealizado pelo Exército
Vitor Sorano/iG

Fábio Paulo Ferreira, diretor comercial e face pública do Reserva Ativa, portal de recolocação de reservistas
Marcela Lima e Vitor Sorano – iG São Paulo
O tenente do Exército Cesar Galdino Filho deixará a farda em 2014 – uma atitude tomada por cerca de 50 mil integrantes das Forças Armadas que, em seus cálculos, todo ano passam para a reserva. O militar viu nesse contingente um mercado, e criou nas horas vagas o Reserva Ativa, uma espécie de bancos de talentos online para intermediar o caminho entre a caserna e as empresas.
Segundo Galdino, a dificuldade de colocação dos reservistas no mercado de trabalho – muitos deles jovens, por terem feito a carreira temporária de oito anos – os leva a acabarem subaproveitados.
“O salário de um tenente hoje é de R$ 5,5 mil. No Nordeste, houve um que [ se inscreveu no site e ] colocou como pretensão salarial R$ 1,5 mil por mês”.
O projeto foi construído nos limites entre as Forças Armadas e a iniciativa privada. O tenente ainda não transita em trajes civis durante o dia, e por isso não pode formalmente ser dono de um negócio – embora os bicos informais sejam uma realidade para a maioria dos militares da ativa, segundo a Associação Nacional dos Militares Brasileiros (ANMB), e o próprio Exército busque aproximações com o empresariado para inserir os reservistas.
A face pública do Reserva Ativa, então, está nas mãos por enquanto de Fábio Paulo Ferreira, diretor comercial da empresa e vice-diretor da distrital oeste do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), que ressalta o acesso a uma mão de obra que vai “dizer ‘sim, senhor’ no chão de fábrica”.
“Para as empresas, é um sonho de consumo ter um profissional de Exército trabalhando para elas”, afirma Ferreira. “Do tocador de bumbo ao engenheiro de rodovias, o Exército tem tudo. Mecânico, torneiro. Esse pessoal com essa disciplina está faltando.”
Monetização
O Reserva Ativa foi desenvolvido por Galdino, que investiu entre R$ 20 mil e R$ 25 mil do próprio bolso – diferentemente de tantos outros projetos online, evitou o apoio de investidores-anjo.
“Mas tenho certeza que [o investimento] vai retornar”, diz o militar. “Depois do expediente ficava nessa missão até de madrugada. Foram oito meses em desenvolvimento.”
Como o cadastro de currículos pelos candidatos e de vagas pelas empresas é gratuito, o lucro, segundo os sócios, será obtido por meio de três fontes: venda de anúncios no site, cobrança de comissão sobre convênios e de assinaturas das companhias – de R$ 300 a R$ 1,8 mil – em troca de serviços personalizados de caça-talentos.
Projeto nacional
A recolocação dos militares que vão para a reserva preocupa o Exército Brasileiro. Em 2010, a Força editou uma portaria em que previa a criação de “um banco com informações sobre as qualificações do pessoal” para ser partilhado com “grandes empresas”.
Embora o Reserva Ativa vá nesse sentido, ambos afirmam que a apresentação do projeto ao comando do Exército em São Paulo exigiu cuidados. Mas a recepção foi positiva.
“[ O fato de pertencer à ] instituição [ Ciesp ] ajudou para caramba”, diz Ferreira.
A ideia, agora, é conquistar o comando em Brasília para divulgar a iniciativa para as outras regiões militares e para Aeronáutica e Marinha.
“O Reserva Ativa está em processo de análise para que a gente se torne a ferramenta oficial do Exército brasileiro para o pessoal da reserva”, diz Ferreira.
Presidente da Associação Nacional dos Militares do Brasil (ANMB), Marcelo Machado, elogia a iniciativa do tenente Galdino.
“Ele vai conseguir recolocar muitos militares que forem para a reserva. [ E o militar da ativa ] não deve pensar duas vezes [ se tiver uma oportunidade de ir para a iniciativa privada ]. Ficar hoje dentro das Forças Armadas é prejuízo na certa”, diz Machado. “Conheço 2º sargento que vende pipoca no trânsito.”
Procurados, o Comando do Exército em Brasília e o Comando do Exército da 2ª Região não comentaram o assunto. O Ciesp informou “em nenhum momento interfere nas ações individuais de seus diretores nem responde por parcerias firmadas fora do âmbito institucional”. (R.A.)
iG Economia/montedo.com

Nota do editor
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7 respostas

  1. Por que o Comando das Forças, não pensou em uma coisa tão simples, objetiva e extremamente importante. O militar seja ele da ativa ou temporário, sempre carrega consigo as raízes adquiridas na vida castrense.

  2. Caros correligionários, eis a questão: Os oficiais possuem uma lei de promoção, agora os Sgt QE tem uma lei de promoção e nós praças de carreira concursados temos um simples Decreto Presidencial – regulamentado por uma portaria (coisa de porteiro), que vergonha, humilhação, é triste…

  3. Infelizmente hoje não podemos ter uma reserva tranquila, pois os salários aviltantes que recebemos não nos proporciona uma vida digna quando nos aposentarmos. Estamos vivendo hoje igual aos policiais militares do passado, de bicos como vendedores, segurança e até animadores de festas e garçons, os policiais hoje vivem como viviamos no passado, tem seu salário muito valorizado, trocam seus carros, melhoram suas casas, investem em imóveis, tem descontos em escolas, faculdades e são muito mais valorizados. Conselho: estudem para que tenham uma profissão no futuro, façam por onde, não fiquem esperando pela instituição, pois dela não teremos nada além do regulamento.

  4. Como Sub "Véio" indo pra reserva sem possibilidades de promoção vou ver se arrumo uma vaguinha como coordenador da faxina nessa conceituada empresa, isto é, se nenhum baba ovo queimar o meu filme como rotineiramente acontece no EB!!!

  5. Eu ainda não sei porque tem o tal do serviço militar obrigatório nesses anos todos de força,é aquele negocio enquanto ninguém reclama nada muda né deixa uma hora que um camarada entrar em contato com a ONU falando sobre isso pq isso senhores fere os direitos humanos, a mais é BRASIL mesmo então vamos deixar pra lá não vai dar em nada mesmo e eu também to saindo pra reserva mesmo.

  6. Gente sei que não estamos em conflito mas temos que a todo tempo estar preparado para o mal maior logico teoricamente pois na situação atual de hoje em dia todos sabem como andas as coisas né,mas pq não copiamos alguns métodos que os USARMY usam olha eles estão em conflito a quase que todo momento ao redor do mundo todos sabemos,e eles nem tem serviço militar obrigatório pq não copiamos ou adequamos nossas FAAA igual a eles não seria bem mais fácil para nós e até mesmo para os soldados pq pelo que eu sei lá eles não tem esse problema de ex-soldado ir para o trafico de drogas matar policial e organizar esquema de rouba a banco utilizando métodos que aprendeu na caserna mas me corrijam se estiver errado por favor.

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