Sob Lula, Abin espionou imprensa, diz tenente coronel do Exército

Abin espionou a imprensa no governo Lula, diz ex-analista
Dois dias depois de protocolar o documento no Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, órgão de cujo organograma pende a Abin, o tenente-coronel Soares foi demitido da agência

Josias de Souza
Tenente-coronel do Exército, André Costa Soares trabalhava como analista de informações do Departamento de Contra-Inteligência da Abin havia dois anos. No final do expediente do dia 18 de junho de 2004, foi chamado à sala do seu chefe, o coronel João Noronha Neto, coordenador de contrainteligência da agência. Recebeu uma tarefa externa relacionada a uma missão cujo objetivo lhe chamou a atenção: ”Operação Mídia”.
Embora realizasse tarefas internas, o tenente-coronel foi destacado para uma missão externa. Deveria procurar um informante. Recebeu o nome do contato, sua profissão e o local do encontro. Achou estranhou. E pediu que a ordem fosse formalizada por escrito. Algo que seu chefe, o coronel João Noronha, negou-se peremptoriamente a fazer.
A “Operação Mídia” era clandestina, o tenente-coronel Soares descobriria depois. Visava espionar jornalistas e donos de meios de comunicação. Incomodado, o oficial do Exército resolveu comunicar os fatos à direção geral da Abin. Fez isso por escrito. Redigiu, em 25 de junho de 2004, um documento de seis folhas. A peça foi obtida pelo repórter Robson Bonin, que expôs seu conteúdo na última edição de Veja. Ficou-se sabendo que, sob Lula, a Abin teve a imprensa como alvo.
“…Tomei conhecimento que o referido informante é da denominada Operação Mídia”, anotou o tenente-coronel Soares no documento. “Esta operação, conforme documento do CCE [Coordenação de Contra-Espionagem] (anexo), está em curso, em Brasília, com despesa para o DCI [Departamento de Contra-Inteligência], não incluída no Plano Nacional de Contra-Espionagem (PNCE)…”
Dois dias depois de protocolar o documento no Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, órgão de cujo organograma pende a Abin, o tenente-coronel Soares foi demitido da agência. Localizado pelo repórter em Belo Horizonte, ele confirmou o teor do documento. “A operação tinha como alvo a imprensa. Não tenho condições de afirmar em que proporções, mas a imprensa era o alvo.”
O oficial não quis revelar detalhes do que testemunhou na Abin. “Tenho documentos que provam que essa operação estava em curso em Brasília”, limitou-se a dizer. “Em vários documentos internos que devem estar arquivados na Abin eu detalho todos esses fatos”.
Além de protocolar seu texto de seis páginas, o tenente-coronel Soares fez a denúncia pessoalmente, numa conversa com o general Wellington Fonseca, adjunto do também general Jorge Félix, então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Segundo conta Soares, o general Fonseca “lamentou o episódio, mas, até onde eu sei, não tomou nenhuma providência.”
Procurado, o GSI, órgão que abriga a Abin não quis comentar o caso. Em nota, escreveu que “não se manifesta, publicamente, sobre o conteúdo de documentos da Agência Brasileira de Inteligência.”
Blog do Josias, via Jornal Luizilândia/montedo.com

Comento:
O tenente coronel Soares cumpriu à risca o regulamento: pediu por escrito uma ordem que lhe pareceu duvidosa. Não levou e ainda foi demitido. E viva a lealdade e a sã camaradagem!

2 respostas

  1. Companheiro,fui reformado a bem da disciplina com 28 anos de serviço por perseguição política, onde por várias vezes forjaram deserções, transferências ilegais e até mesmo prisões, totalizando 240 dias de cela. Tendo inclusive minha casa invadida e revirada pela Policia do Exército, onde minha esposa e filha foram ameaçadas com prisão, mesmo já estando reformado. Eles tem medo de que um dia seja eleito um Sargento MACHO DE VERDADE,que vai acabar com esses abusos de autoridade, que não vai vender a alma para o diabo para ter benesses, como faz nossos Comandantes Militares, um Sargento de verdade por estado para lutar por salários dignos e investimentos para as Forças Armadas.Sargentos de verdade, pois temos mais de 20 (vinte) estados Brasileiros. Nossos companheiros, são medrosos sim, pois são formados para ter medo e não combater, digo a maioria. Tudo isso devido a um sistema onde subjulga os Praças, mantendo cadeias dentro dos Quartéis para servir de referência aqueles que tentam se opor ao sistema. Companheiro, você tinha que continuar sua luta e não pedir baixa, você fraquejou e eles adoraram. Foi ingênuo, ao pedir votos para os Oficiais, perdendo tempo e pouco dos seus recursos, tendo milhares de Praças espalhados pelo Rio de Janeiro.Tive 10 (dez)pagamentos cortados e a todo momento diziam que iriam me expulsar. Tenho mais de dez elogios nas minhas alterações, sempre fui um excelente militar, mas sabe, vendo tanta corrupção e covardias contra os Praças ( aumentos 28.86, GCET, promoções, PNRs,transferências, alimentação até na assistência médica há covardia, etc… parti para a luta.Fui reformado com salário proporcional é estou processando esses muquiranas, onde virei receber uma indenização milionária. Em 2006, em plena campanha eleitoral, me deram deserção, onde fui também, absolvido.Em respeito ao blog e seu idealizador, que eu admiro muito, não posso xingá-los. O bom de tudo isto é que eu se eu continuar vivo, pois a fila está grande e as ameaças tem aumentado, eu vou viver para retribuir o tratamento que me deram.O QUE NÃO ME MATA ME, FORTALECE. UNIDOS SOMOS MUITO FORTES!

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