Jovens apostam no Exército para se preparar para o mercado de trabalho

Seleção permite que profissionais atuem por sete anos na instituição.
Remuneração e estabilidade são os atrativos, segundo sargentos.

Bibiana Dionísio
Do G1 PR
Colaço (Foto: Bibiana Dionísio/ G1)
Remuneração oferecida pelo o Exército chamou a atenção do técnico-administrativo Rafael Colaço, que hoje é 3º sargento (Foto: Bibiana Dionísio/ G1)
O trabalho para o Exército brasileiro tem se concretizado como uma opção profissional para os profissionais em início de carreira e também para os jovens, de 18 anos, que a partir de alistamento obrigatório descobrem na rotina caracterizada pelas regras rígidas e pela disciplina uma oportunidade para planejar a vida profissional e também pessoal.
A remuneração e a estabilidade, ainda que sejam por tempo pré-determinado, acabam sendo atrativas. Esses fatores pesaram na decisão do 3º sargento Rafael Colaço, de 30 anos, que integra a sede da 5º Região Militar, que fica em Curitiba. Ele entrou no Exército como técnico-administrativo, há um ano e meio, graças a um Processo Seletivo. O sargento Colaço sabe que daqui seis anos e meio ele terá que sair da instituição e já se prepara para esse dia. Os contratos são renovados anualmente e no final existe uma indenização calculada a partir do salário e do tempo que o profissional ficou no Exército.
“O que me chamou atenção na época foi a remuneração, que eu avaliei ser uma boa remuneração”, lembrou Colaço. Naquele momento, ele não sabia nada da instituição, e a escolha do Colaço causou estranheza entre familiares e amigos. O sargento comentou que todos questionavam o porquê entrar no Exército aos 28 anos.
O sargento destaca que quem ingressa no Exército por essa via precisa ter em mente essa questão do contrato temporário e aproveitar a estabilidade para se aprimorar. Isso significa, acrescentou, que a pessoa não pode se acomodar e agir para não ser ver defasado diante do mercado de trabalho, quando o contrato for encerrado.
“Eu incorporei na minha vida pessoal várias situações do âmbito militar que vão ser de muita válida lá fora, no mercado de trabalho também. Responsabilidade, cumprimento de missão, cumprimento de horário, liderança… São vários aspectos que a gente incorpora e traz para a vida profissional. Isso foi de grande valia”, explicou.
Para ele, é uma troca justa. “Eu aprendo muita coisa no Exército e disponibilizo a minha mão de obra profissional. Durante este período, qual é o meu foco? Concurso público e aperfeiçoamento profissional. Então, eu traço um paralelo. Vou continuar estudando, eu me formei no meio do ano em Administração, e vou segui com aperfeiçoamento profissional”, disse.
Uma possibilidade cogitada por Colaço é estudar para o concurso público do Exército. A única opção para ele é ser aprovado para a Escola de Administração do Exército, que fica em Salvador (BH), e assim, se formar como oficial do Exército. “Eu vou tentar”, pontuou.
Segundo o sargento, todo mundo tem que avaliar qual momento profissional atravessa. “Se você for pensar em aspecto salarial, o Exército é totalmente competitivo. E você tem a tranquilidade de poder se doar e planejar”. Colaço comenta que, no caso dele, graças à estabilidade do Exército conseguiu planejar a compra da casa própria e do carro, o que talvez não se sentisse seguro para assumir um financiamento caso estivesse na iniciativa privada.
Duarte (Foto: Bibiana Dionísio/ G1)
Sargento Duarte (à esquerda)entrou com 18 anos
no Exército e estuda Direito (Foto: Bibiana Dionísio)
Essa troca mencionada por Colaço também é valorizada pelo 3º sargento Maurício Duarte Gomes, de 22 anos, que entrou no Exército com 18 anos disposto ao serviço militar. “Eu queria conhecer, tinha curiosidade. Minha mãe não gostou muito não, tinha medo”, contou.
Durante quatro meses, Duarte participou da ocupação do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, para a implantação da primeira Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Ele acredita que a experiência foi marcante e que levará consigo para a vida toda. “São muitos os aprendizados: persistência, valores da sociedade, civismo, responsabilidade”, citou.
O sargento destacou que o que foi mais impactante foi o contexto social, que encontrou durante a ocupação. “São muitas as crianças evolvidas, muita família desestruturada por causa do tráfico de drogas. As pessoas não estavam acostumadas com militares. Estavam acostumados com uma vida sem regras, os militares eram estranhos. Depois, com um tempo, lá pelo terceiro mês, eles pensaram que a gente não estava para o mal, estavam para o bem. Eu tive a oportunidade de uma mãe agradecer: ‘obrigada por vocês estarem aqui. Se vocês não estivessem aqui, em estaria em casa rezando para o meu filho chegar vivo’”, lembrou.
Para Duarte, a passagem pelo Exército reflete no caráter e ajuda a amadurecer. Ele se considera diferente dos jovens de mesma idade que não sabem o que querem da vida, que rumo seguir. “Eu passei por treinamento, eu tive a oportunidade de ir para o Rio de Janeiro, então, já comecei a me direcionar e amadureci. Não foi precoce, mas foi mais rápido”.
O sargento faz faculdade de Direito e confessar ter receio do momento em que terá que sair do Exército, porém, ressalta que se prepara para seguir a vida civil. “O receio sempre existe, é natural com a mudança. Existe um receio de como eu vou encarar a sociedade depois, mas estou me preparando”, disse.
Jovens refletem a sociedade
Há 19 anos no Exército Brasileiro, o capitão Abreu afirma que por meio do alistamento militar, obrigatório para os homens que completam 18 anos, é possível perceber a mudança de valores da sociedade.
“É notório. [Os adolescente] Chegam sem a mínima noção de civismo. Muitos jovens chegam ao quartel sem saber cantar o hino nacional. Muitos não têm respeito por pessoas mais velhas”, comentou. O capitão considera que o jovem é um espelho da sociedade e que, anualmente, reflete também o aumento do uso de drogas nas cidades.
Ele avalia que falta educação e que isso acarreta em uma maior dificuldade do jovem, que foi selecionado para o serviço militar. Logo que ingressa, o jovem passa pelo período de adaptação no qual é repassado um grande volume de instrução militar. É justamente nesta fase, que dura de duas a quatro semanas, que, na avaliação do capitão Abreu, aquele jovem sem referências, tem dificuldade.
“Ele vai aprender hierarquia e disciplina, ordem unida, noções de civismo, e várias atividades que vão buscar formar a personalidade militar, que vai tirar aquele jovem que veio da vida civil e vai dar carga para que ele saiba como se enquadrar no quartel”.
Processo seletivo aberto
A 5ª Região Militar e 5ª Divisão do Exército Brasileiro está com processo seletivo aberto para compor o cadastro reserva de pessoal para Oficial Técnico Temporário, Sargento Técnico Temporário, Cabo Especialista Temporário. As vagas são para Curitiba, Florianópolis e Lages (SC). A remuneração liquida é de aproximadamente R$ 4.800,00. As inscrições são gratuitas, e podem ser realizadas exclusivamente de maneira presencial, até o dia 01 de novembro de 2013, mediante entrega dos documentos listados no edital.
Os candidatos do processo seletivo serão avaliados a partir de análise curricular, prova escrita, inspeção de saúde, prova prática, entrevista, prova de aptidão física. A prova escrita está marcada para 13 de novembro.
G1/montedo.com

10 respostas

  1. Veja tanta gente reclamando de que milico ganha mal, sou professor com pós-graduação, ganho brutos apenas 2.958,19, tenho que lecionar em uma escola particular para complementar o meu salário. Isto é Brasil.

  2. Comentarista das 10:18. Realmente professor ganha pouco, mas isso não quer dizer que militar recebe justa remuneração. No seu caso você investiu no seu preparo profissional, fez a graduação e a pós-graduação, certamente deveria receber um salário condizente com essa formação. Cada caso é um caso. O militar não pode ser comparado com outras profissões, visto que é a ÚNICA que faz um juramento do sacrifício de sua própria vida. Nenhuma outra profissão tem esse grau de comprometimento. Militares tem dedicação exclusiva, não tendo hora certa para iniciar a jornada de trabalho, muito menos para terminar. Não tem final de semana livre garantido. Não escolhe a cidade, nem o estado onde vai servir. Em suma está completamente entregue, a disposição de hora e local. Você como professor trabalha 20, 40 ou 60 horas e pode portanto se planejar com relação a seus dias de folga, suas férias (que são maiores do que todas as demais categorias), pode inclusive estudar e aumentar de nível. O militar por ser dedicação exclusiva só pode estudar se (e somente se) sobrar tempo e não interferir no seu trabalho. Muitos militares possuem curso superior, pós graduação, mestrado e não ganham R$1,00 por isso, sendo que muitas vezes seus conhecimentos são usados no dia a dia. Não recebem hora extra, não recebem anuênio, não recebem periculosidade, não recebem insalubridade. Recebem um salário família de R$0,16 (dezesseis centavos) mensais por dependente. Estão sujeitos a toda e qualquer tipo de atividade. Portanto creio que você deve sim lutar por melhoria em sua remuneração, mas não tente fazer parecer que professor é mal remunerado e militar não o é, porque o GRAU DE EXIGÊNCIA é simplesmente INCOMPARÁVEL. Estou falando isso porque sou militar há 30 anos e tenho também formação acadêmica na área das licenciaturas. São duas condições muito distintas.

  3. é quasecomo ocorre nos EUA onde o jovem se alista para poder pagar seus estudos, quemuitas vezes são até custeado pela força armada. A diferença é que lá não há o concurso e o alistado pode ir renovando seu engajamento até completar 20 anos de serviço e poder estabilizar, isso se possuir requisitos para tal. Normalmente a maioria dá baixa depois de 6 anos de serviço.

  4. O comentarista de 20 de outubro de 2013 10:18 está equivocado em medir seu salário pelo de outra catagoria. Mas eu o entendo. Nós temos o mesmo sentimento, tirando o valor do salário a frustração é a mesma e na maioria das vezes também preferimos colocar a culpa em quem ganha um pouco a mais do focar no problema em sí. Nós militares não brigamos por nossos direitos, aceitamos tudo e ainda falamos mal daqueles dentre nós que conseguem algo. Cito o exemplo dos Sgt QE. Mas meu caro professor, vocês também precisam assumir sua parcela de culpa nessa situação. Agora mesmo vocês estão protestando e apanhando nas ruas. Acham ruim mas a verdade é que sua classe a tempos já vem apanhando dentro das salas de aula e dos própsrios alunos. Os próprios alunos que vocês insistem em dontrinar com o lixo marxista que lhes disseram que deveria ser ensinado a todos. Isso sem falar na pornografia livre que hoje vocês fazem questão de ensinar para crianças menores de 10 anos e o fazem com uma disposição só menor que a vontade de banir todo tipo de ensino religioso de dentro das salas de aula. Assim como nós, militares que já não mais defendem seus país da escória comunista do governo, vocês professores estão condenados a prderem seus direitos, sua honra e todo o respeito da sociedade, isso porque insistem em cumprir o papel determinado por esse lixo chamado PT. A menos que nós militares comecemos a realmente defender esse país dessa corja de canalhas e vocês professores parem com essa "verborragia paulo freiriana marxista" estaremos fadados a perecer, juntos, atolados no lodo.
    Infa Brasil

  5. Professor, realmente ganha um péssimo salário, não tem mais respeito dos alunos e, muitas vezes, nem dos pais. Os militares além de não serem mais respeitados nem por alguns dos seus chefes políticos, na hora da confusão estão lá na linha de frente, para depois serem xingados pelos baderneiros. Qual salário compensa isso? Conheço professores que deixaram de ensinar em colégios prestigiados e foram dar aulas em cursinhos onde a renda era muito, muito melhor, sem a dor de cabeça das escolas. Cada um sabe onde o sapato lhe aperta mas todos merecem bons salários e respeito.

  6. Os comentaristas anônimos das 21:47 e das 10:45 são bem alienados, utilizam um vocabulário dos anos 60 e 70, seriam fósseis vivos ? Entendam, pra sair general precisa seguir a cartilha do PT e o restante da tropa que fique urrando nos alojamentos ou destilando seu veneno e suas mágoas aqui no blog do Montedo.

  7. Trouxa é aquele que faz Faculdade e emprega o seus conhecimentos dentro da Força, cadastrando o seu Curso Superior na Ficha Cadastro, a fim de que todos saibam que ele é formado.
    Esperto é o militar que papira e sai das Forças Armadas.
    Aqueles que querem estudar nada contra. ESTUDE e SAIA.
    Mas não fique reclamando pelos cantos, esquivando de missões e deixando os mais antigos carregarem o piano sozinho.
    Enquanto estiver dentro das Forças Armadas, ajude a carregar o piano e não espere para ser carregado, pois se espera se carregado, PEÇA PARA IR EMBORA.

    ASSINA: SGT TURMA 97 (CARREGANDO O SEU PIANOS E DAQUELES MAIS MODERNOS QUE SÓ QUEREM PAPIRAR)

  8. O comentarista de codinome Hermes deve estar comentando outro assunto. Quem falou em sair general? Os comentários referiam-se a quererem comparar salário de professor com remuneração de militares. (Obs. Fiz o comentário das 21:47 e sou praça. Portanto para que eu saia general só se for com auxíliio do além ou de extra-terrestres)

  9. Comentarista das 21:47, realmente em nenhum momento você falou sobre promoções, citei esse aspecto apenas para mostrar a situação das Forças Armadas segundo a minha ótica, mil desculpas caso tenha desagradado você.

    Hermes M. Rêgo

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