Militares têm até o fim do mês para definir estruturas estratégicas da Copa das Confederações

Os coordenadores de Defesa de Área (CDAs) das seis cidades-sede da Copa das Confederações devem apresentar, até o fim de março, a lista de estruturas estratégicas que será submetida ao crivo da presidenta Dilma Rousseff. A medida tem por objetivo definir os principais pontos a serem monitorados pelas Forças Armadas ante possível “ataque” que coloque em risco a realização da competição esportiva promovida pela Fifa.

Nota DefesaNetPara a definição das responsabilidades acesse: MD – Portaria 2221 Grandes Eventos ÍntegraO Editor

As diretrizes foram transmitidas na última terça-feira (5) durante reunião no Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste (CML), na capital fluminense. Por orientação do chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), general José Carlos De Nardi, os oficiais-generais apontarão os locais que deverão ser monitorados. Os militares estarão atentos, por exemplo, a estruturas de telecomunicações, transportes e energia elétrica.
A reunião dos CDAs serviu também para que cada coordenador detalhasse sobre a mobilização do aparato e a montagem dos centros de comando e controle. De acordo com as informações transmitidas, Marinha, Exército e Aeronáutica devem mobilizar cerca de 20 mil militares que estarão na linha de frente dos eventos ou integrando a força de contingenciamento. Os comandantes terão também o instrumento da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que pode ser utilizado em caso de necessidade.
“Ao contrário daquilo que ocorreu na Rio+20 [Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável], na Copa das Confederações não teremos a exposição militar nas ruas. Até porque isso é uma determinação da Fifa que terá a vigilância privada nos estádios e a participação da segurança pública estaduais. Cuidaremos apenas da infraestrutura crítica e do combate ao terrorismo e guerra cibernética”, explicou o general De Nardi.
Estruturas estratégicas
O assessor especial para grandes eventos do Ministério da Defesa, general Jamil Megid, explicou que o Ministério de Minas e Energia, por exemplo, já tomou iniciativa de se reunir com as diretorias das concessionárias de energia elétrica que abastecem as cidades de Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Fortaleza (CE), Recife (PE), Rio de Janeiro(RJ) e Salvador (BA) para transmitir as orientações referentes ao fornecimento de eletricidade. Ficou decidido também que as empresas devem manter seguranças privados no planejamento e somente receberão o suporte do aparato militar caso haja emergência.
De acordo com os relatos apresentados pelos coordenadores, nas sedes de Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza e Salvador há pouco risco de incidente. As cidades do Recife e do Rio de Janeiro deverão merecer atenção especial. A capital pernambucana em função de manifestações de trabalhadores rurais sem terra (MST) e o Rio pelo fato de que ao encerramento da Copa das Confederações entrará no ritmo da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
Mesmo assim, os generais Marcelo Flávio Oliveira Aguiar e José Alberto da Costa Abreu, respectivamente coordenadores do Recife e do Rio, estão otimistas sobre a realização dos jogos. “A copa das Confederações será um grande teste para a visita do Papa”, explicou o general Abreu. “No Recife, estaremos prontos para receber as três partidas da Copa das Confederações”, assegurou o general Aguiar.
Calendário da Copa
A partir da lista de locais que devem ser protegidos pelas Forças Armadas, o EMCFA produzirá Exposição de Motivos a ser levada à presidenta Dilma, em meados de abril, para que conceda os instrumentos visando a execução do plano de segurança da Copa das Confederações. Com isso, os coordenadores de área poderão concluir o planejamento para o evento.
Durante a reunião dos CDAs foram repassadas as ações da Marinha, do Exército e da Aeronáutica para as cidades-sede. O encontro teve exposição sobre combate ao terrorismo e defesa cibernética. O general Marco Antonio Freire, comandante da Brigada de Operações Especiais, sediada em Goiânia (GO), e o general José Carlos dos Santos, chefe do Centro de Defesa Cibernética, explanaram sobre as participações dos setores no evento.
DefesaNet/montedo.com

3 respostas

  1. Arquivo conta o dia de 1963 em que 630 militares sitiaram Brasília

    Grupo ocupou aeroporto, bloqueou estradas e prendeu autoridades
    Evandro Éboli

    BRASÍLIA Na madrugada de 12 de setembro de 1963, Brasília foi isolada do resto do país. Telefones cortados, aeroporto ocupado, prédios públicos tomados e os acessos a rodovias federais bloqueados. A capital estava sitiada pela ação de 630 sargentos, cabos e soldados da Marinha e da Aeronáutica. Num ato ousado, o grupo ainda prendeu dezenas de oficiais e autoridades civis, como um ministro do Supremo Tribunal Federal e até o presidente interino da Câmara, deputado Clovis Mota (PSD-RN). O episódio ficou conhecido como "Levante de Brasília", nos meses conturbados que antecederam o golpe militar. Documentos que detalham aquelas horas tensas estavam lacrados nos arquivos da Câmara, agora liberados. São cópias de telegramas despachados de Brasília, única forma de comunicação até que o Exército debelou os revoltosos, após nove horas de enfrentamento pelas avenidas da capital federal.

    Num dos telex, Clovis Mota relata ao coronel Dagoberto Rodrigues, diretor do Departamento de Correios e Telégrafos (DCT), já às 7h, o drama que viveu poucas horas antes. O coronel ficava no Rio. Alertado do movimento, Mota acordara às 4h. Rumou para o Congresso, mas foi impedido por um soldado.

    – Aqui não passa nem o presidente da República – disse o militar que deu voz de prisão a Mota.

    "Fui acordado às quatro horas pelo serviço de segurança da Câmara informando-me… todos os telefones cortados. Dirigi-me à central telefônica, que verifiquei ocupada por tropas da Aeronáutica. Desloquei-me à Câmara, sendo detido na Esplanada dos Ministérios, onde fui preso por praças. Permaneci no Departamento Federal de Segurança, àquela hora, já ocupado, até 5h30m em companhia de alguns oficiais do Exército também presos. Esses oficiais foram transportados para a Base Aérea. Lograram fugir. Fui liberado, vindo diretamente aqui (na Câmara). Tropas do Exército conseguiram desalojar (os prédios de) Marinha e Aeronáutica, depois de choques armados. Situação caminha para normalidade. Só dispomos de ligação telex. Exército ainda não nos forneceu rádio para comunicação do Ministério e do Planalto. Indispensável sua permanência aí", é o conteúdo do telex de Mota. Naquele momento, ele ainda não sabia se o levante ocorria em outras cidades e buscava notícias.

    O cenário era de guerra em Brasília. Os sargentos estavam armados, usavam carros e buscavam oficiais nas vilas militares para detê-los. A razão da revolta foi uma decisão do STF, que negou o direito a elegibilidade dos praças. O ministro Vítor Nunes Leal, do STF, estava entre os presos. Os insurgentes ocuparam o Departamento de Telefones e deixaram Brasília sem comunicação.

    Carlos Mota ficou preso durante uma hora e meia no prédio do Ministério da Justiça, no gabinete do ministro, arrombado pelos sargentos. Negou-se a seguir com os sargentos para a Base Aérea e disse que resistiria. Cenas cinematográficas vieram na sequência: três oficiais levados numa caminhonete F-100 pelos praças conseguiram tomar o automóvel e o jogaram contra a portaria de vidro do Ministério da Fazenda. Mota acabou sendo libertado e seguiu para a Câmara, indo direto para o telex.

    O Exército não aderiu à revolta e combateu os praças. Cercou as instalações ocupadas pelos sargentos, em posição de combate. Diante da grave situação, o Ministério da Guerra decidiu enviar uma tropa de paraquedistas do Rio. Essa passagem está relatada em outro telegrama, desta vez do coronel Dagoberto para Clovis Mota. O militar responde ao deputado. Já eram 7h20m, e diz que no resto do país está tudo tranquilo.

    O presidente titular da Câmara, Ranieri Mazzilli, no exterior, só veio a saber dos fatos quando a situação estava contornada.

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