Militares se destacam no ensino e estão no topo do ranking do Ideb

Colégios mantidos pelo Exército ficam à frente de 99,8% das escolas públicas

DEMÉTRIO WEBER
AMANDA ALMEIDA
Disciplina rígida e estudo. No Colégio Militar de Brasília, os estudantes Francisco Grigore e Louise Sicca exibem a medalha de ouro obtida pela colega Manoella Guerra este ano na Olimpíada de Matemática das Escolas Públicas Foto: Ailton de Freitas
Disciplina rígida e estudo. No Colégio Militar de Brasília, os estudantes
Francisco Grigore e Louise Sicca exibem a medalha de ouro obtida pela
colega Manoella Guerra este ano na Olimpíada de Matemática
das Escolas Públicas – Ailton de Freitas
BRASÍLIA e BELO HORIZONTE – Os 12 colégios militares mantidos pelo Exército estão no topo do ranking do último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgado no mês passado. Num universo de 30.842 escolas públicas, eles ficaram entre a 6ª e a 70ª posição. O ranking considera o desempenho dos alunos das séries finais do ensino fundamental.
Calculado pelo Ministério da Educação, o Ideb é o principal indicador de qualidade do ensino brasileiro. Dentre os 12 colégios militares, os de Belo Horizonte e Salvador alcançaram o melhor resultado — 7,2, na escala até 10 —, o que lhes rendeu um empate na sexta colocação nacional. O do Rio, com 6,4, ficou na 37ª posição, o penúltimo entre os estabelecimentos militares. O de Manaus (6,2) foi o 70º , lanterna do grupo.
Considerados em conjunto, os colégios militares integram a elite acadêmica da educação pública. Estão à frente de 99,8% das escolas, conforme o Ideb de 2011 dos anos finais do fundamental. Seus alunos também se destacam em sucessivas edições da Olimpíada de Matemática e, no último sábado, três deles disputaram a final do quadro Soletrando, no programa “Caldeirão do Huck”, da TV Globo, vencido pela aluna do Colégio Militar de Porto Alegre Yasmin Bohm Lewis Esswein.
Disciplina, aulas de recuperação e um variado leque de atividades extraclasse fazem parte da rotina. Além, é claro, de sapatos engraxados e uniformes impecáveis. O código de conduta é rigoroso: quem for apanhado colando pode ser expulso.
Para o Exército, a rede de escolas cumpre um papel assistencial: atender filhos de militares em suas constantes mudanças de cidade. Mas a excelência acadêmica fez desses colégios o sonho de muitas famílias brasileiras. Enquanto filhos de militares têm preferência na matrícula, um batalhão de crianças e jovens sem vínculo com a caserna só entra se passar em concurso, os chamados vestibulinhos, com mais de 30 candidatos por vaga.
Os colégios militares atendem 14,6 mil estudantes, em turmas do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do médio. Todos seguem os mesmos currículo e calendário, definidos por uma diretoria do Exército. O ano letivo é programado em detalhes com antecedência. Além das aulas, os alunos praticam esportes, tocam na banda, encenam peças de teatro ou debatem temas internacionais numa simulação de assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU). Visitas a museus, comunidades quilombolas e órgãos públicos complementam o aprendizado.
Tamanha estrutura custa caro. De acordo com o Exército, o gasto por aluno/ano chega a R$ 11.170, quatro vezes mais do que as escolas estaduais e municipais do Rio recebem do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), no segundo ciclo do ensino fundamental. A distância é ainda maior em estados com menor arrecadação, como Pernambuco e Amazonas, onde o gasto por aluno nos respectivos colégios militares é quase cinco vezes maior do que o repasse do Fundeb.
O Exército ressalva que o cálculo abrange todo tipo de despesa, até mesmo com os pelotões de soldados instalados em cada escola. Os pais de alunos pagam mensalidade de R$ 160 a R$ 178, a título de ajuda de custos.
Leia também:
Professores são civis e militares
Professores civis e militares formam o corpo docente. Os civis pertencem à carreira federal do magistério, mais bem remunerada do que as estaduais e municipais. Segundo o Ministério do Planejamento, os vencimentos variam de R$ 2,7 mil a R$ 11,8 mil, conforme a titulação.
Professora de Matemática há 13 anos no colégio de Belo Horizonte, a capitão Pollyanna Lara Milanezi encarna o espírito da instituição:
— Nada me deixa mais orgulhosa do que dizer que sou professora do Colégio Militar.
A unidade de Belo Horizonte é, segundo o Exército, a que tem mais alunos selecionados via concurso: 45% do total, mais do que o triplo registrado no Distrito Federal (14%). O subdiretor do Colégio Militar de Brasília, coronel Samuel Horn Pureza, diz que é comum receber alunos com defasagem de conhecimentos, o que exige esforço redobrado. Cerca de 40% dos professores têm mestrado e doutorado.
Segundo Samuel, o segredo do sucesso é a boa gestão:
— O Brasil é diversificado. Vêm alunos para cá com muita carência. É uma luta.
O chefe da Seção de Supervisão Escolar, coronel Adelino Bandeira, acrescenta outra virtude:
— O cumprimento fiel do programa curricular e das metas estabelecidas.
Filha de um capitão da Marinha, a estudante Louise Sicca, de 15 anos, é a primeira da turma entre cerca de 500 colegas do 1º ano do ensino médio em Brasília.
— Estudamos muito, o colégio incentiva. Aqui não se deixa acumular matéria.
O Globo/montedo.com

14 respostas

  1. COLÉGIO MILITAR,MAS QUE MILITAR?,HOJE, O QUE VEMOS NOS COLÉGIOS MILITARES SÃO FILHOS DE ENGENHEIROS, FILHOS DE ARQUITETOS, FILHOS DE DISSO E DAQUILO( CLARO ENSINO DE ÓTIMA QUALIDADE POR UM PRECINHO BEM BAIXINHO,PARA UMA CLASSE MÉDIA ABASTADA),QUEM REALMENTE DEVERIA TER FILHOS NOS COLÉGIOS DITOS MILITARES NÃO OS TEM, POIS, AS VAGAS SE JÁ ESTÃO PREENCHIDAS COM OS FILHINHOS DE PAPAI DA NOSSA CLASSE MÉDIA ABASTADA,NÃO CONSEGUE SUPRIR A REAL NECESSIDADE DA CLASSE MILITAR,JÁ FOI O TEMPO EM QUE O COLÉGIO MILITAR ERA REALMENTE PREENCHIDO COM FILHOS DE MILITARES,PRINCIPALMENTE DOS PRACINHAS,ONDE ATUALMENTE OCUPAM AS VAGAS NOS COLÉGIOS PÚBLICOS DA VIDA,TALVEZ POR FALTA DE VAGA NOS CM DA VIDA OU POR FALTA DE CONDIÇÕES FINANCEIRAS PARA PODER OCUPAR VAGA NAS ESCOLAS PARTICULARES,É REALMENTE UMA VERGONHA A FORMA DE OCUPAÇÃO DAS VAGAS NOS COLÉGIOS DITOS MILITARES!

  2. Colégio militar é escola pública? Quer dizer que as crianças da periferia pobres podem estudar lá? Aí esta a solução para acabar com as cotas raciais nas universidades. desde pequeno só vejo filhos da elite e de QI(quem indica) estudarem lá. Quem pode pagar o enxoval deles?
    Com essa propaganda toda logo logo o PT vai interferir por lá.

  3. Recalcados!
    Filho de elite?
    Meu pai era um pobre segurança de banco quando me inscreveu pro concurso, eu estudava em escola de periferia e consegui passar na prova. Recebi desconto quase integral nas mensalidades pois comprovei minha situação de aluno-carente. Recebi ajuda no enxoval também e até em material escolar, livros. Fui apadrinhado por um Oficial do próprio CM, prestei concurso para EsPCEx quando já havia acabado as vagas separadas pra alunos de CM. Me forme com exito na AMAN.
    Obrigado pai por sempre me incentivar nos estudos!
    Obrigado EB pela oportunidade!
    Só vence quem luta! Recalcados sempre vão reclamar de tudo e de todos.

  4. Que colégio público é esse que cobra mensalidade? Não discuto a qualidade e nem a metodologia de ensino dos Colégios Militares, que ano após ano tem se mostrado muito boa. Mas convenhamos, a Constituição diz que o ensino deve ser gratuito nos estabelecimentos oficiais de ensino e, como então os Militares cobram mensalidade dos seus alunos? Colégio Pedro II e outras escolas Federais e Universidades Federais não cobram mensalidade ! Mesmo sendo um baixo valor ainda assim essa cobrança é indevida.

  5. Os Colégios Militares são bons, mas para ficarem excelentes deveriam parar de cobrar mensalidades. Cada aluno paga por ano uma média de R$ 1.900,00 (R$ 160,00 por mês). Alguns acharão pouco, pode até ser, mas como considerar o Colégio Militar como uma escola pública se ele cobra mensalidade? Ao pôr para competir um aluno do Colégio Militar com um aluno de escola pública convencional seria, a grosso modo, o mesmo que uma luta entre dois oponentes com massas corpóreas diferentes: um peso pesado versus um peso leve, não dá para comparar, convenhamos. Se imaginássemos que numa escola pública convencional fosse possível cobrar a "módica" quantia de R$ 160,00 por mês por aluno para ajudar na melhora do salário do professor, teríamos pelo menos os seguintes valores: 30 alunos X R$ 160,00 = R$ 4.800,00. Seria bom se o professor ganhasse ao menos este R$ 4.800,00 não é ? Matematicamente, podemos inferir que de certa forma os alunos pagam para ter professores melhor remunerados. Não estou levando em consideração que os professores são militares, concursados… estou apenas mostrando que matematicamente é possível se concluir que se existe a cobrança é porque ela faz-se necessária para a manutenção deste diferencial no ensino, inclusive os salário dos professores, pois do contrário os Colégios poderiam abrir mão de tal cobrança. Se a cobrança for imprescindível é porque parte desta boa receita de sucesso está também atrelada à participação financeira proporcionada pelos próprios alunos e não somente à expertise do Exército, do contrário o Exército poderia então parar de cobrar mensalidade.

  6. Ao amigo que se sentiu ofendido por terem chamado os alunos de filhos da elite. Quantos na mesma condição que você estudaram lá? tem que ter padrinho para arcar com as despesas, não é? Você conseguiu, com a orientação correta de seu pai. Parabéns. Quem dera que muitos outros tivessem a mesma oportunidade e condições e ajuda governamental para ter um estudo dessa qualidade. Só não concordo em chamar de colégio público. No máximo, conveniado.

  7. Eu e meus dois irmãos, filhos de um Sargento de Engenharia não somos filhos da Elite. Nos formamos e graças ao meu pai e ao CM temos profissões dignas!

  8. Quanta coisa sem fundamento se escreve aqui! Como é ruim constatar que boa parte da natureza humana é tao maléfica, tão vocacionada para a maledicência. Fala-se mal de tudo aqui! Espero sinceramente que este tipo de pensamento seja de uma minoria de desajustados, infelizes com a própria incapacidade de se proporcionar uma vida melhor.
    1) Não é verdade que o ensino no SCMB seja direcionado para uma classe média "abastada". A grande maioria de alunos é composta por filhos de militares, muito mais de praças do que de oficiais. Isso é fato, não especulação.
    2) A cobrança da cota mensal escolar já foi questionada por um certo número de imbecis que se respaldavam em um tópico isolado da CF, alegando inconstitucionalidade. A tese foi cabalmente negada de provimento pela autoridade judiciaria que entendeu existir ensino publico gratuito, logo colocar o filho no CM era opção da família, que já tinha ciência prévia da existência da QME. Os pais que não pagavam há alguns anos em função de liminares tiveram 48 horas para pagarem os atrasados ou os filhos perderiam as vagas. Pressupõe-se que os juízes que analisaram a matéria entendam um pouco mais do que os doutos que frequentam esta página e não conseguem nem equilibrar seus orçamentos. Isto é fato, não especulação!
    3) O fato de ser cobrada a QME não retira, segundo entendimento já transitado em julgado, a qualidade de regime público do SCMB, o qual é regido por lei específica, a Lei do Ensino do Exército. Isso também é fato e não especulação de quem nunca esteve próximo de um CM, cujo acesso é universal.
    4) A remuneração dos professores civis do SCMB é de responsabilidade do MPOG, e os militares são pagos pelo M Def, via CPEx, como todos os militares…

  9. … A QME é recolhida para o Tesouro como prevê a legislação em vigor e parte reverte para o CM que a gerou, a fim de ser empregada na aquisição de materiais para o ensino, reforma de salas de aula, transporte e outras despesas. Nada tem a ver com pagamento de pessoal, por mais conta que se faça.
    5) Meu pai, sargento, formo três filhos no CMPA. Hoje todos coronéis. Meu sogro, sargento formou dois filhos no CMPA, hoje um coronel e outro funcionário do BACEN. Exemplos outros existem aos milhares… Isto também é fato!
    – Antes de criticar, conheça! Ou se recolha ao silêncio da ignorância…

  10. Esse blog aqui prima pelo baixo nível dos comentários mesmo. Na realidade, as pessoas que o acessam diariamente não lêem praticamente nenhum artigo, somente os que falam de aumento. Nada desperta interesse. E quando o post não fala de dinheiro, dão um jeito de, no comentário chorarem suas pitangas. Um militar deveria ter vergonha de fazer uma critica qualquer aos colégios militares! Eu passei no concurso para o CM em 1997, para a quinta serie, filho de pai fudido e dona de casa! E na redondeza onde eu morava no rio, no SUBÚRBIO, eu e dezenas de outros alunos acordávamos às 5:00 da manha para pegar dois ônibus, chegando na tijuca às 06:30! Então quer dizer que éramos filhos de uma elite??! Eu vou parar de ler esse blog, o nível dos comentários é baixo demais! Como o cara tem coragem de reclamar da mensalidade? A parada custa 160 reais, pelo que falaram. Na minha época variou de 40 à 90… Em que escola você paga isso, sargento MIMADO???? Coloque seu filho num pentágono no rio, pra pagar 1500!!! Ou então num CIEP, que é de graça. Francamente… É por isso que não tem que ter aumento não, a classe militar é formada, na sua grande maioria, por descerebrados… Vejo meus amigos de colégio militar hoje em dia, varios médicos, engenheiros, advogados… Talvez eu tenha me equivocado na carreira. Poderia estar convivendo com pessoas mais qualificadas. Ainda bem que, pelo menos, ingressei na mesma pela porta da frente, não pelos fundos, se é que vocês me entendem….
    Ten 2008

    1. Muito interessante… Começa reclamando do nível dos comentário e termina despejando seu recalque preconceituoso contra os praças(imagino q o alvo principal sejam os sargentos…) Amigo estrelado, ninguém aqui tem culpa de seu pai tenha sido um fu.. da vida… Muito provavelmente, devido ai seu recalque, tenha almejado ser militar, nem que um sgt fosse. E louvável o esforço de seu pai, assim como o seu próprio, mas isso não o da o direito de se desfazer de qualquer carreira, e muito menos da carreira daqueles que levam a vida compensando a falta de preparo dos superiores, se e que vc me entende…

  11. Impressionante como existem pessoas que leem, mas não sabem interpretar/entender o que está escrito. O cara tem uma posição pessoal e baseada nela ele interpreta um texto que traz aspectos OBJETIVOS sobre um assunto. Ou é burrice ou má-fé ou falta de humildade em reconhecer que outras opiniões possuem mais fundamento.
    Uma coisa é o indivíduo pessoalmente achar que R$ 160,00 de QME é um valor baixo, outra coisa é ela sustentar que o pagamento é correto. Aqui não se discute se o Colégio Militar é ruim ou bom, ninguém afirmou isso em nenhum comentário. Por favor, aprendam a ler, não sejam analfabetos funcionais. Tenente 2008, o quê vc acharia de pagar R$ 100,00 por mês para o PM vigiar a rua onde vc mora? Serviço público, salvo exceções, já é pago pelos impostos que o Governo cobra, meu caro. Ao postarem comentários evitem as “opiniões de balcão de botequim”.
    Ademais, o sujeito que afirmou que a justiça entende que a cobrança é devida, por favor, informe o número do processo e da Vara da Justiça Federal que tomou a decisão a favor da cobrança de mensalidade do Colégio Militar! Pode até ser que um Juiz apenas tenha entendido de tal maneira, mas pelo que me consta, somente o STF tem a palavra final a respeito de questões constitucionais o que ainda não ocorreu em relação à cobrança da QME. Decisão de Juiz singular pode ser recorrida, não é a palavra final, vide as várias decisões reformadas no STF proferidas pelos bisonhos magistrados (os Generais) da incompetente Justiça Militar.
    Algo que realmente é fato até agora é o questionamento que o próprio Ministério Público Federal está fazendo em relação à cobrança da QME, conforme se verifica abaixo:
    Representação ao PGR para propositura de Ação Direta de Inconstitucionalidade para cessar a cobrança de contribuições compulsórias dos alunos matriculados nos colégios militares – Abril/2010.

    Recomendação n° 01/2010-PFDC – ao Ministro da Defesa para que adote as providências necessárias para cessar a cobrança de contribuições compulsórias dos alunos matriculados nos colégios militares.

    ACP nº 2009.39.00.005493-5 – sobre a cobrança de mensalidades nas escolas mantidas pelas Forças Armadas
    Fonte: http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/institucional/grupos-de-trabalho/educacao/temas-de-atuacao/colegios-militares-cobranca-de-mensalidade

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