Deputado quer modernizar as Forças Armadas. Vamos dar uma mãozinha?

Leonardo Gadelha quer modernizar Forças Armadas Brasileiras
Priscilla Torres
Foto: Fernando ChavesRecentemente indicado pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional para coordenar a subcomissão que acompanhará os projetos estratégicos das Forças Armadas, o deputado Leonardo Gadelha fala, nesta entrevista concedida ao PSC, sobre as principais propostas do Exército, Marinha e Aeronáutica para o desenvolvimento militar do Brasil.
PSC – Como coordenador da área da Aeronáutica, quais, em sua opinião, são as principais ações que a subcomissão pretende realizar?
Dep. Leonardo Gadelha – O objetivo é dar vasão às demandas das três forças. Nós temos hoje a convicção de que o nosso aparato militar está defasado em relação a outras nações, inclusive em relação a algumas nações sul-americanas. Há uma grande necessidade de revitalização, e esse processo também passa pelo legislativo, porque além dele ser o fiscalizador desses poderes, é também quem faz o orçamento e pode garantir recursos, porque sem dinheiro não vamos conseguir fazer essa modernização. Então, o objetivo principal dessa subcomissão é dar visibilidade aos projetos, demandas, e ao que está sendo executado e planejado pelas forças militares.
Já foi realizada alguma reunião?
A mim coube, especificamente, a supervisão da área da Aeronáutica. Eu já tive um primeiro contato com alguns de seus membros e pretendo intensificar isso a partir das próximas semanas, muito provavelmente depois das eleições, que os trabalhos aqui no Congresso estarão normalizados. Mas meu objetivo é ter o máximo de informações sobre projetos que estão sendo tocados para que possamos assegurar mais recursos e um pouco de simpatia da sociedade brasileira. Tive também uma reunião de trabalho com os outros dois coordenadores, deputado Vitor Paulo, da área do Exército; e o deputado Hugo Napoleão, da área da Marinha, onde delimitamos alguns temas principais para que, a partir disso, a gente realize audiências públicas e traga esse pessoal para expor os projetos, a fim de que a comissão sensibilize outros parlamentares para assegurar mais recursos às instituições. Inclusive, já marquei para essa semana uma reunião com alguns comandantes da Aeronáutica.
Qual, em sua opinião, é o papel da Aeronáutica e da Força Aérea Brasileira para o país?
A gente vive em um país de dimensões continentais, são 8,5 milhões km², grande parte das nossas fronteiras é totalmente porosa, a gente não tem postos de controle, até por conta das dificuldades geográficas, e a Força Aérea cumpre esse papel de vigilância das nossas fronteiras, muito mais do que por terra ou pelo mar. E hoje em dia, mesmo vivendo em um país de tradição pacífica, e a gente espera que o país nunca entre em guerra, precisamos estar preparados para o advento de uma disputa. E sabemos que nas guerras a força militar é muito mais aérea, então a Aeronáutica tem um papel vital para que a gente se consolide como uma nação importante internacionalmente e também desenvolva novas tecnologias, porque eu acho que a gente não deve mais copiar, mas criar esses produtos aqui no Brasil.
O senhor apresentou um requerimento de informação à ANAC solicitando dados dos aeroportos brasileiros. Para que servirão essas informações?
A gente tem a percepção, principalmente como clientes das empresas aéreas, de que o serviço prestado no país não é de boa qualidade, nem por parte das companhias, nem no que cabe à INFRAERO, que operacionaliza os aeroportos. Portanto, ao ter conhecimento desses dados, teremos um diagnóstico dos principais problemas para que possamos desenvolver soluções. O objetivo de coletar esses dados é justamente o de saber quais são os gargalos e de que forma podemos melhorar a prestação desse serviço.
O senhor apresentou um projeto, que aguarda parecer da Comissão de Viação e Transporte, que obriga os aeroportos a oferecer plataformas de comunicação entre o terminal e a aeronave, os chamados fingers, em aeroportos por onde passem mais de 300 mil passageiros por ano. Qual a importância desse projeto para os passageiros?
Há dois aspectos importantes: primeiro o conforto para o turista e usuário comum e em segundo lugar por questão de necessidade, principalmente de pessoas com deficiência. Imagina a dificuldade de um cadeirante ou alguém com alguma necessidade especial para subir a escada de uma aeronave, por não ter uma passarela como essa. Os funcionários têm que levar esses passageiros muitas vezes no colo, o que causa desconforto e constrangimento. Não há mais aeroportos modernos no mundo que não possuam essas passarelas, isso existe há mais de 50 anos, e no Brasil, surgiu na década de 80. Os principais aeroportos têm, mas grandes capitais, como João Pessoa, que tem um movimento de mais de 1 milhão de passageiros por ano, ainda não possui um finger sequer. Para que possamos atrair mais turistas, precisamos de um serviço de qualidade. E esse é um investimento pequeno, levando em consideração todo o gasto que o governo possui com a manutenção dos aeroportos. O custo com certeza não é um empecilho para que possamos transformar esse projeto em realidade.
Há projetos para compra de novos caças e aviões de transporte militar, como o KC 390. Como coordenador dessa subcomissão, qual a importância dessas aquisições para o país?
Em relação aos caças, ainda em 2009, ficou anunciado que o Brasil faria a compra do modelo francês, o Rafale. Houve, naquele momento, uma decisão, que não seguiu adiante. Essa discussão agora volta com intensidade, por uma razão óbvia, já que os nossos são totalmente obsoletos, da década de 70. Ou seja, estamos pelo menos 30 anos atrasados, em relação ao que há de tecnologia no restante do mundo, o que tornará essa discussão muito constante na subcomissão ao longo dos próximos meses. Com relação ao KC 390, esse é um projeto muito interessante para o Brasil, porque está sendo desenvolvido pela Aeronáutica brasileira. Esse avião vem para substituir as aeronaves Hércules, aquelas gigantescas que a FAB usa para transporte de tropas, de equipamentos e para o abastecimento aéreo. O KC 390 será o primeiro desenvolvido no Brasil com essa capacidade, e servirá também como avião tanque, o que é muito importante para o nosso país.
A Aeronáutica comprou novos helicópteros, que inclusive fazem parte da chamada interoperabilidade das três forças. O senhor acha essa união importante?
Muito. Esse é um novo paradigma que está sendo instalado nas forças brasileiras. Pode parecer óbvio, mas o Exército, Marinha e Aeronáutica nunca atuaram conjuntamente na delimitação dos equipamentos que eram comprados ou para aquisição de tecnologias convergentes. Essa é a chamada interoperabilidade das três forças e está sendo feita na compra recente de helicópteros russos. Eles foram adquiridos para a Aeronáutica, mas também servirão às outras forças, e estarão prontos para serem usados até o final deste ano.
Há também um projeto para que os aeroportos militares sejam usados provisoriamente durante a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. O senhor concorda com essa proposta?
Esse tema ainda é um pouco obscuro, até a Aeronáutica não sabe como isso vai funcionar. Essa é uma determinação do governo federal, que libera a utilização de bases militares perto dos locais dos jogos para que aeronaves comerciais possam fazer pousos e decolagens, evitando o congestionamento dos aeroportos. Mas mesmo entre os membros da aeronáutica ainda há muita duvida de como isso vai ser feito. E esse é um tema que vamos trazer também para a subcomissão, porque a gente está se aproximando desse período, estamos há 1 ano e 6 meses praticamente da Copa, e uma regra como essa ainda não ficou clara. Eu acho que é uma boa ideia, se for resguardada a autonomia da aeronáutica, que precisa ser preservada.
ASCOM PSC Nacional/montedo.com


Comento:
Vocês leram lá em cima: o objetivo da subcomissão é dar vazão às demandas das três forças, cujo aparato está muito defasado e necessita de revitalização. Corretíssimo!
O deputado, claramente, reverbera o posicionamento de Amorim e da cúpula castrense, que deixam a sociedade vislumbrar, ao longe, um horizonte de grandeza e crescimento, bem ao estilo ufano-lulista do “nunca antes na istória deste paíz”.


Enquanto isso, no mundo real…
– Comandantes continuam aplicando a antiga máxima de ‘poucos recursos, muita criatividade’ para que seus quartéis funcionem minimamente.
– A Marinha finge brincar de porta-aviões com a sucata flutuante comprada da França  e rebatizada ‘São Paulo’, que já consumiu milhões de reais e não navega.
– O país tem munição suficiente para apenas uma hora de combate.
– O sofisticado ‘pow-pow’ é o meio auxiliar de instrução mais usado nos treinamentos militares país afora.
– A vida útil dos re-re-re-potencializados Mirage está prestes a extinguir-se  e a novela da compra dos novos caças da FAB arrasta-se desde o governo FHC, ao sabor das correntezas políticas e à sombra de inconfessáveis interesses.


Porém, embora esse não pareça ser um enfoque estratégico na visão do deputado, o primeiro e principal aparato – se podemos chamar assim – a ser ‘revitalizado’ são os profissionais que integram as Forças Armadas.
– Ah, Montedo! Não é atribuição da subcomissão tratar disso. 
Não, não é. Nem por isso seus integrantes estão dispensados da condição de eleitos pelo povo, portanto, seus representantes. E os militares, mesmo que tratados às vezes como sub-cidadãos, são o povo fardado.
Então, é hora de encher o saco – ops! – a paciência desses caras. É hora de apresentar-lhes as demandas da parcela de cidadãos constituída pelos profissionais das armas, que são muito distintas das mostradas a eles pelos altos coturnos.
É hora de falar a sobre o déficit de PNR e das vergonhosas condições de moradia a que muitos militares precisam submeter suas famílias ‘neste paíz’.
É hora de falar sobre a reestruturação da carreira dos praças. 
É hora de falar sobre a estupidez que representa um subtenente com vinte e poucos anos de serviço ganhar menos que um menino, recém saído do CPOR.
É hora de falar sobre os rios de dinheiro gastos com oficiais técnicos temporários cujas funções poderiam perfeitamente ser desempenhadas por militares profissionais que, mesmo qualificados (e bem) por esforço próprio, não podem exercê-las simplesmente porque são…praças!
É hora de falar da evasão das Forças Armadas.

É hora de ser cidadão!!!
É hora de falar!!!

– Aeronáutica: Deputado Leonardo Gadellha (PSC-PB)
– Exército: Deputado Hugo Napoleão (PSD – PI)
– Marinha: Deputado Vítor Paulo (PRB – RJ)
– Demais deputados federais.
Que cada um faça sua parte.

9 respostas

  1. Excelente comentário, desabafo, Ten QAO, os recursos humanos -chamados praças- das FFAA, principalmente do EB, estão entregues às traças, somos considerados sub cidadãos por nossos oficiais, principalmente pelos mais antigos, somos considerados sem capacidade de opnar por esta razão, para eles somos cidadãos de segunda categoria. Prefiro o senhor comandando meu pelotão do que qualquer outro ten.

    SGT Major

  2. "já passou a muito tempo…" = já passou há tempo
    "opnar" = opinar
    "inserto" = incerto
    Caros assessores militares, por favor, não maltratem a nossa Língua mãe. Obrigado.

  3. Caros companheiros é direito legítimo que todo trabalhador tenha uma casa própria e para tanto foi criado o minha casa minha vida pelo governo.Os militares em contrapartida nunca receberam um benefício ou um projeto que viabilizasse uma casa própria todos saem com a "mão na frente e outra atrás" e não podem entrar nesse programa porque estamos ganhado muito bem! e não necessitamos disso.Tá aí uma preocupação que deveria chegar as mentes de nossos deputados.

  4. Na força naval tudo vai bem: compraram submarinos franceses que sabidamente são inferiores aos alemães (basta ver que os alemães ora em uso ainda dão um bom caldo nos americanos) pensando simplesmente no hoje, daqui há 20 anos serão meros cascos atracados numa enorme base sem uso. O sonhado submarino nuclear, se um dia vier, vai ser armado com o que? Torpedos convencionais? Vai virar piada, algo assim como ter uma metralhadora e não ter munição. o porta aviões serve para sustentar as empresas dos comandantes da reserva que não querem vê-lo sem pre ali parado. Os caças, ah os caças, quanta vaidade pra trazer de volta os caças embarcados. Mais um exemplo de compra mal feita. Os helicópteros, estes sim ainda servem, para transportar autoridades. Os recém adquiridos seahawks vão operar a partir de qual navio? Não deve ser da Barroso, que demorou 20 anos pra ficar pronta, tem projeto ultrapasado (se é que tem projeto final), pois na força naval o que mais tem são as querências, e elas mudam de acordo com o vento. Querer vender cópias da Barroso, principalmente na África deve ser piada, deve ter uns 20 modelos diferentes de navios melhores que ela, só na Europa. Imaginem que um país cismasse de querer 08 navios da classe, como fariam para entregá-las? Ou empregariam o estaleiro INACE (aquele que aondou dando iates para autoridades navais e cujos processos em nada resultaram?). Imaginem se acontecesse aqui, o que aconteceu com esses 03 NPAOC que foram recém adquiridos ( Trinidad e tobago encomendaram e desistiram)? quem arcaria com os prejuízos? Será que ninguém na força naval tem um mínimo de bom senso, e ao visitar os NPatrulhas feitos pelo INACE, não percebe a forma como foram mal feitos? Ou será que não podem reclamar por que atingiram os interesses de alguma autoridade da reserva? O reaparelhamento das FFAA passa diretamente pela mudança de pensamento dos que hoje a comandam, cujas vaidades estão acima de qualquer coisa, até mesmo das estrelas que usam.

  5. kelma costa disse :No meu Ponto de vista..Todo ano deveria ser ano Eleitoral nem que seja só pelo prazer de ouvirmos promessas e evitaria as minhas idas e vindas de Brasília pedindo pelo amor de Deus ..para lembrarem que a Força Armadas existe..E VIVA O ANO ELEITORAL

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo