O general e o boateiro

Rogério Mendelski 
O Brasil é o país da piada pronta, dizem os humoristas. Há casos que confirmam a nossa situação de nação que se presta a produzir algumas maledicências e muitas anedotas. Uma delas, por exemplo, conta a história de um boateiro incorrigível que tinha o prazer de criar factóides ou simplesmente de espalhar boatos.
Entre suas maldades verbais estavam os militares. Qualquer boato que inventava sempre tinha um militar no meio de suas maledicências e foi aí que um comandante de um regimento mandou prendê-lo.
“Vamos dar um susto nesse boateiro”, disse a um grupo de soldados encarregado de prendê-lo. No quartel, bastante assustado, o boateiro ficou sabendo que seria fuzilado, na madrugada seguinte. Apesar de suas juras de nunca mais espalhar boatos e de implorar por clemência, na hora marcada, com o pelotão de fuzilamento perfilado, o boateiro teve os olhos vendados e empurrado de costas para um paredão. Até um capelão deu-lhe a extrema-unção seguindo toda a liturgia exigida. Ali, sozinho, aterrorizado pelo fim de sua vida, ouviu o próprio general dar as ordens de execução: “Pelotão, apontar! Pelotão, fogo!” O boateiro esperou pelo tiro no coração que não veio, mas mesmo assim, urinou nas calças. Ele ouviu apenas as gargalhadas dos soldados e, logo após, o general foi ao seu encontro, tirou-lhe a venda e ordenou: “Agora, suma daqui e nunca mais espalhe boatos. Aprenda a lição para sempre”. Suas pernas tremiam, mas ele teve tempo de sair do quartel e tomou o primeiro táxi que passou. O motorista vendo seu estado perguntou “o que tinha acontecido?” O boateiro, recuperado do susto, encarou o taxista e disse com um sorriso no canto da boca: “Sabe da última? O Exército está sem munição.” 
Na semana passada, o general da reserva Maynard Santa Rosa, ex-secretário de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais do Ministério da Defesa, afirmou que o Exército “possui munição somente para menos de uma hora de combate” E isso não é um boato.
Rádio Guaíba/montedo.com

4 respostas

  1. Certamente não é boato. Na minha OM, realizamos somente (e tão somente) o TIA e o TAT do efetivo profissional, com munição contadíssima e sem direito a "repeteco" de recuperação. Quem quiser buscar um altoaperfeiçoamento e atirar um pouco mais, tem que partir pra aquisição de munição própria. Já participei de algumas vaquinhas, entre o pessoal da minha OM que gosta de dar uns tiros a mais, além do meramente previsto nas IGTAEx. Isso não é obrigatório, mas quem gosta de atirar acaba buscando outras saídas. Só que um ST ou sargento (que tenha família, por exemplo) já não tem condições de gastar dinheiro com munição, por mais profissional que seja. E os cabos e soldados, como é que ficam? Esses aí não têm saída, nem que queiram. Tá cruel.

  2. Pq esse general só falou isso agora? Ainda vem o mudo do chefe do exercito pra falar de viatura…Essa viatura é para operação pipa, todo mundo sabe já sabe!

  3. este general deve estar desatualizado, apesar que há poucos anos estive numa palestra com ele em Brasília (há 3 anos). De fato sei, apenas , que o paiol das unidades estão vazios!

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