Mulheres na linha de frente

Nota do editor:
Começa a repercutir na mídia a informação publicada aqui no blog no dia 10 de agosto, sobre a Lei 12.705/12, que regula o ingresso nos cursos militares de carreira e, entre outras coisas, dá prazo de cinco anos para que as Forças Armadas passem a formar mulheres combatentes. Confira esta notícia do jornal Zero Hora:

Na linha de frente
Lei amplia ação feminina no Exército e permite que elas recebam formação para atuar no front
Projeto sancionado na semana passada obriga o Exército a abrir concurso para mulheres combatentes
Lei amplia ação feminina no Exército e permite que elas recebam formação para atuar no front Ricardo Duarte/Agencia RBS
Jociele se inspirou no amor do pai à carreira militar para almejar um posto na linha de combate do ExércitoFoto: Ricardo Duarte / Agencia RBS
Kamila Almeida
As mulheres avançam sobre uma das últimas trincheiras ocupadas exclusivamente por homens no Brasil.
Depois de 20 anos dedicadas a cargos técnicos do Exército, atuando na Saúde, na Educação e na Informática, surge uma nova opção: o quadro de combatentes.
A Aeronáutica e as forças policiais de quase todo o país já ampliaram a ação feminina na linha de frente há anos. Em pleno século 21, a lei 12.705, aprovada na semana passada, quebra paradigmas, mas é mais tardia do que parece. Isto porque o Exército ainda terá cinco anos para se ajustar a uma realidade mais do que presente no Brasil, que tem, inclusive, uma representante do gênero no comando — a presidente Dilma Rousseff.
Alojamentos e escolas de formação precisarão de reformas estruturais, e até o conteúdo técnico pode sofrer adaptações para recepcionar as novatas na linha militar bélica de ensino. Elas devem ser formadas para atuar em Campanha e poderão até ser vistas a bordo de um blindado, portando fuzis e pistolas, durante patrulhamentos nas missões de paz, por exemplo.
O grau de dificuldades durante a capacitação em escolas como a Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) e na Escola de Sargentos das Armas (EsSA), tradicionalmente frequentada apenas por homens, deverá ser o mesmo, independentemente do sexo. Mas alojamentos devem passar por adaptações, incluindo os quartéis.
O coronel da reserva Paulo Roberto de Almeida Rosa, da Comunicação Social da 3° Divisão de Exército, situada em Santa Maria, região central do Estado, lembra que as militares, quando vão para uma missão, recebem um preparo específico, com instrução de tiro e condicionamento psicológico para resistir às adversidades dos locais para onde serão enviadas.
— Embora formalmente não estejam na linha de frente, tecnicamente fazem tudo o que os homens fazem em uma situação extrema. Uma oficial na selva enfrentará adversidades, como exposição ao calor, ao frio, ficará sem banho e dormirá sem conforto. É uma questão de semântica — avalia o coronel Rosa.
Livres de preconceitos, não estarão. Para recebê-las, deverão haver muitas mudanças. Há quem comemore a novidade.
— A entrada do segmento feminino já mudou muito o nosso meio, até o jeito como nós nos comportamos. Isso é muito positivo. Ficamos mais sensíveis também — afirma o coronel Francis de Oliveira Gonçalves, comandante e diretor de Ensino do Colégio Militar.
— O homem é impetuoso. A mulher, prudente — lembra o coronel.
A aposta do diretor é de que ambos serão complementos na linha de frente.

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Vocação familiar
Jociele, Vanessa e Ana Paula ficaram animadas com a chance
de ingressar na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN)
Jociele Moreira Rezende, 16 anos, é filha única de um subtenente do Exército. Admira desde menina as medalhas do pai, Joacir de Oliveira Rezende, 44 anos. Quando o assunto eram os treinamentos de guerra, o coração se enchia de esperanças de um dia fazer igual. Mas sabia que era impossível.
— Como sempre disseram que a gente não podia, saímos em busca de outras possibilidades. Querendo ou não, ficou um pouco de lado esse sonho. Agora, ele renasceu — diz Jociele.
Ela e as colegas Ana Paula dos Santos Cavalheiro, 16 anos, também filha de subtenente e Vanessa Ferreira Abdalla, 17 nos, cujo pai é coronel, também cultivavam o sonho antigo de entrar para a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), castrado pelo rigor da carreira bélica, destinada ao sexo masculino.
No último ano do Ensino Médio do Colégio Militar, as três já definiram carreiras na Engenharia militar e na Força Aérea. A idade máxima para prestar concurso no Exército é 21 anos. Estão chuleando que as vagas sejam abertas antes desse prazo. Jociele largaria tudo para ser intendente no Exército.
— É claro que não é uma profissão normal. O juramento mesmo diz que defenderemos o Brasil com o sacrifício da própria vida, que é o nosso bem maior. Mesmo assim teria muito orgulho se ela conseguisse entrar — argumenta Joacir.
Elas são de uma escola onde muitas moçoilas partilham do mesmo sonho e sentiam a exclusão desde o ambiente escolar. O Colégio Militar tem por hábito organizar excursões para as tradicionais academias militares do país nas férias de julho, mas só os garotos podiam se inscrever para o passeio ao Rio de Janeiro e São Paulo, conta o major Flávio Marcelo Lima dos Santos, comandante da 3ª Companhia de alunos, que congrega o 2º e 3° ano do Ensino Médio:
— É sonho de muitas aqui no colégio. Ficavam fora da viagem porque sabíamos que não era permitido o ingresso delas na maioria das academias. Agora estão animadas para o ano que vem, quando devemos fechar um ônibus só com elas.
ZERO HORA/montedo.com

9 respostas

  1. Palhaçada isso aí… no máximo vão colocar mulheres na Intendência, Material Bélico e Comunicações, ou seja, na logística operacional… o que já é muito ao meu ver.

  2. Que bom o ingresso de mulheres! Do jeito que está a remuneração daqueles que entram no Exército agora, os Alunos terão de casar entre si juntando os contracheques para dar um contracheque de um militar de antes da MP do mal!

  3. Não é machismo, mais quero ve as mulheres fazendo os Siesps da AMAN, carrega mochila de 40 kg e se precisar ir para a linha de frente e acabar ficando gravida porque eu nao duvido que isso seja impossivel de acontecer e ai o exercito acabar perdendo um oficial por causa disso

  4. O que a gente mais faz no Exército é faxina e formatura mesmo. Não vejo dificuldade em incluir o universo feminino nestas atividades.

  5. na PM a formação já é uma zoeira só quero ver a bagunça que vai ser durante as instruções mas acho que com cinco anos vai dar pra planejar algo…

  6. Vcs precisam ver no PDC, no Rio, onde funciona o CML. Simplesmente os temporários NÃO TIRAM SERVIÇO! É ridículo a gente ver na saída do quartel um Tenente-Coronel com 29/30 anos de serviço tirando superior de dia em escala de 24h, e as bonitinhas temporárias indo para a balada ou para casa tranquilas, e ainda desejando "bom serviço" ao Tenente-Coronel. Engraçado que no contracheque o valor é o mesmo dos Tenentes (até QAO)e Sargentos de carreira que estão na escala.

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