Dois sargentos do Exército e seus carros turbinados

‘Louco por veículos’ investe R$ 78 mil para turbinar caminhonete em MS
‘Tuning’ exige tempo e paciência para gastar e regularizar as modificações.
Detalhes como escapamento cromado e TV no porta-malas fazem a diferença.
Montana tunada (Foto: Leandro Abreu/G1 MS)
Militar diz que já deixou de viajar para turbinar a Montana. (Foto: Leandro Abreu/G1 MS)
O sargento do Exército Daniel Gonçalves Tomazelli diz ter gastado em torno de R$ 78 mil para turbinar sua picape Montana, colocando detalhes que vão desde escapamento cromado a um telão dentro do porta-malas simplesmente para jogar videogame. A prática é conhecida como “tuning” e, além de dinheiro, exige tempo para que os donos deixem seus carros impecáveis. Muitas vezes são obrigados a fazer sacrifícios.
“Já deixei de viajar no Carnaval só esperando ela ficar pronta. Quando estava modificando, era minha prioridade”, disse Tomazelli ao G1. Ele conta que é apaixonado por carros e desde criança queria ter um carro modificado. “Desde uns dez anos que eu sonho com isso”, relata.
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Interior da Montana todo personalizado por
Tomazelli (Foto: Leandro Abreu/G1 MS)
Quando comprou e começou a mexer na Montana em 2008, a família foi contra. “Depois eles perceberam que não ia ter jeito de me desanimar”, fala o sargento.
“Logo que comprei já mudei a cor. Depois personalizei internamente. Os bancos, volante, pedal, som, tapete, manopla, entre outras coisas. Depois instalei a suspensão a ar, troquei as rodas para um modelo mais esportivo, modifiquei as portas para lambo door – tipo asa de gaivota –, instalei um vídeo game, telão na tampa traseira e turbo”, explicou.
O problema de gastar com peças novas, segundo ele, é que todas as mudanças exigem uma regularização e cada regularização exige uma ida ao Departamento de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS).
Montana tunada 5 (Foto: Leandro Abreu/G1 MS)
Portas ‘asas de gaivota’ são um dos destaques
do veículo (Foto: Leandro Abreu/G1 MS)

“Nós encontramos muitos empecilhos. Mudança de cor, suspensão, turbo. Tudo tem que ser legalizado. Alguns diziam que o gasto não compensava, mas quem gosta sempre me deu força”, diz Tomazelli.

Para coroar a força de vontade de quem pratica o tuning e dispende de anos e anos de investimentos no carro, há competições que premiam o veículo mais turbinado. Tomazzelli já venceu dois, ainda que não faça as mudanças para isso. “Tunei por hobbie, não pensava em participar de competições. Gosto mesmo é de dar umas voltas nos finais de semana”, explicou.
A Montana fica guardada em uma garagem de revenda de carros. O sargento diz que não abre mão de seu “xodó”. “Aqui eles cuidam muito bem dela, muito melhor do que ficaria lá em casa”, afirma.

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Segundo Tomazelli, cerca de R$ 78 mil foram gastos para tunar Montana (Foto: Leandro Abreu/G1 MS)
Mantendo as características
Outro tipo de hobbie envolvendo carros e modificações é o “Custom”. O segundo sargento do Exército Clédison Júnior Pereira Lima, 37 anos, é adepto desse tipo de prática. “Há uma diferença do tuning e do custom. Quando a pessoa tuna um carro, ela modifica a estética do veículo, altera mais por beleza. Já a customização é quando a pessoa melhora o carro com peças originais, com modelos mais fortes, para melhorar o desempenho do veículo”, explica.
Ele sempre gostou de mexer em carros. “Para deixá-los diferentes dos demais”, disse. Lima comprou a caminhonete em 2004, mas começou a investir nela em 2009. “Deixei ela parada cerca de dois anos. Em 2011 ela ficou pronta, do jeito que eu queria”, afirmou.
Sem contar com o valor do veículo, em torno dos R$ 25 mil, o militar diz ter gastado cerca de R$ 55 mil com peças e acessórios para a Ranger. “Para mim compensou. Fiz para agradar, não para o comércio. Já recebi algumas propostas, mas não pensei em vender na época. Quando você quer vender, ninguém quer comprar. Ai quando você não quer, aparecem várias propostas”, brinca.
Diferentemente de Tomazzelli, o hobby de Lima parece não agradar a todos de sua família. Ele conta que teve que fazer um acordo com sua mulher para evitar conflitos. “Prometi que não iria mais comprar carro nenhum para modificar”, disse. Ele conta que muitas vezes passou o mês sem dinheiro por conta dos investimentos no “custom”. “Gastei o dinheiro no primeiro dia e passei os outros 29 sem nada”, afirmou.
Essas dificuldades não impedem e nunca vão fazer com que o segundo sargento perca o que ele chama de mania. “É um vírus, que infecta a gente e não tem como fugir mais”, brincou.
Lima já teve outras sete Ranges, dois Opalas, três Caravans, um Gol, três Voyages, um 147, um fusca, uma Mercedes 280S e “carrinhos normais” como Corolla, Strada Adventure e um Punto.
Ranger customizada (Foto: Clédison Júnior/Arquivo Pessoal)
Oitava Ranger de Lima custou R$ 55 mil para ser customizada (Foto: Clédison Júnior/Arquivo Pessoal)
G1 MS/montedo.com

9 respostas

  1. Por isto que não ganhamos aumento, quem vê, e eles vêem isto pensam que milico tem dinheiro sobrando para gastar em certos caprichos.

  2. Achei que os sargentos estavam sem dinheiro. Essa reportagem só prova o que eu penso: cada um administra sua vida financeira como bem entende. Esse cara, provavelmente, nao tem esposa e filhos pra sustentar. A vida é assim: cada um gasta o que pode. Quem gasta mais do que ganha fica sem dinheiro. Se isso acontece com você, planeje melhor sua vida financeira. Tenho uma casa num Condominio fechado e sargentos moram lá… Que esquisito né? Achei que ganhavam muito mal… Com certeza ele e outros souberam cuidar de sua grana durante a vida.

  3. Mas que gente recalcada ,invejosa…afff
    Cada um investe, gasta, coloca, seja lá o termo o que for o seu dinheiro onde bem entender!se fulano tem 6 dúzia de filhos para sustentar, azar ("ou não" depende do ponto de vista) o seu!Cada um é dono de seu destino!Escolhe as suas opções de vida!Se ele está feliz, não prejudicou ninguém, e gastou o dinheiro que vem do suor que pinga de sua testa parabéns a ele!

  4. Achei interessante os carros tunados dos nobres colegas. Muito bonito mas gostaria de deixar um conselho para que meçam esforços num consórcio imobiliário ou , também, numa faculdade que é essencial nos dias de hoje. Na venda dos referidos veículos há a depreciação dos mesmos e o valor investido em Tuning nem sempre dá retorno.

  5. Bem…Pensamentos típicos de brasileiros, ou o cara é gênio, ou deu sorte, ou é ladrão. No Brasil o automático é pensar nesse tipo de coisa, ninguém pensa em trabalho duro, em sacrifício, em abnegação. Todos tem capacidade é só acioná-la de vez em quando. O que mais impressiona é esse conflito oficiais e praças…um verdadeiro cesto de caranguejos! Ninguem deixa o outro sair de dentro. Ao companheiro dos carros "tunados" parabens pelo hobby e espero que seja feliz!

  6. Desnecessária essa reportagem….quantas são as pessoas que fazem isso com seus veículos…Acredito que essa referência a SARGENTO, seja uma forma de deixar a dúvida no ar, se realmente esses militares estão ganhando pouco…

  7. PARABÉNS! E APROVEITEM PARA DIVULGAR A MENSAGEM: "SE BEBER NÃO DIRIJA!" IMPORTANTE!
    À PROPÓSITO: SOBRE ALGUNS COMENTÁRIOS ACIMA. É JUSTAMENTE A DEMOCRACIA QUE TANTO DEFENDEMOS QUE GARANTE AO INDIVÍDUO O DIREITO DE FAZER O QUE QUISER COM SEU SALÁRIO
    JBL

  8. CADA UM FAZ DA SUA VIDA E DO SEU DINHEIRO O QUE QUISER! MAS,NO MOMENTO QUE ESTAMOS PASSANDO NÃO ERA A HORA DE MOSTRAR ISTO!E OUTRA ESTES DOIS MILITARES NÃO SÃO A DURA REALIDADE DA TROPA QUE ESTÁ PASSANDO NECESSIDADES!

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