‘Tijolo quente’ é a provável causa da morte de aluno do CFS no RJ

‘O artefato não poderia estar naquele local’, diz Exército sobre morte de militar
Exército ainda não sabe o que provocou a explosão que vitimou Vinícius Figueira Benedcito Eugenio, de 21 anos, e feriu outros 10 alunos da Escola de Sargentos de Logística

POR BRUNO MENEZES, CADU BRUNO, FRANCISCO EDSON ALVES
O Exército ainda não sabe o que provocou a explosão que matou o jovem Vinícius Figueira Benedcito Eugenio, de 21 anos, e feriu outros 10 alunos da Escola de Sargentos de Logística (EsSLog), na noite desta quarta-feira, no campo de instrução de Camboatá, na Vila Militar, em Deodoro, na Zona Oeste. Em entrevista coletiva concedida no início da tarde desta quinta-feira, o coronel Abílio Sizino de Lima Filho disse que apenas após a conclusão do inquérito, dentro de 40 dias, será possível identificar as causas do acidente.
“O artefato não poderia estar naquele local. Esse grupo não utiliza explosivos, apenas material para simulação. O acidente ocorreu em uma área onde o grupo se preparava para passar a noite, por volta das 21h. Eles haviam acendido uma fogueira e iriam preparar o jantar quando o artefato explodiu”, afirmou.
De acordo com o militar, ainda não é possível identificar que tipo de artefato provocou a explosão. O coronel também informou que o acidente pode ter sido causado pelo acendimento da fogueira ou por um pisão.
Sizino de Lima Filho ainda revelou que o último grupo a utilizar explosivos na área onde ocorreu o acidente era formado por homens do Centro de Instrução de Operações Especiais. Eles deixaram o local em 2011. O coronel disse, contudo, que sempre é realizada uma varredura de inspeção após treinamentos com artefatos. O enterro de Vinícius será realizado às 10h desta sexta-feira, no Cemitério do Caju, na Zona Norte.
Rosinaline Benedicto (e), Eliane Figueira e Roberto Pace, tios de Vinícius, estiveram no Hospital Central do Exército | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia

Em comunicado, o Exército lamentou o ocorrido e informou que dá todo o suporte aos familiares das vítimas.

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Três feridos em estado grave
Três soldados estão internados em estado grave por conta da explosão. Tiago Fontinha Rodrigues, de 26 anos, que sofreu graves ferimentos no rosto, está no Hospital da Força Aérea, no Galeão.
Wellinton Santos de Souza, 21, e Weidson Amorim, 24, estão no Hospital Central do Exército, em Benfica, também em estado grave.
Sylvio Lourenço Ramires Bloise, Wemerson Alan Rodrigues Matos, Vinícius Eduardo Pansani, Willians Magalhães, Yuri Viegas Costa, todos de 23 anos, e Welliton de Souza Silva, 25, e Wiler Guimer, 22, foram levados para o Hospital Geral do Exército, em Deodoro, com ferimentos leves.
‘Ele era um menino de ouro’, diz tia
Vinícius era morador de Nilópolis, na Baixada Fluminense. “Ele era um menino de ouro, estudioso e exemplar. Ainda não sabemos direito o que aconteceu”, disse Eliane do Espírito Santo, tia do militar.
Parentes reclamam da falta de informações sobre o que causou o acidente que culminou na morte de Vinícius. “Não vou ficar lá dentro do hospital ouvindo psicólogo, bebendo cafezinho e água. Ninguém explicou até agora o que aconteceu com o meu sobrinho. Só soubemos que um cara mandou meu sobrinho mexer num artefato, mas esse cidadão não está aqui para dizer nada”, completou Eliane. A mãe do rapaz sofre de transtorno bipolar e está medicada, em casa.
O Dia Online/montedo.com

6 respostas

  1. dificil entender a realizacao de instrucao de sobrevivencia em cima de uma area de instrucao anteriormente utilizada por eqquipes de forcas especiais, ainda mais com urtilizacao de fogueiras, como divulgado. condolencia a familia.

  2. Para os que não sabem foi uma fatalidade pois antes de ser o Centro de Operações Especiais em Camboatá aquilo já foi um paiol central do Exército antes até do DCMUN em 1958 todo paiol explodiu espalhando artefatos militares pela adjacência inclusive dentro de cambotá que depois foram aterrados. Os alunos colocaram fogo em uma fogueira e no subsolo a poucos centimetros havia uma granada de 1958 já aterrada por muito tempo.
    Entendo isso como fatalidade. Pois artefatos enterrados não são visiveis, nem a equipe de instrução teria condições em um possível reconhecimento de saber que o terreno possuia em seu subsolo granadas sejam elas de artilharia ou de morteiro.

  3. Olha tem coisas que são muito dificeis do instrutor prever…o q fica como lição é o seguinte: Parem de piruar, fazer só o ramibola é a unica solução!!!

  4. Os arredores da Vila Militar do RJ (Gericinó e adjacências) são usadas para treinamento militar quase que desde o tempo do Império. Se tem algo que não falta por lá é tijolo quente. Aos montes e montes.
    O rapaz, aparentemente, pisou numa mina esquecida ali Deus sabe por quanto tempo…
    O Brasil assinou o Tratado Internacional de Banimento das Minas Terrestres em 1997, quando todas as forças brasileiras extinguiram a fabricação, instrução, empaiolamento e utilização desse tipo de material. Isso significa que, se foi mesmo uma mina perdida, está ativa naquele local há pelo menos 15 anos.
    Vai ser difícil, se não impossível, descobrir quem teria sido responsável por plantá-la e esquecê-la ali.
    Pobre rapaz! Que tristeza, meu Deus… Que esteja em paz e nossos sentimentos à família.

  5. PORQUE ESTÃO TRATANDO A ASSUNTO COMO SE FOSSE MINA TERRESTRE. ISSO NÃO FOI E É FATO SOU ALUNO DO CFS E VI QUANDO OS PERITOS RECOLHEREM UM PEDAÇO DE GRANADA QUE ATÉ ONDE EU SEI PARECE COMO DE UMA GRANADA

  6. Mas que coisa hein! Espero que com esta fatalidade, finalmente um determinado militar mais moderno encontre resposta para um questionamento de que fui alvo há anos atrás:" antigão, porque perder tempo catando estojo de munição que já foi deflagarada e não oferece mais risco, é só resto de metal???".
    Respondi a ele na época, combatente! Se voçê não se preocupa em verificar um simples estojo deflagrado e cata-lo, o que fará com os artefatos maiores que por um motivo ou outro não funcionaram……????Vai deixar ao relento para algum desavisado se acidentar. O elemento ficou calado pensando e de imediato passou a recolher as capsulas de estojos que sobravam depois do tiro. O modo mais antigo que tem de saber se sobrou munição sem usar ou se tem algum tijolo quente ao relento é pela simples contagem e comparação de estojos deflagarados no caso de munição de baixo calibre e pelo resultado final que é a explosão, nas de grande calibre. Uma das funções que envolve risco é a de sargento de tiro e oficial de tiro, pois se o elemento responsavel pelo controle não tiver paciência para desempenhar a sua função de modo completo, as consequências virão, cedo ou tarde, por conta de instrução mal ministrada. Certa vez, em determinada escola de formação, um lança rojão estava sendo usado na instrução para um pelotão de 30 alunos, após a instrução, ato continuo, um dos alunos foi escolhido para executar um disparo do referido lança rojão como demonstração, usando munição real. Se este aluno não estivesse postado na beirada de um precipio cheio de mato na encosta, o pelotão todo ou grande parte teria sucumbido, pois quando ele disparou, o projétil saiu e caiu abaixo dele, não houve trajetória a não ser em direção aos pés devido ao peso do projétil, que era velho demais e sua espoleta não funcionu por completo, não impulsionando o mesmo para frente, apenas fez sair do cano e cair por sorte no precipício….me lembro até hoje do grito do armeiro que acompanhava a instrução de perto:"DEITA NO CHÃO"…pois ele viu o artefato sair sem força, ao que o pelotão de pronto obedeceu. O tal projétil não explodiu, virou tijolo quente devido a copa do mato que amorteceu sua queda e foi retirado pela antiga TULEDEF(turma de limpeza e destruição de engenhos falhados), a qual poucos eram voluntários a integrar, até porque tem que ser pessoal especializado em explosivos e muniçoes. Cadê o relatório de fim da atividade executada nas diversas épocas no local do ocorrido, próximo a vila militar do RJ? material usado, consumo de gêneros, baixas de pessoal, etc…? Se a area do acidente comprovadamente já foi usada como campo de instrução e tiro, basta fazer uma varredura para se certificar da existência de engenhos falhados, demandará tempo e pessoal, mas ao final terá certeza que o campo ou area tá limpo. Já podia ter sido feito antes, se cada um que usou passasse a pensar igual ao moderno do inicio deste texto, que se convenceu da necessidade da limpeza e conferência de artefatos.

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