‘Quero saber quem foi responsável’, diz pai de militar morto em explosão

Exército teria dito que jovem fez uma fogueira para esquentar comida.
Desejo do rapaz era ser enterrado com a farda do Exército.

Renata Soares
Pai do militar fala durante velório – (Foto: Renata Soares/G1)
“Quero saber quem foi o responsável. Meu filho era estudioso, empenhado, chegou a ficar em 125º lugar na prova do Exército de todo o Brasil. Ficou um ano no Amazonas estudando para conseguir essa pontuação. Aí ele volta para o Rio, pra morrer aqui?”, desabafou Célio Alves Eugênio, pai de Vinícius Figueiras Benedicto, 22 anos, morto em uma explosão na noite de quarta-feira (20).
Segundo Célio, ele foi avisado sobre a morte do filho por volta das 2h de quinta. “Me ligaram e disseram que o treinamento já tinha terminado e que meu filho tida ido com mais alguns amigos do quartel fazer uma fogueira para esquentar a comida e do nada houve uma grande explosão. Eu só posso deduzir que, se isso é verdade, talvez tivesse uma granada enterrada no chão onde ele foi fazer a fogueira e que acabou explodindo. Tenho que esperar o resultado da perícia, porque infelizmente o que parece é que foi um acidente de trabalho”, contou.
Célio ainda relatou que era desejo do filho, se lhe acontecesse algo, que fosse enterrado com o uniforme do Exército: “É estranho, mas ele amava muito o que fazia, e assim foi feito, a vontade do meu filho prevaleceu. Era o desejo dele”, disse.
O pai ainda acrescentou que o laudo do Instituto Médico Legal (IML), ao qual ele teve acesso na manhã desta quinta (21), apontava que o jovem teve o tórax arrebentado e atingiu a membrana do coração.
O corpo de Vinícius começou a ser velado por volta das 17h30 no Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária do Rio de Janeirox. O velório é realizado na Capela 4 e o enterro está marcado para as 11h desta sexta-feita (22).
Parentes queriam enterro em outro cemitério
Segundo Roberto Pace, casado com Josilane Figueira, tia do rapaz, a família gostaria que o enterro fosse realizado no Cemitério Jardim da Saudade, em Mesquita, na Baixada Fluminense. No entanto, o alto custo – R$ 18 mil, segundo Pace – não é coberto pelo seguro do Exército.
Vinícius Figueira adorava o Exército, segundo os parentes 
(Foto:Arquivo Pessoal/Reprodução)
As duas tias de Vinícius, Roselaine e Eliane Figueira, contaram que estão insatisfeitas com o lugar onde o sobrinho vai ser enterrado.
“Queríamos um jazigo pra ele no Cemitério Jardim da Saudade, mas o Exército disse que só cobre até R$ 3.500 e lá é mais caro. Isso é um descaso, meu sobrinho era um ser humano maravilhoso, não fazia mal para ninguém”, reclamou Rosilaine.
Também muito abalada e nervosa, Elaine acredita que não tenha ocorrido um simples acidente de trabalho. “Quem estava lá com ele na hora do acidente, quem era o sargento responsável? Temos várias perguntas e nenhuma resposta”, disse.
Área era usada para instrução
A área em Deodoro, na Zona Oeste do Rio, onde o artefato explodiu, era usada até o ano passado pelo Centro de Instrução de Operações Especiais do Exército. No entanto, segundo o comandante Abílio Sizinho de Lima Filho, diretor da Escola de Sargentos de Logística (EsSLog), onde o jovem morto e outros 10 feridos estudavam, o local passava por varreduras após cada treinamento.
De acordo com o militar, cerca de 240 jovens participavam de treinamento iniciado na segunda-feira (18) no Campo de Instrução de Camboatá e estavam divididos em grupos. Uma dessas equipes, com 12 alunos e um instrutor – o único que não se feriu –, se preparava para dormir quando houve a explosão. Eles acenderam uma fogueira para cozinhar os alimentos, segundo Sizinho, mas não há qualquer indício de que esta seja a causa do acidente.
“O exercício era de sobrevivência e nenhum dos alunos manuseava qualquer tipo de explosivo. A perícia está sendo feita e só o Inquérito Policial Militar vai poder dizer o que causou a explosão”, explicou.
Pela manhã, a família de Vinicius disse que o jovem sofria de depressão e reclamava muito da alta carga de exercícios, como mostrou o RJTV. À tarde, o comandante rebateu: ”Acompanhamos ele desde o início do ano e o aluno não apresentou nenhum quadro de depressão”.
Dos 10 feridos, três estão em estao mais grave, mas sem risco de morrer.

G1 RJ/montedo.com


2 respostas

  1. É por serem políticos que os militares estão na atual situação, não tem Homem agora para assumir sua função de comando. O senhor, oficial, delega a autoridade, mas a responsabilidade, não. Em qaulquer nível.

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