Senador diz a Amorim que remuneração das Forças Armadas é “miserável”

Nota:
As falas dos senadores foram inseridas na notícia pelo editor do blog.

Brasil precisa investir em defesa como os demais Brics, diz Celso Amorim

Marcos Magalhães
Para tornar a sua estrutura de defesa mais compatível com o novo peso do país no cenário internacional, o Brasil deverá elevar gradativamente os seus gastos com defesa a um nível equivalente à média dos demais integrantes da formação original dos Brics – Índia, China e Rússia. A recomendação foi feita nesta quinta-feira (26) pelo ministro da Defesa, Celso Amorim, durante audiência pública realizada pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).
Embora reconhecendo o esforço do governo para aumentar os investimentos na modernização das Forças Armadas, o ministro citou dados de um instituto sueco de relações internacionais para comparar a situação brasileira à de outros países considerados emergentes. Enquanto no Brasil os gastos com defesa limitam-se a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB), informou, a média dos chamados Brics “tradicionais”, sem contar a África do Sul, incluída recentemente, alcança 2,3% do PIB.
– Se queremos falar como um dos Brics, nosso orçamento de defesa vai ter que chegar à média dos orçamentos deles. E esta não é só uma questão de governo, mas da sociedade, que tem que entender que esses investimentos são importantes – afirmou Amorim.
Com o objetivo de demonstrar a ampliação da projeção nacional do Brasil ao longo dos últimos anos, o ministro comparou encontros que teve em Brasília com o então secretário de Defesa norte-americano William Perry, há 18 anos, quando ele era ministro das Relações Exteriores, e com o atual secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta, há poucos dias.
– Quando fui anfitrião de Perry, dizia-se que o Brasil não tinha que desenvolver seu potencial de defesa, pois havia uma grande potência que cuidaria de tudo. A nossas Forças Armadas restaria o papel de combater o narcotráfico e o crime organizado. Agora existe uma visão totalmente diferente. O atual secretário disse que, no mundo de hoje, é preciso que outros países estejam capacitados a enfrentar desafios de defesa – relatou Amorim.
Cooperação
Durante a sua exposição, o ministro ressaltou a importância da cooperação em defesa com os demais países da América do Sul, que chamou de “zona de paz e segurança”. Citou, entre outras iniciativas, o interesse da Argentina pelo blindado Guarani e a discussão sobre a aquisição, pelo governo brasileiro, de lanchas blindadas para fazer a patrulha dos rios da Amazônia.
Amorim demonstrou ainda sua preocupação com a África Ocidental – em especial com o golpe de Estado ocorrido há poucas semanas na Guiné Bissau. Além da solidariedade ao país de língua portuguesa, existe no caso uma preocupação com a segurança brasileira, uma vez que, como observou, a instabilidade política na Guiné Bissau pode levar esse país, situado a 3200 quilômetros do Brasil, a tornar-se um “Estado falido sujeito a ameaças do narcotráfico”.
Vencimentos
Durante o debate, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) observou que, além dos reduzidos investimentos, as Forças Armadas enfrentam ainda o problema dos baixos vencimentos de seus oficiais, quando comparados a funcionários de nível semelhante no próprio Executivo e nos outros Poderes. 

O que disse o senador Aloysio Nunes Ferreira:

“…vou, Sr. Ministro, me restringir a uma questão sordidamente material que é o orçamento. Foi um tema que abordei quando discuti da tribuna do Senado uma medida provisória que continha uma série de estímulos à indústria nacional de defesa. Tem razão V. Exª quando diz que o orçamento oscila um pouco mais alto, um pouco mais baixo, mas sempre num nível muito aquém das necessidades da defesa do nosso País, face inclusive aos desafios do mundo moderno que V. Exª tão bem ressaltou. Mais ainda, há participação ou parcela muito reduzida destinada a investimentos. No que diz respeito à remuneração de pessoal, se compararmos à remuneração dos nossos militares, as pessoas que têm nível mais ou menos equivalente de formação e de responsabilidade 

mais ou menos o equivalente de formação e de responsabilidade em outros Poderes e, até mesmo em alguns casos, no Executivo, a posição dos nossos militares é muito detrimentosa.  

Fico feliz em ouvir de V. Exª que há esforço e sensibilidade da Presidente para esse tema.

Mas, em relação ao orçamento, Sr. Ministro, não me consta que tenha havido corte por parte do Congresso Nacional em relação às propostas orçamentárias encaminhadas pela Presidente da República. Eu creio que é efetivamente um problema do Poder Executivo, definição de prioridades do Poder Executivo. 

E, aqui, a nossa Comissão de Relações Exteriores do Senado tem sido sempre muito solícita em relação à defesa, como tem que ser, pela importância do tema. Nós temos sido acompanhados inclusive por assessores do Ministério da Defesa e das Forças, que sempre nos dão as informações necessárias prontamente, quando solicitadas. As emendas parlamentares originárias da nossa Comissão, quando solicitadas, sempre são formuladas e apresentadas ao orçamento. Mas eu creio que há um problema que precisa ser encarado realmente pelo Poder Executivo de uma maneira mais, digamos assim, eficaz do que tem sido, de modo que as palavras tenham correspondências nos atos. “O homem é suas ações e mais nada”, já dizia o Padre Vieira.

Além de o orçamento originário estar em um nível bastante baixo, como é reconhecido, há também o problema do contingenciamento; não apenas o contingenciamento das dotações originárias do orçamento das Forças e do Ministério, mas também o contingenciamento de alguns fundos importantes de pesquisa que alimentam o desenvolvimento tecnológico indispensável ao aprimoramento da nossa defesa.”

A mesma preocupação foi demonstrada pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR), que sugeriu a realização de uma audiência para tratar do assunto.

O que disse o senador Roberto Requião:

Outro fato que me leva a intervir nesta reunião surge de uma conversa minha, há pouco, indisciplinadamente, com o Senador Aloysio, que é o problema da miserável remuneração das Forças Armadas brasileiras.

O Senador Aloysio me dizia: “Requião, o Senado está abrindo concurso, agora. E um médico recém-formado que entra pelo concurso do Senado inicia a sua carreira com R$18 mil. Quanto ganha um general do Exército? Como anda a remuneração das Forças Armadas? 
Para termos uma opinião definitiva sobre isso, a informação é fundamental. Não pode existir decisão, nem podemos influir em nada sem termos uma informação correta. 
Então, a minha sugestão a V. Exª e ao Senador Fernando Collor é de que realizemos uma audiência, aqui nesta comissão, para tratar desse assunto, perscrutar a fundo a estrutura de remuneração das Forças Armadas e, por exemplo, compará-la com as remunerações desse mágico Senado Federal, onde um policial, se não me engano, começa também com R$18 mil, que talvez não seja o salário final de um general do Exército. Essas informações são importantes.
Eu gostaria que V. Exª, Ministro, analisasse a oportunidade dessa proposta. Inclusive, tenho um projeto que tramita no Senado, se não me engano está na Comissão de Constituição e Justiça, tornando obrigatória a publicação da folha com a remuneração e todos os aditivos que possa ter – salário e remuneração, aditivos e vantagens – todo funcionalismo da República. De todos os poderes e da administração direta e indireta. 
Pelo que sei e na qualidade de asp. of. cav., aspirante a oficial de cavalaria, desde o tempo em que frequentei o CPOR do Paraná, essa estrutura remuneratória das Forças Armadas em relação a outros funcionários da República está extraordinariamente pobre e defasada. E seria interessante que nos informássemos a fundo, para que finalmente tomemos uma posição a respeito disso. 
O senador Luiz Henrique (PMDB-SC) quis saber como andam os preparativos para o lançamento do satélite geoestacionário brasileiro, que será usado pelas Forças Armadas e para a ampliação da oferta de internet banda larga no país. Ele foi informado pelo ministro que a previsão de lançamento do satélite é de 2014. Questionado pelo senador Sérgio Souza (PMDB-PR) a respeito da utilização de veículos aéreos não tripulados (Vant) para a segurança nas fronteiras, Celso Amorim disse que os veículos são “uma prioridade do governo brasileiro”.
A senadora Vanessa Graziottin (PCdoB-AM) defendeu o fortalecimento da atuação das Forças Armadas na Amazônia. O senador Aníbal Diniz (PT-AC) ressaltou a “necessidade premente” de novas bases militares na Amazônia, onde o tráfico de drogas tem se convertido, segundo observou, em uma “ameaça permanente a índios isolados”. Por sua vez, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) demonstrou preocupação com os possíveis desdobramentos da crise entre Israel e o Irã.
Ao final da reunião, o presidente da comissão, senador Fernando Collor (PTB-AL), observou que as necessidades de defesa do Brasil aumentam ao mesmo tempo em que cresce o peso internacional do país.
– Soberania é uma palavra chave. E a soberania está diretamente relacionada à capacidade operacional das Forças Armadas. Nossa diplomacia é competente, mas estamos em um estágio em que precisamos ter uma força de dissuasão que seja visível para o resto do mundo – afirmou Collor.
Agência Senado/montedo.com

13 respostas

  1. BLA BLA BLA,,,BLA BLA BLA,,,BLA BLA BLA,,, BLA BLA BLA,,, BLA BLA BLA,,, BLA BLA BLA,,,………BLA BLA BLA,,,…………. E CONTINUAMOS COM ESSE BLA BLA BLA SEM FIM,,,AGIR QUE É BOM…

  2. Esse tal de Collor é um menino bom, sempre ajudou as FA! Ô bichinho pra gostar de uma poupança alheia!O bom mesmo era algum general falar a nosso favor!! mas eles só sabem escrever cartinhas(manifesto idiota)…Pessoal vamos acordar, estudem e saiam dessa barca furada!!! generais virem HOMENS!!!

  3. Ó novidade!!!todos sabem da penúria salarial que vivemos, quase que uma maldição e há décadas se arrasta sem solução!!Não há interesse de resolver a questão salarial da FFAA, pois somos DISCIPLINADOS E SERVIS!!!

  4. "
    Segundo Amorim, há uma “sensibilidade real” do governo, que já iniciou estudos para tratar da questão. Para ele, “o elemento humano é absolutamente fundamental” para o bom desempenho das atividades militares – e isso implica a valorização, pela sociedade, da carreira militar, que tem demonstrado altíssimo grau de profissionalização."

    Meu comentário: a sociedade já valoriza as FFAA, conforme comprova as pesquisas. Basta a ação do governo.

  5. NO FINAL DE SEU COMENTÁRIO EM 26/04/2012 20:23,O ANÔNIMO DISSE: GENERAIS VIREM HOMENS!!!. HOMENS, ELES SÃO, SÓ QUE COM "H" MINÚSCULO.

  6. Na reserva já militei em Instituição Pública Municipal e ouvi essa frase idiota muitas vezes: " Vamos estudar o assunto"; mesmo já apresentando os estudos efetuados, o projeto pronto e as custas necessárias, o governo ficava enrolando com promessa de estudar. Até o momento que me abufelei e disse que estudar, eu já havia estudado, e era hora de colocar em prática meus estudos. No governo federal a situação é a mesma, haja vista que a maioria precisa mesmo estudar muito para poder governar, porque não sabem que Governo é composto dos três poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário. Vejo nas entrevistas de muitos políticos do Legislativo, que se referem ao Executivo como sendo governo e esquecem que eles também o são. Enquanto isso, precisamos contratar advogados para negociar nossas dívidas junto aos bancos, já que temos nossos proventos achatados e corroídos por impostos e mentiras e não somos adeptos da inadimplencia. Obrigado!
    Prof. Reinaldo

  7. Senhores militares, animem-se! O governo não tem para onde correr pois deseja ardentemente um ASSENTO NO CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU. Para tanto, terá de elevar o investimento em FFAA de 1,5% para pelo menos 2,6% do PIB. Isso é quase dobrar o investimento! Parem de reclamar da vida, segurem a ansiedade e entendam: vai haver um "PAC MILITAR" sim, não há outra maneira de ganhar respeito e representação na política mundial senão colocando muita grana na Defesa, como bem fazem os EUA. Aguardem e verão.

    Ten Namarca

    Obs.: outro dia aí teve alguem duvidando da info de que um Ten ganha 7,3 mil. A info é verdadeira, mas se refere, claro, ao valor bruto. Sou tenente e na minha conta cai líquido 5,4mil (possuo adicional de mestrado).

  8. Amorim não está nem aí. Ponha o poder nas mãos do sujeito e você o conhecerá.Está acostumado com estas audiências(?), discursos dos políticos na câmara e senado. São apenas palavras para fazer de conta que se importam com alguma coisa que não seja dinheiro pra eles. É igual ao vídeo que ví qundo o Dep. Jair Bolsonaro discursava cobrando as promessas da PresidentA durante a campanha. Uma meia duzia presente batendo papo, colocando as fofocas em dia, nem prestavam atenção e, acho, que o unico que prestou atençaõ no que ele estava dizendo foi o câmera da TV.

  9. Tudo isso não passa de pura vaselina, não se iludam as FFAA já eram vamos trabalhar por fora fazendo bicos pra um dia deixarmos de ser eternos frustrados.!!!

  10. O Ten. Namarca só pode ter caído da cama ao concluir em seu comentário que havendo investimento haverá aumento de salário. Se houver algo nos salários serão para os oficiais infantarias, aviadores ou para os praças peixes que são a nata de sua força para aprenderem a utilizar os brinquedos que o GOVERNO e não os militares escolherem de acordo com a maior propina oferecida. A Venezuela comprou aqueles super aviões russos e no fim das contas ganham menos que nós. Têm magníficos instrumentos e além de pouco saberem utilizar ganham tão pouco ou pior do que nós. Ou seja, as coisas ainda podem piorar. E as possibilidades são grandes.

  11. Investimento para comprar equipamentos, sempre haverá. Agora para aliviar a fome dos milicos e da agiotagem isso não se pensa…. Só depois que muito profissional das armas trocar a força pela iniciativa privada e os claros realmente aparecerem e sem ninguém especialista para cobrir a vaga…então vão pensar no assunto. com um detalhe… um profissional leva pelo mínimo 1 ano para formar. o mínimo.

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