Governo de Rondônia quer Exército ocupando canteiros de obras das usinas de Santo Antônio e Jirau para por fim a greve

Rondônia pede ajuda do Exército para pôr fim à greve
O governo de Rondônia quer que o Exército ocupe os canteiros de obras das usinas de Santo Antônio e Jirau para garantir que trabalhadores ponham fim a greve dos trabalhadores da construção. Homens da Polícia Militar e a Força Nacional já estão nos dois locais, mas para o governo só o Exército agora seria capaz de “restabelecer a ordem”, disse o secretário de segurança do Estado, Marcelo Nascimento Bessa. As empresas responsáveis pelas obras dizem que os grevistas são minoria, mas estão conseguindo impedir que a maioria volte às atividades. Jirau está parada há 20 dias e Santo Antônio desde a semana passada.
“O efetivo do Exército operaria em todos os pontos sensíveis e faria o patrulhamento interno para permitir que quem quer trabalhar possa fazê-lo sem ameaças”, disse o secretário.
A reportagem é de Marcos de Moura e Souza e publicada pelo jornal Valor, 30-03-2012.
A decisão sobre o pedido de ajuda do Exército foi discutida por ele ontem com representantes dos consórcios responsáveis pelas obras – Energia Sustentável do Brasil (de Jirau) e Santo Antonio Consórcio Construtor. O temor das autoridades, das empresas e também de lideranças sindicais que participam das negociações é que o clima de insatisfação de parte dos trabalhadores provoque atos de quebra-quebra e vandalismo como os ocorridos há um ano. Na época, ônibus foram incendiados e apedrejados e instalações nos dois canteiros, destruídas.
O governador de Rondônia, Confúncio Moura (PMDB), que está em viagem ao exterior, autorizou que sua equipe faça o pedido à Presidência da República por soldados. Bessa, segundo sua assessoria, falou por telefone no fim da tarde com o ministro Gilberto Carvalho. Segundo sua assessoria, Carvalho disse estar “convencido da necessidade do Exército nas obras”.
O movimento grevista reivindica, entre outros pontos, uma antecipação do aumento salarial antes mesmo da data-base, em maio, plano de saúde com cobertura nacional para que seus familiares possam também ser atendidos, e aumento no vale-alimentação.
Segundo Bessa, o Estado de Rondônia não pode mais manter policiais militares nos canteiros para evitar tumultos como os ocorridos na paralisação do ano passado. O secretário disse que a presença de PMs nas duas obras já afeta a segurança no Estado. “Operações que poderiam estar sendo feitas não acontecem porque policiais estão deslocados para os canteiros. Segundo ele, nas duas obras, a PM e a Força Nacional mantém cerca de 250 homens – 80% são responsáveis pela segurança de Jirau.
Ao contrário do que se viu em 2011, o movimento tem sido pacífico. Hoje pela manhã, no entanto, houve tumulto envolvendo entre 600 e 1000 trabalhadores de Jirau (segundo números citados pelo secretário de Segurança) que impediram a entrada de ônibus com trabalhadores que pretendiam voltar à obra. PMs e integrantes da Força Nacional estavam no local, mas acabaram não entrando em confronto e os funcionários que iriam trabalhar foram embora.
“É um absurdo mandar o Exército. Os trabalhadores não vão deixar entrar. O que é preciso não é repressão. O que é preciso é mais diálogo”, disse Donizete de Oliveira, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção do Estado de Rondônia (Sticcero). As empresas dizem que vem mantendo diálogo.
Segundo a Camargo Corrêa, principal empresa à frente da obra da usina, “não ocorreram atos de violência contra trabalhadores, nem houve registro de danos materiais às instalações e equipamentos no canteiro da Usina Hidrelétrica Jirau.
Na hora do almoço, o tumulto foi no canteiro de Santo Antônio, cuja construção está a cargo, principalmente, da Odebrecht. A maioria dos funcionários havia voltado ao trabalho pela manhã, mas na hora do almoço um grupo de grevistas começou a confusão. Trabalhadores que foram retirados às pressas pela companhia, ouvidos pelo Valor, disseram que um grupo atirou pedras e bombas no restaurante. Houve choques entre trabalhadores e policiais.
Executivos da empresa foram pegos de surpresa, assim como o secretário Bessa, porque até então o clima na obra era menos tenso do que em Jirau. “O consórcio tomará as medidas legais para punir os vândalos e continua empenhado em garantir a segurança para os seus integrantes. A violência praticada é uma evidente questão de segurança pública e deve ser alvo de efetivo controle do Estado e de sua força policial” disse, por meio de nota, o consórcio Santo Antonio.
Uma das razões alegadas pelo sindicato para a tensão de ontem foi a convocação por parte dos dois consórcios para que os trabalhadores voltassem ontem mesmo ao trabalho – o que permitiria que eles não sofressem descontos em seus salários. Para o sindicato, a convocação atropelou as negociações marcadas para hoje no Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
Os desembargadores decidiram adiar para hoje uma audiência de conciliação com comissões de trabalhadores, empresas e sindicato. A greve em Jirau já foi considerada em caráter liminar abusiva pelo TRT em Rondônia. Mesmo assim, os trabalhadores continuaram de braços cruzados. Mas, como disse, o desembargador Carlos Augusto Gomes Lobo ontem, “não adianta a greve ser declarada abusiva. O Judiciário não pode obrigar o trabalhador a voltar ao trabalho. A questão é social.” Até o fechamento da edição, o pedido formal à Presidência para envio do Exército ainda não havia sido assinado pelo vice-governador, Airton Gurgacz.
IHUnisinos/montedo.com

4 respostas

  1. Exército não é para isso. Mandem a polícia federal. Se os que estão lá não tem coragem ou capacidade para "estabelecer" a ordem, que entreguem os cargos para os que tem. Querem é mais constrangimento para o exército pela sua competência. Agora vai virar moda? E o salário ohhh!

  2. Tenho uma sugestão. Estamos vendo frequentemente os governos estaduais e até federais mandarem os militares das FFAA assumirem o papel de polícia, pacificador(quem diria, heim?), instalador da ordem e paz. Então, que tal os governadores e políticos devolverem o poder aos milicos? Já mostraram que não tem noção do que estão fazendo. Numa época promovem greves contra os outro "companheiros, depois que os outros companheiros fazem greve contra eles, mandam baixar o cae…. são incompetentes, mesmo. e o pessoal da justiça, MPF, MPE, não podem fazer nada? Podem. Mandam os milicos pra lá. eta, enrrascada, sô!

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