Guerrilha: a morte de Alberto Mendes Júnior, na versão de Lamarca

Postagem publicada originalmente em 30 de dezembro de 2009

Texto extraído do “Manifesto da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR)”, setembro de 1970. Nele, o “herói” Carlos Lamarca descreve o “julgamento” e a execução do tenente Alberto Mendes Júnior, um “repressor consciente, que odiava a classe operária”. 
“Marchamos dois dias e duas noites sem dormir, o tenente não agüentava mais andar, por isso paramos (dia 10 de maio). Fizemos várias perguntas ao tenente; ele considerava a derrota como culpa dos soldados, que usavam a farda como meio de vida, que não tinham amor à farda – sobre o seu procedimento no tempo em que serviu no Presídio Tiradentes, declarou que os presos não são gente – sobre a emboscada que montara, quebrando a palavra empenhada, dizia-se traído pelos seus superiores – perguntado por que a Polícia Militar espancava operários e massacrou operários na greve de Osasco, respondeu que grevistas e desempregados são vagabundos, e não respondeu quando perguntamos sobre a miséria que tinha visto no campo, e particularmente no nordeste.
Foi julgado e condenado por ser um repressor consciente, que odiava a classe operária – por ter conduzido à luta seus subordinados que não tinham consciência do que faziam, iludidos em seus idealismos de jovens, utilizados como instrumento de opressão contra o seu próprio povo, iludindo os jovens, ensinando-os a amar a farda, quando deveriam amar o povo – por ter rompido com a palavra empenhada em presença de seus subordinados – por ter tentado denunciar a nossa posição.
A sentença de morte de um Tribunal Revolucionário deve ser cumprida por fuzilamento. No entanto, nos encontrávamos próximo ao inimigo, dentro de um cerco que pode ser executado em virtude da existência de muitas estradas na região. O tenente Mendes foi condenado a morrer à coronhadas de fuzil, e assim o foi, sendo depois enterrado. Não sofreu qualquer violência ou ameaça antes do justiçamento, nem teve as mãos amarradas.” 

Diante de tanta sinceridade, dizer o quê? 

7 respostas

  1. Nesta semana assistimos dentro de nossa casa a propaganda eleitoral do PCB onde vários integrantes, entre eles o cantor Netinho, afirmando que estavam no caminho da implantação de um regime comunista no Brasil. As vezes me mergunto: será que eles realmente sabem o que é o Comunismo? Esse Lamarca não é diferente dos outros comunistas que conhecemos. Fidel, Chê Guevara, Stalin, Lenin, etc… que também perpetraram crimes iguais e até piores do que esse. Só não vê quem não quer. A história está ai para quem quiser tirar a dúvida.

    Cardoso.

  2. 'Não sofreu qualquer violência ou ameaça antes do justiçamento, nem teve as mãos amarradas.' que humanitário '…Mendes foi condenado a morrer à coronhadas de fuzil, e assim o foi…' mas o importante é que ele não teve as mãos amarradas, só foi espancado até a morte. Será que a comissão da verdade vai investigar as mortes de militares nesse período? Creio que não.

  3. O INTERESSANTE é que tivemos várias baixas e nem por isso andamos chorando e se lamentando – GUERRA É GUERRA – não foi um romance esse esse período, não houve mocinhos ou bandidos, crimes foram cometidos de ambos os lados!!!Mas a anistia veio pra isso, PACIFICAR o país, ambos os lados.Agora esses canalhas estão aí tentando reescrever a história COMO SE TIVESSEM LUTADO com os militares pela DEMOCRACIA MENTIRA MENTIRA MENTIRA !!!

  4. Olha, tudo bem que não convém acreditar nos contos de fadas do mundo maravilhoso dos comunistas. Mas vamos pegar um pouco mais leve. O "milagre econômico" da ditadura militar não chegou lá em casa não. A minha vida e a de muita gente só foi melhorar com a entrada do "malvado" FHC no poder. Melhorou mais ainda com a entrada do "malvado" Lula.

    Condenam a ditadura socialistas, mas exaltam a ditadura capitalista.

    Então, na verdade, a luta é pelo capitalismo e não pela democracia.

    Ah. E antes de eu ser atacado por uma "pessoa de bem" capitalista e pró-médici, eu não concordo com a morte do militar da PMESP e não acho o Lamarca (filho da AMAN) um herói. Mas não preciso me esquecer do período de fome do regime militar.

    Aliás, quem se deu bem mesmo na ditadura militar? O povo ou o "povo"?

  5. Ninguém é a favor de execuções de pessoas, sejam "bandidos" ou "mocinhos". Em guerra civíl, pior ainda. São brasileiros contra brasileiros, gostando ou não do regime em vigor. Em guerras todos perdem. Vingança não leva a nada(só dinheiro?). Quanto vale uma vida? Nós precisamos de união, desenvolver o nosso país, resolver os problemas sociais, escola para os jovens, atendimento médico adequado, menos corrupção. Afinal, na política se engole tanto "sapo" para que resultados melhores atendam a todos. Mas, se resolverem julgar a todos que cometeram crimes na "guerra", que se faço com os dois lados, assim todos ficarão contentes, inclusive os sofridos parentes dos desaparecidos.

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