Filhos de militares

Nota do editor:
Eis um texto para ler, guardar e difundir. Recebi pela internet, sem maiores referências, o que não lhe retira o brilho. Parabéns à autora. 

Bárbara Miranda
Todo mundo sabe que os filhos de militares têm uma capacidade quase camaleônica de se misturar ao novo meio, somos geneticamente mimados para gostar de tudo a nosso volta, seja frio, calor, elegância, pobreza, água, seca ou qualquer outra condição física, psicológica, geográfica, climática, financeira, etc…
Para quem está de fora, criticar tudo isso é muito bom, ‘’Os pobres coitados dos filhos de militares não tem amigos e nem laços afetivos com lugar nenhum! ‘’ Os fofoqueiros que me desculpem, mas meus laços afetivos são com o Brasil e meus amigos estão espalhados pelo mundo.
Quantas pessoas podem dizer que tem vivência nacional? Aprender sobre a Amazônia no meio da selva, ouvir os dois lados da história e escolher em qual acreditar, ter orgulho de ver seu pai tentar resolver os problemas de outros países. Quantas pessoas podem dizer que seu herói está dentro de casa? E não adianta um civil tentar se comparar com os nossos capitães, sargentos, coronéis, tenentes… Eles nunca vão entender que você se muda sim, mas que dentro da sua casa, onde realmente importa, nada muda.
Os filhos de militares aprendem a amar a distância, a entender o lado bom de tudo, a montar e desmontar uma casa em dois dias, a acolher até quem morou a vida toda na mesma casa, a conservar bons amigos com o carinho, mesmo sem a presença.
A cidade que você mora pode não ser a melhor de todas, pode até ser a pior, mas dentro de casa, lá sim, está o melhor lugar do mundo e os filhos de militares sabem fazer o melhor lugar do mundo em qualquer lugar, não importa aonde você chegue, dentro da casa de um militar sempre haverá um refúgio de carinho e amizade criado pelos nossos laços com o Brasil e pelos nossos amigos espalhados pelo mundo.
Os militares sabem que suas escolhas afetam a vida de suas famílias e sofrem ao ver seus filhos deixando os amigos, namorados e suas casas para trás, mas compensam suas famílias com uma chuva de amor e cultura. Se engana quem acredita que somos ‘’pobres filhos de militares’’, somos orgulhosos, gratos, felizes, ricos, privilegiados e acima de tudo amados filhos de militares, as casas podem mudar, mas nossos lares são construídos em torno de uma família não de um lugar.
O estilo de vida que meu pai me proporcionou fez de mim quem eu sou hoje, uma aspirante a jornalista com uma bagagem cultural gigante, que pode encher a boca e dizer que viveu e não leu toda essa cultura.
Obrigada Pai por escolher ser militar.

10 respostas

  1. Assistam o video no link abaixo, editado por minha filha Adrielle, sobre a rotina de filhos de militares na distante cidade de São Gabriel da Cachoeira – AM e se gostarem por favor divulguem.
    Grato!!!
    Sergio Couto

  2. É uma pena que brasileiros do norte e nordeste não conheçam o Brasil do sul, assim como os do sul acharem que o norte do país fica só no nordeste. Depois de sair de casa para cursar a querida e honrosa EEar, em Guaratinguetá, e realizar cursos em outras cidades, conhecí um pouco mais deste imenso e lindo país.Depois fui mandado para outro lugar que nem imaginava existir, Belém do Pará, Portal da Amazônia. Me disseram que encontraria só índio. Encontrei pessoas maravilhosas, povo alegre e uma culinária deliciosa. Terra do açaí verdadeiro, vatapá, pato no tucupí, etc. Índio, só na sede da funai ou nas tribos bem distantes da cidade e vale lembrar que são nossos irmãos brasileiros. Lá encontrei uma pedra preciosa, casei com ela e tivemos um filho. Fui transferido para Porto Velho, capital de Rondônia. Não conhecia mas tinha notícias de muito garimpo, violência, muita lama, malária e dificuldades. Encontrei uma cidade média, boa de se morar, com os mesmos problemas das outras e quase nenhum garimpo Na época não tinha um shoping grande como agora, mas tudo tem um lado positivo. Foi lá que meu filho teve muitos amigos de escola da igreja e da vila militar. Gente de todo o Brasil. Longe de nossas famílias, conhecemos outros na mesma e adquirimos boas amizades. Depois de alguns anos, lá vamos nós de novo, de volta para Belém. O filho ficou triste, a namoradinha ficaria, não queria sair. Mas eu lhe disse que ele encontraria seus amigos espalhados pelo resto do país. Eles sairiam dalí mais cedo ou tarde. E aconteceu, encontrou os amigos em Belém cursando Marinha Mercante, no Shoping de férias da AMAN, em curso após concurso em Rondônia. Encontrou muitos outros na EEar quando foi aprovado, e agora ele está em Recife onde encontrou mais amigos ´por lá. Não devemos esquecer que o nosso Brasil é imenso e que podemos plantar a semente de amizade por onde passamos. Isso tudo que passamos, apesar das dificuldades que existiram, nos enriquece a vida pois conhecemos outros brasileiros, gente boa, sotaques diferentes. Provamos o tererê, o chimarrão, dançamos o vaneirão e outras coisa maravilhosas. Quem tiver a chance de conhecer o Brasil que o faça.

  3. O pai da Fátima Bernardes tbm. Penso que devemos fazer de tudo pra que nossos filhos não precisem ingressar nas FAAS, afinal de contas, as próximas gerações não precisam passar o que estamos vivendo.

  4. É bom que se deixe claro que militar que roda muito pelo Brasil o faz em busca, principalmente, de ganhar dinheiro com as diversas movimentações (ajuda de custo, transporte de bagagem, transporte de automóvel, transporte de dependentes, transporte de empregada doméstica de mentirinha). O objetivo de se rodar tanto é fazer o famoso "pé de meia". Falo com a propriedade de quem já está a mais de vinte anos servido no mesmo Estado/cidade assim como vários outros tantos que servem na minha unidade e se encontram na mesma situação. Existem alguns azarados que são movimentados compulsoriamente, mas ainda nesses casos só ocorre uma única vez e depois conseguem retornar ao Estado de origem. Para o militar ser movimentado para mais de um Estado brasileiro diferente do seu de origem, só se quiser, convenhamos.

  5. Me desculpe, não sei mexer nesse blog ainda…

    De verdade não sei se devo começar por aqui, mas sei lá deve fazer algum sentido…

    Resposta de uma filha de militar emocionada por saber que nem todo militar é igual.

    Filhos de militares

    Parabéns Bárbara Miranda, você tem um pai, conserva-o e curta-o o máximo que você puder, porque uma coisa eu posso te garantir: Exceções é que confirmam a regra. Não falo porque vejo de fora, estou tão bem inserida no meio militar quanto você ou qualquer outro filho de militar, sou filha de um, e a capacidade quase camaleônica que tenho de me misturar ao meio se chama educação, e com a mãe que tenho eu teria tido isso mesmo que meu pai fosse um catador no Jardim Gramacho…

    http://feliciabjork.blogspot.com.br/

  6. Achei interessante o comentário. Isso só reforça o entendimento de que os militares, bem como seus filhos, vivem numa BOLHA. Um mundo que somente eles entendem e vivem. Não acredito nisso. Essa retórica de HERÓI é bem contextualizado pelos psicólogos na figura do MANIQUEÍSMO. A eterna luta do bem e do mal, e por estarem fardados e trabalhando numa instituição que precisa levantar esta bandeira para congregar profissionais. Em meio a toda esse delírio coletivo, num bom jargão popular A FICHA CAI quando vão para a RESERVA, ou melhor traduzindo, se aposentam. Aí o contexto muda de figura. Não vestem farda, precisam procurar uma cidade que melhor atenda sua necessidades e o que é pior, PRECISAR SAIR DA BOLHA, para conseguir sobreviver. Mas, ainda se regozijam de uma instituição que pouco pensa por eles.

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