UM COMENTÁRIO EXEMPLAR!

Este texto é de um leitor anônimo e está na área de comentários da postagem O SARGENTO QUE VIROU MINISTRO! , mas merece ser colocado aqui.  A este amigo desconhecido, o meu respeito.
Leia e reflita.
” O problema das FFAA é um só: foi-se o tempo em que havia união e camaradagem, é cada um por si!
NUNCA encontrei, em 30 anos de EB um “companheiro” que REALMENTE se interessasse em ajudar o outro, nem que para isso perdesse apenas 10 min depois do expediente.
Vejam os juízes: se uniram contra o CNJ, não vou entrar no mérito se a causa é boa ou ruim, mas que há união entre os magistrados, certamente há.
Nós não nos unimos por nenhuma causa, durante o expediente só há união “forçada”: em formaturas e para avançar ao rancho.
Sabe, uma vez vi um Sgt adentrar o gabinete do comandante e pedir uma transferência por INTERESSE PRÓPRIO, pois estava há 12 anos(!) na OM e não conseguia sair, e precisava voltar p/ a sua terra natal, mesmo pq a família já havia ido por motivo de saúde dos sogros e ele andava meio depressivo há uns dois anos longe dos seus. O Cel falou que td bem…que ele fizesse o requerimento, que ele encaminhava… Depois que o sorridente Sargento deixou o PC, o Cel mandou chamar o S1 e disse:
“-Quando ele entrar com o requerimento, é sexta seção (lixo), mas vc diz que encaminhou”…
Naquele dia eu cheguei em casa (um PNR), olhei para a minha família, para as crianças que brincavam no parquinho em frente de casa…e tive uma crise de choro… tentava parar, mas não conseguia… fiquei assim por muitos minutos…O Exército, instituição na qual sempre acreditei e dediquei trabalho sério durante décadas, no sentido de uma força coesa, camarada, havia morrido mais um pouquinho ali…uma instituição agonizante, à beira do colapso, foi a visão que me fez derramar lágrimas… o meu trabalho de décadas pouco serviu, pouco efeito se fez sentir, senti-me uma estrela do mar tentando resistir a um feroz tsunami de maldade…senti, pela primeira na vida, após 30 anos de serviço, que vaguei esse tempo todo sem rumo, acreditando que a luz que reluzia à minha proa era um farol indicando a rota a seguir, quando na verdade era uma estrela perdida no horizonte, e inalcançável…pude ouvir o som do vazio, indo contra a física, que diz não ser possível a propagação de sons no vácuo.
O problema é que as instituições são formadas por pessoas, e quando estas são ruins, as instituições também o são…
Que Deus nos proteja em 2012 e que ilumine a cabeça das novas gerações de militares! Que eles sejam capazes de recuperar essas magníficas instituções e a honradez e amor dos homens e mulheres que as integram!”

12 respostas

  1. Faço minhas as suas palavras anônimo companheiro.
    Vejo isso todos os dias na caserna.
    Estou cansado de ouvir falar em camaradagem, espírito de corpo, lealdade e tantos outros discursos politicamente corretos que nós militares revindicamos como nossos legítimos valores, mas na realidade vão de encontro as nossas atitudes.
    Nos auto proclamamos o “derradeiro baluarte”, e até mesmo guardiões dos valores morais, cívicos e de cidadania, quando na verdade navegamos no contra azimute dos mesmos.
    Talvez por que não saibamos em profundidade o significado da palavra “CORRUPÇÃO”, assim como, muitos não sabem o real significado da palavra CAMARADAGEM. ATITUDE é tudo meu amigo! UNIÃO? Conheço só o açúcar.
    Poderia ficar aqui discorrendo e exemplificando dezenas, centenas talvez milhares de situações de companheiros, amigos e até minhas próprias, sob os mais variados aspectos onde os discursos: “O quartel é nossa 2ª casa”, “A família militar” e etc., simplesmente não fizeram nenhum sentido.
    Não vou nem perder tempo em falar sobre casos clássicos: CONCEITO, TAT/TAF, TRANSFERÊNCIAS (Guarnições Especiais: Há casos tão escandalosos nesse biênio 2011/2012, que não preciso nem denunciar é só o camarada dar uma conferida)
    Eu sei, tem coisas que realmente são difíceis, porém, outras é só a tal da “vontade política” (ou seria boa vontade). Não se faz por que não há interesse, preocupação, vontade, camaradagem, espírito de corpo e tantos outros atributos que julgamos ser possuidores.
    Eu particularmente acho que caminhamos a passos largos para o famigerado “END”, com trocadilho, por favor.
    A bem da verdade, as Forças Armadas nunca se preocuparam com o seu principal lastro, o ser humano, o homem, a tropa . Paradoxalmente nunca se esquecem de pintar as fachadas, podar as árvores e aparar as gramas. “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia. Assim, também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia

  2. Em 1991, quando adentrei os portões das armas, ainda como recruta, demorei a perceber tudo que havia deixado para trás, e algumas coisas que perderia, infelizmente, a nossa percepção do mundo real fica dificultada pelo discurso militar sobre, heroismo, lealdade, justiça, camaradagem, etc.
    O sonho em ser um militar exemplar foi perseguido com muita arguidez, asonho em ser militar tornou-se um pesadelo com o passar dos anos, ao perceber a discrepancia existente entre as classes, e me lembrei da proposta que havia deixado para tras, para cursar odontologia na UFMS, besteira minha, desse sonho apenas ficou o militar exemplar, desiludido com a profissão.
    Vi ao poucos meus amigos, que, alguns incorporaram em outras forças "auxiliares" e passaram ser melhor remunerados doque eu.
    Encurtando o discurso, nos dias atuais, o sonho e pesadelo, e meu discurso para os novos recrutas é, estudem e não entrem no Exercito, outras profissões são mais gratificantes em todos os sentidos.

  3. Incorporei no Exército em meados dos ano 80. Naquela época então eu era só orgulho o terceiro filho homem de um total de sete irmãos. Meu avô teve doze filhos, sendo oito homens e eu fui o único que “servi ao exército para aprender a ser homem”. É naquela época era assim, ou você servia ao Exército ou…
    Infelizmente meu pai não viveu o bastante para ver o seu filho “servi a Pátria amada com o sacrifício da própria vida” (juro que pensava que isso era só uma figura de linguagem), mas meu avô sim.
    Eu era muito novo e cheio de energia, como mão poderia deixar de ser. Era um autentico “vibrador”. Naquela época ainda se andava fardado, militar era muito respeitado “”nem pagava trem” (EU AMAVA O EXÉRCITO!!!). Para abrir um crediário na “Impecável Maré Mansa” era só apresentar a identidade, dai o gerente falava assim: “Esse é militar, não precisa consultar não, libera logo o crédito”.
    Alguns anos depois cursei a Escola de Sargento das Armas (EsSA), foi a glória. Meu avô coitado, quase infartou de tanto orgulho , “esse é meu neto” dizia ele.
    Os anos se passaram, “… Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino."
    Felizmente, ou não, chegou a hora da verdade. Era a hora de por em prática todos aqueles ensinamentos que recebi ainda muito jovem. “precisa confiar nos seus chefes”, “os nossos Comandantes estão preocupados…”, “o elo fundamental entre o cmdo e a tropa”.
    Como dizia o falecido Tim Maia: “Cadê o retorno! “
    Acrescentaria ao primeiro comentário o seguinte: Nós não sabemos o significado da palavra JUSTIÇA, tampouco BONDADE. Às vezes somos bons com alguns, mas devemos ser justos com todos.

  4. As Forças Armadas só não entraram em colapso ainda porque não há nenhum conflito bélico à vista em que o Brasil seja demandado a atuar. O dia que tal cenário se apresentar é que veremos quem são realmente os nossos comandantes, aí nós veremos a verdadeira (in)capacidade deles. Comandar tropa ganhando mal em tempo de paz é mole com REGULAMENTO DISCIPLINAR, fazendo loby para influenciar a favor do comando a Justiça Militar e MPM(convidando integrantes p/ viagens ao Haiti, Amazônia, oferecendo medalhas e comendas, convite para festinhas nos quartéis), com direito de associação censurado pelos comandantes (vide APEB), com proibição ao direito de greve… Agora o dia em que o militar da base (praças) estiver REALMENTE encurralado sem alternativa a não ser partir para cima do repressor (p.ex. experimente encurralar um animal, mesmo de pequeno porte para ver o que ele é capaz de fazer p/ sobreviver!) é que veremos do que é capaz o homem desesperado! Por enquanto os comandantes deixam caminhos alternativos para que o animal desesperado não opte por enfrentá-los (vista grossa com os "bicos", meio-expediente, churrasquinhos bancado com carne do rancho, campeonatos esportivos nos quartéis, festinha de final de ano bancada com dinheiro de "química" e com sorteio de brindes oferecidos pelos fornecedores "amigos" dos comandantes etc). O dia em que o militar estiver na iminência de fazer valer o seu juramento é que veremos quem é quem nas forças armadas !!!!

    Celso

  5. Muito bom o texto, me chamou a atenção a expressão “havia morrido mais um pouquinho ali”. Tem alguns episódios que fizeram o Exército morrer um pouco dentro de mim também, vou citar dois:
    1. O dia que ouvi um Gen de Bda citando nomes de coronéis e se gabando por ter dado “carona” neles, isso é de um individualismo atroz, sem altruísmo algum, é o melhor exemplo de quem galgou um posto para simples satisfação pessoal e não para mudar ou acrescentar algo a instituição; e 2. A bem pouco tempo quando logávamos no site do DGP, tinha a opção de ver o efetivo de uma OM com a respectiva data de apresentação de cada integrante, pois bem, preferiram retirar este link do que transferir os militares com muito tempo de apresentação, de determinadas guarnições, BSA por exemplo, como foi feito em várias guarnições, sem entrar no mérito da questão, já que começaram deviam ter praticado esta política em toda guarnição. Feliz Natal.

  6. Percebo que isso ainda acontece. Fomos ensinados a agir sob pressão, e sem pensar. Se não fosse assim que avançaria em meio a uma saraivada de projeteis. Quem ousaria sair de uma trincheira na batalha, ou quem partiria para a guerra num navio sucateado? Mas ha sim camaradagem em nosso meio, ja vi muitos colegas bacharéis em direito orientar outros com problemas, temno visto colegas formados orientar amigos que estão iniciando nas faculdades, vi recentemente uma coleta para um amigo com dificuldades financeiras. Se isso não ocorria antes agora ocorre e, melhor, vai aumentar, vamos ser cada vez mais solidários.
    Robson – do site http://sociedademilitar.com

  7. A desgraça dos praças graduados foi a criação dos "Sgt temporários" e "QE", mas me parece que isso foi planejado por oficiais "populistas", para realmente desestabilizar a classe de sargentos de carreira que, na década de 60, uma quantidade ínfima debandou-se para o comunismo. A grande maioria era super profissional, apesar das condições ruins, equipamentos obsoletos, etc., e isso nos governos militares!!! Hoje vemos temporários e QQEE graduados, até em filosofia…reclamam…reclamam…mas não largam o osso!

  8. O sintoma principal da desvalorização das F.A. está estampado inclusive aqui nestes comentários: Todos com medo e por isso anônimos. Vergonha

  9. Concordo com o texto. Um antigo comandante meu sempre dizia que o Exército é "a instituição em que mais se FALA em camaradagem, e na qual menos se PRATICA!"
    Sábias palavras de um dos poucos comandantes decentes e competentes que tive a sorte de conhecer.

  10. Verdade,camarada de arma!
    Não é novidade as injustiças no meio militar.Algumas esquecemos e vamos em frente ir ,outras,vamos em frente mas não as esquecemos… sobrevivemos.
    A mim me foi negado por meu comandante de companhia licença para ir buscar minha esposa que havia dado à luz meu filho.O meu primeiro sargento de pelotão,ao ver a negativa do capitão,minha tristeza e desapontamento,liberou-me por conta própria(arriscando-se)eu fui.Não esqueço,embora meu filho hoje seja adulto.
    Hoje reformado,começaria tudo de novo,pois ainda encontramos superiores líderes e sobretudo humanos como o meu sargento(Deus o tenha).

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