Exército é acusado de demolir estrutura de imóvel, na área rural de Manaus
Conflito na área da comunidade Jatuarana teria resultado no desmonte da estrutura de uma casa, pertencente a um morador do lugar
SÍNTIA MACIEL
Militares desmontam estrutura de madeira, pertencente a agricultor da comunidade Jatuarana (Euzivaldo Queiroz) |
O agricultor Wilson Gomes Neves, 35, teve a casa destruída na manhã desta sexta-feira (9), por um grupo de oficiais do Comando Militar da Amazônia (CMA). O imóvel estava localizado na comunidade Jatuarana, na área rural do bairro Puraquequara – a 20 minutos de Manaus, de lancha.
O lugar há anos é motivo de disputa entre os comunitários e o CMA. O caso foi denunciado no Ministério Público Federal (MPF/AM).
De acordo com o agricultor, na última quarta-feira (7), três oficiais do Exército Brasileiro estiveram no local, onde teriam feito ameaças a ele e aos familiares, e que o imóvel seria destruído.
“Eles prometeram voltar às minhas terras e que iriam tirar de lá minha casa, minha família, e os bichos que eu crio. Mas em momento algum eles apresentaram algum documento para eu deixar a terra”, desabafa Wilson, que na manhã desta sexta-feira, enquanto denunciava as ameaças à Comissão Pastoral da Terra (CPT), foi informado que os militares estavam na comunidade Jatuara, derrubando a sua casa de madeira.
Há 18 anos morando no local, o agricultor disse possuir tanto o registro definitivo das terras, bem como as escrituras da mesma.
Ao menos 19 comunidades – incluído a do Jatuarana -, estariam envolvidas no conflito de terras com o CMA.
Leia mais:
RIBEIRINHOS REIVINDICAM A POSSE DE ÁREA DE TREINAMENTO DO CIGS
Providências
“O Exército Brasileiro não tem nenhum documento que comprove a posse daquela área, mesmo que tivesse, há 18 anos o agricultor mora no local, e seria necessário um mandado de reintegração de posse expedido por um juiz, para retira-lo de lá”, explica a coordenadora da CPT, Auriédia Marques.
Segundo ela, em março deste ano, durante uma reunião envolvendo representantes do MPF, CPT, CMA e os moradores das comunidades cujas terras são requeridas pelo Exército, os militares teriam se comprometido a não retirar nenhum agricultor do local.
“A proposta feita a época foi a de que a área usada para o CMA realizar os seus exercícios militares seria delimitada”, ressalta Auriédia.
Conforme a coordenadora do CPT, o caso seria denunciado à Defensoria Pública Federal (DPF/AM), além de ser registrado em uma delegacia.
Ainda na tarde desta sexta-feira, uma equipe do CPT retornaria ao local, acompanhando o agricultor Wilson.
3 respostas
Esse exército atual, procuram descarregar suas frustações em quem não tem condições de se defender COVARDIA.
Sr(a) Jonecy Leite,
Antes de postar os comentários seria de bom tom fazer uma pesquisa sobre o assunto.
O Exército Brasileiro é uma das mais bem conceituadas instituições brasileiras.
A área que o cidadão disse morar há 18 anos pertence ao Campo de Instrução do CIGS. E pelas instalações mostradas na fotografia da reportagem é possível notar que a estrutura não tem essa idade mencionada…
Além do que, o cidadão não mostrou nenhum documento comprovando a sua posse do terreno (o que o Exército possui).A área em questão não é de terra devoluta; é uma área utilizada para treinamento militar.
Imagine se o Sr(a) possui um terreno e alguém simplesmente resolve construir um tapiri e tomar posse? Acredito que não iria ter a mesma postura; defenderia a "sua terra" com toda sua força… Isso seria covardia?
Parabéns Jonecy! Você está certíssimo, à área em questão não é devoluta.
Lá quem está invadindo é o CIGS. A área do Jatuarana realmente não é terra devoluta e muito menos selva, lá é comunidade habitada há mais de século, prova disso é o Cemitério de São José do Jatuarana cuja data de fundação é de 1880. Quanto ao campo de instrução que você se refere, é campo santo é o cemitério. Saia do seu conforto e va até o Jatuarana para saber do que você está falando, para não ficar falando por falar, para aparecer e pensar que está fazendo bonito. É uma dica.