GENERAL FALA NO PRIMEIRO ANIVERSÁRIO DO ESTADO MAIOR DA DEFESA

EMCFA – General De Nardi fala sobre os desafios futuros do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas
Estratégia de dissuasão envolverá mobilidade e comunicação integrada entre as forças
Gen De Nardi fala do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas
Gaúcho, nascido em Farroupilha, oriundo da arma de Artilharia com especialização em meios antiaéreos, colorado fanático, membro do Conselho-Diretor do Esporte Clube Internacional, o general-de-exército José Carlos De Nardi deixou a reserva para comandar a estruturação do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA). “Era um desafio ao qual não podia me furtar. Quando recebi o convite, aceitei porque sempre acreditei na interoperabilidade das Forças”, afirmou. Para o general, que recentemente completou 50 anos de serviços prestados ao Exército, o primeiro ano do EMCFA lançou bases sólidas para o futuro de integração na defesa nacional. “Hoje”, ressalta, “não sou mais um oficial do Exército. Sou Marinha, Exército e Aeronáutica.”
Que balanço o Sr. faz do EMCFA em seu primeiro aniversário?
Gosto de usar uma metáfora. Um trem não sai da estação em sua velocidade normal. Sai devagarinho e, pouco a pouco, atinge a velocidade de cruzeiro. Diria que o EMCFA já saiu da estação. Está quase iniciando sua velocidade de cruzeiro. Com o desenrolar de nossa operações, o órgão se tornará cada vez mais conhecido e mais integrado à rotina operacional das Forças Armadas.
O que é interoperabilidade?
É um conceito amplo, que permite que um soldado, na linha de frente, esteja capacitado a se comunicar com um caça da Força Aérea ou a um navio da Marinha. No meu tempo de tenente, capitão, major, na antiaérea, a Força Aérea trazia seus próprios rádios, porque não era possível ao pessoal do Exército se comunicar com os aviões. Na Operação Ágata 1 já empregamos um sistema integrado, que permite a comunicação entre as Forças. Estamos apenas no início, mas seguimos uma tendência mundial.
Qual será a principal característica da defesa do Brasil no futuro?
A dissuasão regional. Temos fartura de energia, renovável e não renovável. Água, no Aquífero Guarani e na Bacia Amazônica. Alimentos, na Bacia Platina e no Sul e no Centro Oeste brasileiro. Riquezas naturais que podem ser alvo de cobiça internacional, nos próximos 20 ou 30 anos. Não se faz demonstração de força contra amigos. Por isso, a dissuasão deve se dar a partir da América Latina, para fora. Essa doutrina foi proposta pelo ex-ministro Nelson Jobim e aprovada por todos os países do subcontinente. Evidentemente, poderá haver crises em algumas fronteiras. A resposta para isso são forças de pronto emprego altamente móveis, prontas para serem deslocadas, rapidamente, para qualquer ponto do território nacional. Nesse sentido, digo sempre que o KC-390 (avião de transporte em projeto pela Embraer) será um meio fundamental para a efetivação de nossa doutrina.
Além do KC-390, quais seriam os outros meios fundamentais?
O KC-390 é uma grande jogada da Embraer, que percebeu um excelente nicho de mercado formado por 1.400 células de C-130 Hercules que chegam ao final de sua vida útil. Além dele, podemos citar o projeto Guarani, um avançado blindado sobre rodas capaz de múltiplas funções, que irá formar a espinha dorsal do Exército, e o projeto F-X2, que visa equipar a Força Aérea Brasileira com um vetor de ponta, seja qual for a aeronave escolhida. Temos também as aeronaves não tripuladas, os Vants. Porém, precisamos ressaltar dois pontos: um satélite geoestacionário multiuso, de comunicações e sensoriamento remoto, e o submarino nuclear. O primeiro será indispensável para o Sistema de Monitoramento de Fronteira (Sisfron) e o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (Sisgaaz). Hoje, dependemos de um satélite estrangeiro. Quanto ao submarino nuclear, devemos lembrar que depois que bastou a presença de um deles para imobilizar toda a Marinha Argentina na Guerra das Malvinas, principalmente depois do afundamento do cruzador General Belgrano.
MD, via defesanet

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