Nascido em Rio Negro – PR, em 29 de julho de 1911, era filho de Max Wolff, descendente de alemães e de D. Etelvina, natural de Lapa-PR. Até os 4 (quatro) anos viveu as tensões da Guerra do Contestado. Aos 5 (cinco) anos, durante a Primeira Guerra Mundial, freqüentou a escola em Rio Negro (PR). Aos 11 (onze) anos já era o principal auxiliar de seu pai na torrefação e moagem de café. Aos 16 (dezesseis) anos passou a trabalhar como escriturário de uma companhia que explorava a navegação no Rio Iguaçu. Nas horas de folga, juntava-se aos carregadores para ensacar erva-mate, carregar e descarregar vapores.
Tais qualidades o elevaram ao comando de um pelotão de choque, integrado por homens de elevados atributos de combatente, especializado para as missões de patrulha, que marcharia sobre o acidente capital “Ponto cotado 747”, ação fundamental nos planos concebidos para a conquista de Montese. Foi-lhe lembrado sobre a poupança da munição para usá-la no momento devido, pois, certamente, os nazistas iriam se opor à nossa vontade. Foi-lhe aconselhado que se precavesse, pois a missão seria à luz do dia. Partiu às 12 h de Monteporte, passou pelo ponto cotado 732 e foi a Maiorani, de onde saiu às 13:10h para abordar o ponto cotado 747. Tomou, o Sgt Wolff, todas as precauções, conseguindo aproximar-se muito do casario, tentando envolvê-lo pelo Norte. Estavam a 20 metros e o Sgt Wolff, provavelmente, tendo se convencido de que o inimigo recuava, estando longe, abandonou o caminho previsto para, desassombradamente, à frente de seus homens, com duas fitas de munição trançadas sobre seus ombros, alcançar o terço superior da elevação. O inimigo deixou que chegasse bem perto, até quando não podiam mais errar. Eram 13:15 h do dia 12 abril de 1945. O inimigo abriu uma rajada, atingindo e ferindo o comandante no peito que, ao cair, recebeu nova rajada de arma automática, tendo caído mortalmente também soldado que estava ao seu lado. Após esta cena, sucedeu-se a ação quase suicida de seus liderados para resgatar o corpo do comandante. A rajada da metralha inimiga rasgava um alarido de sangue. A patrulha procurava neutralizar a arma que calara o herói. Dois homens puxaram o corpo pelas penas. Um deles ficou abatido nessa tentativa. O outro, esquálido e ousado, trouxe Wolff à primeira cratera que se lhe ofereceu. Ali, mortos e vivos se confundiam. A patrulha, exausta, iniciava o penoso regresso às nossas linhas, pedindo que a artilharia cegasse o inimigo com os fogos fumígenos e de neutralização. Os soldados do Onze queriam, a qualquer custo, buscar o companheiro na cratera para onde tinha sido trazido, lembrando a ação que ele mesmo praticara tantas vezes. Queriam trazer o paciente artesão das tramas e armadilhas da vida e da morte das patrulhas. Foi impossível resgatá-lo no mesmo dia face a eficácia dos fogos inimigos, inclusive de Artilharia. O dia seguinte era a largada da grande ofensiva da primavera. O Sgt Wolff lá ficara para que estivéssemos presentes na hora da decisão.
EU VI MORRER O SARGENTO WOLFF
O relato de Joel Silveira sobre a morte de um dos maiores heróis
da FEB, o Sargento Max Wolff Filho, em missão de patrulha na Itália.
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Vi perfeitamente quando a rajada de metralhadora rasgou o peito do Sargento Max Wolff Filho. Instintivamente ele juntou as mãos sobre o ventre e caiu de bruços. Não se mexeu mais. O Tenente Otávio Costa, que estava ao meu lado no Posto de Observação, apertou os dentes com força, mas não disse uma palavra. Quando lhe perguntei se o homem que havia tombado era o Sargento Wolff, ele balançou afirmativamente com a cabeça.
Menos de uma hora antes eu estivera conversando com o sargento. Creio que foi a mim que ele fez suas últimas confidências. Falou-me de sua filha, uma menina de dez anos de idade, que ficou no Brasil. Disse-me que era viúvo e deu-me notícias de que sua promoção a segundo-tenente, por ato de bravura, não tardaria a chegar. E como eu estava recolhendo mensagens entre os homens de seu Pelotão de Choque, já formados para a patrulha de minutos depois, o Sargento Max Wolff pediu-me que também enviasse uma sua. Estão comigo as poucas linhas que sua letra delicada e certa escreveu no meu caderno de notas: “Aos parentes e amigos: Estou bem. À minha querida filhinha: Papai vai bem e voltará breve”. Tenho ainda nos ouvidos, muito vivas, as últimas palavras que escutei do sargento. Um dos soldados lhe pedira uma faca, e ele respondeu, sorrindo: – Voi non bisogna faca. Tedesco não é frango. O sargento saiu com seus homens pelas sebes e ravinas da direita, e nós seguimos para as montanhas do norte, defronte ao ponto que a patrulha deveria atingir. Vimos quando os homens apontaram na terra de ninguém e seguiram cautelosos pela estrada deserta. O sargento havia transformado seus pentes de munição num colar que o sol incendiava. Levava o capacete de aço debaixo do braço e a pequena Thompson apontada para a frente. Nossa artilharia, à esquerda, cessara de atirar, e agora era um silêncio total. O Tenente Otávio Costa me disse: – Não é possível que os alemães estejam ali. O primeiro objetivo da patrulha eram as três casas, a menos de um quilômetro de nós e que os homens do Sargento Wolff atingiram às duas horas da tarde. O grupo cercou os três edifícios arruinados, e o sargento empurrou com o pé a porta de uma delas. Vimos quando ele entrou e fez um sinal para seus homens: novamente as duas fileiras espaçadas voltaram a caminhar pelos campos proibidos. Fazia um sol muito claro e alguma coisa – uma vidraça partida ou um esqueleto de munição – cintilava forte nas ruínas de Montese. As duas e meia da tarde, a patrulha estava a menos de 100 metros do último objetivo a ser atingido: um novo grupo de casas sobre uma lombada macia. O Sargento Wolff deu seus últimos passos à frente. Então uma gargalhada curta e nervosa encheu o silêncio do vale e o Sargento Wolff caiu de bruços sobre a grama. Os outros homens se agacharam, rápidos, e os alemães começaram a atirar, bloqueando nossos homens com uma chuva de granadas de mão e rajadas de metralhadoras. Sacudiram depois para o ar foguetes iluminativos, pedindo fogo de suas baterias, e minutos depois os projéteis da artilharia nazista assobiavam sobre nós e iam explodir no caminho percorrido pela patrulha. O Tenente Otávio Costa indicou posições aos nossos morteiros, e durante mais de uma hora o duelo continuou, um diálogo de fogo. Nossos morteiros rebentavam dois quilômetros além, onde possivelmente estariam localizadas as baterias nazistas, e os obuses alemães rebentavam perto, no chão onde nossos homens continuavam agachados ou nas fraldas do morro onde estávamos com o Posto de Observação. De vez em quando uma rajada de metralhadora cortava o ar, como um vento mau, e ia inquietar os galhos das árvores próximas. Foi um desses leques que raspou nossas cabeças e nos jogou para dentro de um buraco, onde ficamos perto de uma hora. Levantávamos de vez em quando até o parapeito da trincheira, mas os morteiros só davam folga de segundos: escutávamos seu assovio na distância, e voltávamos a nos espremer nos foxholes antes que a exclusão tremesse a terra. FONTE:O Brasil na 2ª Guerra Mundial – Edições de Ouro |
Uma resposta
Para esses bandidos que estão no poder, heróis são che guevara, fidel castro hugo chaves, lula lamarca dilma, e outros bandidos que eles idolatram.