A TRISTE ROTINA DE UM MILITAR DO EXÉRCITO, PAI DE FAMÍLIA, NO RJ

Relato emocionante

Leitor do blog posta sua rotina com soldo achatado

Marco Aurélio Reis
Leitor que o blog só conhece pelos posts enviou um relato que emocionou. Ele conta como está sendo viver no Rio com vencimento líquido de R$ 1.300 e quatro filhos. Em tom de desabafo fala que um dos filhos teve como bolo de aniversário de quatro anos um pão doce com cobertura de creme. Leia abaixo o relato completo:
“Eu antigamente conseguia viver com o que meu governo me pagava, hoje, só a misericórdia de Deus para me manter vivo junto com a minha família. Ganho não mais do que R$ 1.300,00 por mês. e gasto R$ 700,00 com aluguel, porque não tenho moradia própria. Tenho 5 filhos para criar, mais IPTU, água, luz, gás, não tenho carro e vivo andando de coletivos.
Não posso cortar muito meu cabelo para mostrar que sou militar porque podem me confundir com policiais e o resto vocês sabem. Eu não posso andar fardado nas ruas pois me chamam de palhaço. Não posso pedir dinheiro emprestado pois tenho que expor toda a minha vida para poder receber migalhas do governo pra sobreviver.
Para terem uma ideia do que estou passando, semana passada foi aniversário de um dos meus filhos. O menino completou 4 aninhos. Minha esposa foi à padaria, comprou um pãozinho com creme-doce por cima e deu pra ele. Os outros ficaram olhando. Foi o que eu pude comprar para ele com o resto do dinheiro que eu tinha para minha passagem de ônibus. Hoje eu durmo na OM porque eu não tenho dinheiro para o transporte. Fico agoniado dormindo nos alojamentos pensando no próximo pagamento. E isto nunca aconteceu comigo antes. Nunca passei por esta situação tão humilhante. mas seja o que Deus quiser, um dia isto tudo vai acabar, não sei até quando eu terei forças pra suportar tudo isto.
Não quero nem pensar em ficar doente, senão minha família padece, pois não terei a quem pedir pra ajudar. Devo a muitos amigos de trabalho, sem ter onde tirar pra pagar. Sinto estar esgotando o tempo de vocês, mas eu precisava desabafar. (…) Eu só quiria poder voltar o tempo e nunca ter entrado para as Forças Armadas. Quem sabe meu destino não seria melhor, pelo menos um teto para morar eu teria. E com o dinheiro do aluguel que eu gasto poderia comprar um sofá para dentro da minha casa e deixar de sentar em cima das minhas ferramentas guardadas dentro de caixas de isopor.
Ainda falta muito para o próximo pagamento e a minha família espera em casa eu chegar um dia com um saco de compras de uma comida melhor para poderem se alimentar. Muito obrigado pela atenção. Eque deus olhe por mim. Toledo”

Comento:
Este depoimento deprimente poderia ser o de milhares de militares espalhados pelo Brasil, principalmente nos grandes centros. Mas não há o que temer, afinal, “nossos chefes estão preocupados“, não é mesmo?

9 respostas

  1. O relato do leitor pode até ser comovente para outro leitor menos atento e que não conheça a realidade da caserna, eu conheço a realidade da caserna, não sou oficial sou praça. Tal relato está dramático além da conta, R$ 1.300,00 só quem ganha é soldado (jovem militar em início de "carreira") se o tal relato pertence a um sargento ou cabo com certeza ele recebe tal valor por possuir algum tipo de empréstimo descontado em folha, não seria, portanto, o valor líquido pago pela União com os descontos obrigatórios. Ao longo da minha quase duas décadas de quartel me deparei com os mais diversos perfis de militares: militares com poucos filhos, sem filhos, muitos filhos, militares que viviam pedindo dinheiro emprestado, militares que viviam na esbórnia (frequentando termas toda semana, várias amantes, cervejada etc), militares que aparentavam ter boa condição econômica pois faziam "bicos" (pequenos negócios), a esposa trabalhava, tiravam serviço remunerado para outros militares, exerciam alguma profissão paralelamente à de militar etc. Se levarmos em consideração que o dono do "dramático" depoimento seja militar de carreira (no mínimo cabo estabilizado) tal depoimento me parece ridículo e excessivo, pois consideremos os seguintes aspectos:
    1. Ter cinco filhos é opção PESSOAL, não é obrigação imposta pela sociedade ou pelo Estado, logo quem opta por esse número de filhos não pode usar tal argumento para justificar sua fragilidade econômica.
    2. Como disse anteriormente, R$ 1.300,00 só recebe o Soldado ou quem está pendurado em empréstimos consignado (opção pessoal), o autor do drama deveria ter informado o seu rendimento líquido sem os descontos OPCIONAIS;
    3. Tal militar em momento algum afirma ou nega que sua esposa trabalhe ou tenha algum tipo de renda, pelo contrário, dá a entender que somente ele banca a família toda, mais uma vez uma opção DELE;
    4. Ele não informa quanto tempo tem de serviço, mas se entrou a mais de duas décadas, certamente ele foi incompetente na administração de suas finanças, pois os militares começaram a sentir a diminuição de seu poder de compra de maneira mais acentuada nos últimos 15 anos, se durante o período em que se ganhava bem ele não aproveitou…
    Não quero passar a ideia de que os militares estejam reclamando à toa, mas esses "dramas" relatados em vários meios de comunicação, do tipo "não tenho nada na minha geladeira…", "estou passando fome…", "minha família não tem o que comer…", "estou andando com sapato furado porque não tenho recursos…" quando não são clichês beiram o ridículo, pois só se aplicam aqueles militares que não possuem EDUCAÇÃO FINANCEIRA e não mediram as consequências de se ter muitos filhos.

  2. Concordo com o comentário de que houve excesso no relato dos R$1300,00.
    Realmente as coisas estão difíceis, mas sem sombra de dúvida muito melhores do que quando entrei no EB a mais de 20 anos atrás. A idenização de final do CFS mal deu para comprar as fardas obrigatórias, empréstimo ou financiamento para militar, só em sonho, não existia, eu como 3º Sgt levei 3 anos para comprar um carrinho de 15 anos de idade (situação identica a dos aspirantes que chegaram comigo, todos a pé). E ainda pagava exatamente 50% do vencimento de 3º Sgt de aluguel, numa cidade do interior do RS. Aguentei ainda 3 semestres de faculdade que me comiam 40% do vencimento (só algumas cadeiras). Tenho todos recibos guardados, aluguel, água, luz, consórcio, contracheuqes, etc. Quando vejo alguém reclamando assim, mostro como era na época do sarney, collor e FHC. Está ruim, mas já foi muito pior. Graças as minhas opções (transferencias, cursos, investimento na esposa) comprei minha casa própria (casa boa) antes dos 30 anos de idade, hoje tenho um carro zero de mais ou menos 55 mil reais (pago o financiamento tranquilo) e minha filha estuda na melhor escola particular da cidade. Ah, e eu estou terminando curso superior da UNISUL (que também é particular). E minha esposa ganha muito pouco, a renda principal é a minha. Mas isso tudo são opções. Também fiz bobagem, botei dinheiro fora, bebi, comi e dançei. Mas acordei a tempo de agradecer pela profissão que escolhi. Obviamente paguei o preço de servir em regiões inóspitas longe dos parentes e fazer cursos difíceis, sofridos. Mas minha família está feliz e realizada. Só não melhorei mais ainda, por que não tive coragem de aprender ofícios novos ou prestar outros concursos. Torço para que sejamos reconhecidos como mereçemos e para que não voltemos ao que éramos alguns anos atrás.
    Richard.

  3. Discordo completamente desse camarada que fez o comentário acima. Trabalho no SPP da minha OM e a realidade nem sempre é essa. As vezes somos vítimas de problemas familiares ou mesmo por não conseguimos ao longo do tempo administrar esse atestado de pobreza que o EB nos proporciona. No entanto chamar as pessoas de incompetente por estar passando por dificuldades financeira é no mínimo uma opnião preconceituosa. Um abraço!

  4. O relato é realmente comovente… aliás… MUUUUITO comovente… exageradamente comovente…
    Me incluo nos pouquissimos militares que nunca tiveram empréstimos… FAM, POUPEX, isso não me pertence… meu dinheiro quem administra sou eu…
    Filhos, planejamo-los muito antes do casamento, e são dois, um belo casal, 23 e 20 anos, cada qual já fazendo sua vida.
    Como o relato acima, e final de CFS 85, não tinha nem dinheiro pra pagar minha saida de TCS, e com o empréstimo de CAPEMI, no fechar das portas, é que consegui pagar os fardamentos obrigatórios… depois disso a ajuda de custo, que era uma boa grana, mas que de longe se parece a atual, mesmo assim, nunca houvera visto tanta junta na minha vida… casei logo após.. juntamos cuia, bomba, garrafa térmica e fomos fazer nossa vida… devagar e sempre… passados todos esses anos, depois de curso, fronteira, estudo, ADMINISTRAÇÃO… restou uma bela casa, dois carros (populares que sejam), moto, filhos sempre em melhores escolas, esposa formada, eu formado, e agora como oficial… continuo no PEQUENISSIMO ROL DOS NUNCA ENDIVIDADOS…
    Como diz um ex-chefe meu… CADA QUAL COM SEUS CADA QUAIS… e eu, minha esposa, filho e filha, temos a certeza que fizemos, fazemos e faremos sempre o melhor que pudermos… contando com o NOSSO dinheiro… nunca empurrar com a barriga… mesmo porque… aos 47 anos, barriga nunca tive… e não é por passar fome…
    Minha lição para meus filhos, e quem mais quiser ouvir é, façam SEMPRE o MELHOR POSSIVEL…
    Ninguém está livre de problemas, mas usando a inteligência, facilmente poder-se-há saber que, não tem com quê, comprar pra quê???
    Lamento muito pelo colega em má situação, espero que ele resolva, que a familia não sofra… que continue a ter fé, que as coisas podem melhorar… acho que inclusive já está fazendo algo para esse fim… ahhhh… só lembrando… PAGAR INGRESSO PRA VER VASCÃO, FRAMENGO, FRUSÃO… FOGÃO… NÃO DEVE AJUDAR NADA…

    ABRAÇO.
    ROCKE

  5. acho que muitos de voces,que se dizem praças estao com o raciocinio de oficiais,sou praça tambem de 95 sou 2sgt paraquedista reformado,quem sao voces que julgam preconceituosamente um companheiro de farda;pois no momento esta passando por um momento dificil peço a deus que voces nao caiam em uma cama enfermo ou algum faniliar de voces,vamos acordar o nosso soldo esta defasado e nenhum de nossos dedos sao iguais…para mim voces falam com oficiais nao com praças…

  6. Não sou militar e sequer servi ao exército brasileiro, mas tenho muito respeito pelos militares. Salário, soldo, grana etc é coisa fundamental para independência de qualquer pessoa. A cidadania passa pelo respeito e devemos respeitar as forças armadas, sem elas seria um caos. Alguns comentários são inconvenientes, pois criticam um colega de farda em situação delicada financeiramente como se fossem os donos da verdade.Não sou a favor da ditadura militar, tampouco da ditadura constitucional que vivemos, regida por um estado de exceção legalizado pela CF e normatizado por medidas provisórias. EDUCAÇÃO, EDUCAÇÃO, RESPEITO, RESPEITO, é a solução.

  7. sou soldado aqui de Brasília, se o militar antigão com mais de 20 anos de EB tá na dificuldade imagina o moderno de quase 2 anos de serviço, que sabe que só pode ficar 7, mas aqui no BGP? escala é 48, sem falar de missões a todo momento e formatura 3 vezes por semana. Nesse 7 de setembro, quando acabou o desfile fui para o palácio do planalto tirar serviço, sábado estou de novo ( naum que esteja reclamando, pois só o BGP e o Regimento tem a chance de tirar um serviço no motor do governo)três escalas vermelhas por semana, para muitos isso é lenda. para nós é difícil, pois temos que nos preparar para depois da baixa, fazer faculdade? quase impossível, na minha CIA tem 120 soldados, só 2 fazem faculdade porque são baixados…o jeito e tentar fazer cursos na férias, piruar dispensa pra fazer um cursinho semanal. fazemos o previsto e mesmo naum sendo comandos nem guerra na selva somos bons, alguns dos melhores. olha, hoje em dia se naum poupar dinheiro, investir em algo é jangal. mas isso naum é motivo para militares irmão de farda se julgarem.

  8. INFELIZMENTE A MUITO TEMPO DEIXEI DE LER NOTÍCIAS MILITARES, APESAR DE TER MAIS DE 25 ANOS DE SERVIÇO.
    FICO TRISTE E REVOLTADO COM COMENTÁRIOS DESCRIMINATÓRIOS E REVOLTANTES COMO O DOS COMPANHEIROS ACIMA, NÓS MILITARES DEVERÍAMOS NOS UNIR, E NÃO CRITICAR DE FORMA TENDENCIOSA COMO ALGUNS COMPANHEIROS FIZERAM.
    É TRISTE, A MAIORIA DAS CATEGORIAS SE UNEM PARA PODERÃO CAMINHAR JUNTOS EM PROL DE UM OBJETIVO, INFELIZMENTE NOSSA CLASSE É DIFERENTE, GOSTA DE MENOSPREZAR E CRITICAR, PORÉM HOJE SOMOS HUMILHADOS E CRITICADOS E NINGUÉM FAZ NADA.
    ANTES DE CRITICAR, ESSES COMPANHEIROS DEVERIAM LER, E TOMAR CONHECIMENTO DA SITUAÇÃO REAL EM QUE VIVEMOS HOJE, E NÃO FICAR OLHANDO SOMENTE PARA SEUS UMBIGOS.

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